Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

Minha foto
Nome:
Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

17.7.14

A Mentira das Aparências Sensoriais


Louvação a André Breton
(A Mentira das Aparências Sensoriais)

Por
José Costa Matos

A flor, o mar, o rosto de meu filho,
pão na mesa, o retrato de meu pai,
o circo, a vaca a olhar o pé de milho,
o azul da serra, a névoa que se esvai;
a igreja, o sino, o padre, o mapa, o trilho
sob a pedra que finge, mas não cai;
a pupila estrangeira do andarilho,
a carta sem razão que já não vai;
judas, a queima, a Festa de Aleluia,
meus banhos de menino, a grota, a cuia,
bênçãos brancas da preta Juliana ...
Nada disso, em verdade, eu vi no mundo!
Faltou-me a luz e aquele olhar profundo,
 mais forte que a ilusão da raça humana!

***

Na foto, do acervo do filho Carlito Matos, o poeta Costa Matos almoça com seus familiares. 
Este poema foi musicado por Carlito Matos, engenheiro, compositor e cantor.


José Costa Matos nasceu no dia 29 de outubro de 1927, em Ipueiras. Formado em Letras Anglo-Germânicas pela Universidade Federal do Ceará (UFC), ensinou em diversas instituições de ensino em Fortaleza e no Interior, além de ser funcionário público do Tesouro Nacional. Também fundou em sua cidade natal a Escola Normal Rural e o Colégio Otacílio Mota. Era casado com dona Maria Alderi Moreira Matos. Quando faleceu em 2009 deixou quatro filhos e sete netos.
Autor de vários livros de prosa e poesia, em que o sertão se configurava como paisagem principal, ele ocupava a cadeira número 29 da Academia Cearense de Letras (ACL). Ganhador de diversos prêmios no Ceará e em outros estados, também era sócio honorário da Academia Fortalezense de Letras. Costa Matos ocupava o cargo de 1º vice-presidente da Academia Cearense de Letras na gestão de Pedro Henrique Saraiva Leão.

14.7.14

UM TÍTULO ADIADO

Por
Bérgson Frota

Termina a Copa.
E o Brasil não conquistou o tão sonhado sexto título, este não mais o primeiro, mas novamente disputado em seu território.
Chorar, lamentar, procurar um culpado ? Não.
A seleção brasileira tinha a sua frente seleções melhores, é duro, mas é a realidade a ser aceita.
Sejamos frios, deixemos de lado a nossa tão pesada herança emotiva. O Brasil, representado por sua afamada seleção não fez jus a merecer o título, é só.
Devemos renovar nossas esperanças, outros títulos hão de vir. Até em Copas onde os nossos talentos serão maiores e muito melhores.
Viva o Campeão. Viva o quarto título da Alemanha, que merecidamente o fez por conquistar, ao Brasil nossas maiores esperanças.
Torci como a maioria dos brasileiros até o fim, até pelo terceiro lugar, não desisti. Como muitos cumpri minha missão de torcedor.
Concluo esta pequena mas pungente crônica com uma reflexão.
Quando em 1950 perdemos, não havíamos ainda conquistado sequer um título, e que grande tristeza foi a dos nossos compatriotas na época.
Hoje novamente numa Copa realizada no Brasil, o título não nos veio, mas nossos cinco títulos conquistados depois daquela triste final há sessenta e quatro anos passados vieram e ficaram, e nas futuras copas serão somados a outros, pensemos a consolar-nos desta forma “foi apenas um título adiado”.
Que as esperanças sejam renovadas, não tarda e a Canarinho há de voltar a brilhar !
                                                                                    
Crédito da foto : globoesporte.globo.com


Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

5.7.14

O RENASCIMENTO DE UM SANTO MONUMENTO

Por
Bérgson Frota


Iniciou-se na manhã do dia 16 do mês de junho deste (2014), a urbanização do horto do Cristo Redentor de Ipueiras, o “velho monge” tão bem citado numa poesia do inspirador, poeta e escritor Costa Matos.
Fato de grande importância, já que as obras darão ao monumento, inaugurado em 1943, uma nova vida.
Pela maquete animada simulada por computador, haverá uma nova base à estátua. De cor enegrecida, talvez pedra lisa a lembrar ébano, atrás um jardim, bancos e um restaurante, uma nova estrada asfaltada, luminárias  uma descida mais ampla de degraus.
A beleza da cidade será melhor desfrutada e também a do Cristo que receberá uma modernização em sua base.

