Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

20.11.14

OSCAR NIEMEYER E LÚCIO COSTA

OSCAR NIEMEYER E LÚCIO COSTA

José do Vale Pinheiro Feitosa

O conhecimento é cumulativo até que de repente, num ponto de transição, dá um salto e muda de patamar. Assim como a água que vai acumulando calor até que entra em ebulição e se torna vapor.

O salto no nosso conhecimento acontece o tempo todo. Os de fala inglesa chamam isso de insight, é aquele lampejo da inteligência que de repente compreende algo que estava na fronteira, mas ainda não se havia percebido. A célebre maçã da lenda que na gravidade a jogara na cabeça de Newton.

Vou falar de duas experiências pessoais. Uma com Oscar Niemeyer e outra com Lúcio Costa. No primeiro ano do governo Brizola eu coordenava uma área de controle de doenças e fui escalado pelo Secretário de Saúde Eduardo Costa para ser contraparte da Secretaria de Saúde no Programa de Educação dos CIEPS na ocasião sendo gestado pelo Darcy Ribeiro.

Na primeira reunião com Darcy Ribeiro, cheguei cedo à antessala e fiquei aguardando o Darcy terminar outra reunião. Estava sozinho quando Oscar Niemeyer entrou, sentou-se numa poltrona ao meu lado. E ficamos esperando sermos chamados.

Então com trinta e poucos anos a minha tietagem aflorava naquela oportunidade de ao lado de um ícone brasileiro sofrer a angústia de não dizer nada. Na petulância da mocidade querendo aparecer. Mas a serenidade de Oscar não convidava a esse tipo de tietagem. E foi aí que começamos a falar das nossas matérias ali: a construção dos CIEPS.

Em resumo: o salto de conhecimento a respeito de Niemeyer não foi sua genialidade e menos ainda um traço exuberante de sua personalidade: a criatividade. A nossa conversa, naquele tom um pouco monocórdico dele correu em torno da finalidade e da responsabilidade. Oscar não criava um projeto arquitetônico como arcabouço ambiental, na verdade ele apontava a confiança no projeto pedagógico de Darcy para aí sim criar o ambiente em que o dia-a-dia de alunos e professores iria potencializar o futuro do país.

Niemeyer tinha compromissos com ideias e com projetos de transformações da humanidade. Quando muito se vêm em perplexidade por Niemeyer manter-se um marxista convicto e à espera de um sistema comunista de organização social, não tome como medida a Muro de Berlim e nem o fim da União Soviética. Niemeyer e muita gente mais não pensa o mundo apenas como um aparelho ideológico para se aplicar a toda e qualquer realidade. Ao contrário: eles têm a convicção que era preciso pensar a crise do sistema dominante para que se possa ter um amanhã que seja um salto no conhecimento da nossa realidade. E não se trata apenas da esperança, mas, sobretudo, de remexer os escombros para a matéria do futuro.

Encontrei Lúcio Costa no aniversário de Pierre Gervaiseau, casado com Violeta Arraes. Lúcio já com mais de 90 anos, sentava-se numa cadeira relativamente baixa, junto aos batentes que ligavam a sala a uma área descoberta. Sentei-me nos batentes, ao lado dele, igual companhia não podia ter para aquela noite.

Lúcio Costa não falou de grandes projetos, de grandes realizações. Não posso nem dizer que levantou grandes críticas ao mundo naquela passagem entre o século XX e XXI. Aliás, ali estavam pessoas importantíssimas da história do século XX no Brasil, como Celso Furtado, Luiz Carlos Barreto, Célio Borja entre outros. E a lição de transição de Lúcio Costa foi no sentido que as montanhas da cidade do Rio de Janeiro precisavam retornar às suas dimensões dominantes na paisagem da alma carioca. Os prédios ao escondê-las e ao se erguer diante dos nossos pés como ciclopes de segunda categoria haviam escondido a silhueta histórica da cidade.

Oscar e Lúcio não vagueiam entre a simplicidade e a complexidade, entre a genialidade e mediocridade, entre o lírico e o poético, ambos estiveram no mundo querendo pensa-lo, em suas contradições e no que o conhecimento é capaz para garantir o humanismo como um norte além da selvageria individualista do capitalismo cumulativo.  

José do Vale Pinheiro Feitosa – nascido na cidade de Crato, Ceará, em dezembro de 1948, morando no Rio de Janeiro há 34 anos. Médico do Ministério da Saúde. Publicou o Romance Paracuru em 2003. Assina matérias em alguns blogs e jornais. Em literatura agita crônicas, contos, poesia e ensaios de temas variados. Gosta de pintar e tem alguns trabalhos de escultura. Colabora no Blog da Cidade do Crato.

15.11.14

PREFERÊNCIAS MUSICAIS E VIDA ACADÊMICA

Bolsista de iniciação: Escuta MPB. São os primeiros passos na vida científica. A vida é maravilhosa.





 
Bolsista de Mestrado: Escuta musica POP. Está completamente empolgado com o que faz e quer ser o melhor na sua área.



 



Bolsista de Doutorado: Escuta Heavy Metal. O dia começa às 8 da manhã e só acaba às 10 da noite. Nada dá certo e ainda tem que lidar com resumos para congressos, relatórios, disciplinas, paper para escrever, orientar os ICs, etc, etc...



 
Bolsista de Pós-Doutorado: Escuta HIP HOP. Aumento de peso por causa do estresse. Percebeu que não pode salvar o mundo, mas isso não lhe importa, porque ainda assim continuam pagando um salário a ele. E os papers? Se sair algum, beleza, se não, tudo bem. Sempre existe a oportunidade para encaixar alguma revisão de literatura.

 
Professor Doutor: Escuta Gansta Rap. O senso de humor mudou totalmente daqueles dias de iniciação. As dores de cabeça são mais frequentes e começa a esquecer as coisas que foram faladas. Vive a base da cafeína. O melhor (?!) é que ninguém pode te criticar.


 
Professor Titular: Escuta vozes em sua cabeça. Esquece dos horários das reuniões, dos dias da semana, dos trabalhos de seus alunos...






6.11.14

EU O POETA E O MENINO

 EU O POETA E O MENINO
Por
Dalinha Catunda 
 *
Aquele antigo sobrado
Que eu via e achava belo
Mais parecia um castelo
Onde tudo era encantado
Onde um poeta afamado
Cheio de sonhos vivia
A musa e a fantasia
Povoavam sua mente
Ali plantou a semente
E viu brotar poesia.
*
O antigo casarão
Inda hoje me fascina
Guardo no olhar de menina
O castelo com emoção
Saudosa recordação
De um poeta inspirado
Que ali viveu no passado
Falando de pirilampos,
Das borboletas nos campos
E do luar prateado.
*
Nesse castelo encantado
Eu conheci um menino
Com seu jeitinho ladino
Ele sentava ao meu lado
Com o violão afinado
Ao cantar me seduzia
Era tamanha a magia
Que de cantiga em cantiga
Fui ficando sua amiga
E ainda sou hoje em dia.
*
O castelo ainda me encanta,
Esta no céu o poeta.
O menino tem sua meta
Tanto compõe como canta
A minha emoção é tanta
Pois sei também versejar
Quero minha terra cantar
Mostrar o meu universo
Cantando em cada verso
Como meu mestre mandar.
*
Neste texto presto minha homenagem ao poeta Costa Matos
E ao cantor e compositor Carlitto Matos.
Texto e foto de Dalinha Catunda
 
Carlitto Matos com a mãe, Alderi

Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

2.11.14

PENSANDO NOS QUE SE FORAM

Foto da professora Therezinha Isaia Paviani com o marido professor Aldo Paviani

PENSANDO NOS QUE SE FORAM
Por Affonso Romano de Sant'Anna

Crescem os vazios ao meu lado.

Poderia me desesperar.
Estou cercado de presenças
que se foram. Dissolveram-se
mas estão pulsando em mim.

Cheia de ausências, a cidade
movimenta-se em ruas e casas.
São como os livros na estante
que abrem se solicitados.

Uma multidão anda comigo
e ninguém vê.
Em mim se acomodaram
e pedem abrigo.

Carrego essa riqueza sem destinatário.

Não sou um, sou vários.

 ***

Nota do blog: este poema de  Affonso Romano de Sant'Anna foi postado hoje pela manhã pelo professor Juan Jose Verdesio Bentancurt da FAV-UnB como tributo à professora falecida Therezinha Isaia Paviani.