Esta obra iniciada com a boa vontade do ex-prefeito Raimundo Melo Sampaio (diga-se de passagem um grande prefeito), preocupado em tirar antenas de celulares e parabólicas que enfeiavam o monumento, não se falta a verdade já batalhando pela verba da obra que ora se inicia, e agora continuada pelo seu sucessor Raimundo Nonato de Oliveira, são motivo de parabenização a ambos edils, afinal o que hoje se realiza era um anseio de há muito da grande, rica e progressiva população de Ipueiras.


Foto : site - www.ipueiras.ce.cov.br





Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual. 

4.7.14

UMA LEMBRANÇA ETERNA

                               


 
                                  
Por
Bérgson Frota

A desclassificação da seleção do Chile, uma das melhores já surgidas depois de muitos anos pelo Brasil, gerou um fato que ainda não havia ocorrido, ou pelo menos registrado nas histórias curiosas do futebol.
O atacante chileno Mauricio Pinilla, que no jogo fez proezas dentro e fora do campo (chegando a acusar o diretor de Comunicações da CBF, Rodrigo Paiva, de tê-lo agredido com um soco no rosto), na disputa dos pênaltis, após perder seu chute, que para nossa sorte bateu no travessão, fato que se gol, eliminaria o Brasil, decidiu tatuar nas costas o lance para eternizar o feito, chamada por ele sua “marca de guerra”.
No desenho vê-se a bola já chutada e atingindo o travessão da trave do Mineirão, embaixo a frase em inglês “um centímetro para a glória”.
De fato, se àquele chute entrasse, o Chile se classificaria, impondo ao Brasil sua pior derrota em classificações em Mundiais, até porque nem a final disputaria.  
Sorte nossa, mas pensando bem, não vamos desmerecer as defesas fantásticas de Júlio César e os gols bem batidos por nossos grandes jogadores.  
                                                                                     

                       Crédito da foto : www.otempo.com.br

Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual. 

NANÃ CAPÊTA

Por
Carlito Matos
Até onde a memória pôde me levar, hoje acordei pensando nela. Juliana. A minha Nanã. Pequenina. Pele escura. Cabelos grandes e ondulados. Boca pequena. Cachimbo em um dos grandes bolsos do surrado vestido de chita. Meus pais viviam um terrível drama com a doença do irmão Rui, acometido pelo terrível calasar, contraído através de um besouro. Morávamos em Ipueiras, àquela época com pouquíssimos recursos médicos, o que obrigava as idas e vindas dos pais a Fortaleza, em busca do tratamento para o Rui. Não havia tempo para cuidar dos outros quatro. Eu, Lalu, Tereza e Ana Elza. Nanã " botava " água para os potes do casarão. Descia aos Barreiros e tirava das cacimbas a água de beber, cozinhar e tomar banho. Subia o morro com a lata na cabeça, protegida por uma rodilha de pano. Fazia isso várias vezes por dia. Da tarefa tirava o sustento da família, na pequenina casa da Rua do Arco de Nossa Senhora de Fátima.
Eu tinha uns cinco anos de idade quando fui adotado pela Nanã Capêta, apelido herdado do marido Cesário, homem que tomava porres homéricos e fazia frequentes visitas ao inferno, contando depois, em altas rodas, seus encontros com Satanás e pessoas ilustres da cidade, já falecidas. Pressionado por familiares de um dos citados, não perdeu tempo. NUM DIXE QUE VI O CUMPADE FULANO. DIXE QUE PREGUNTARUM POR ELE...!!!
Eu era louco por ela. Me dava banho, me vestia. Fazia a minha própria comida e ficava ao lado me olhando. Come, menino! Olha essa magreza! Tu fica cálido! Passei a ajudá-la nos transportes da água, seguindo-a aos Barreiros, riscando o chão com um garrancho de marmeleiro. Logo ganhei dela meu cavalo-de-pau, tirado da carnaubeira perto rio Jatobá. Sem os espinhos, dois cortes na base e um cordão. Pronto. Meu cavalo me levava pra cima e pra baixo. Seguindo os passos da Nanã e seus rastros d'água, deixados pelo balanço da lata sobre o frágil corpo.
Na sua humilde casinha, comi a mais gostosa das comidas. Feijão, toucinho e farinha. Amassava a mistura entre os dedos e me entragava um capitão. Uma verdadeira iguaria. Sem comparação. Tomava café com rapadura e farinha. Outra delícia. Na minha casa não tinha aquilo. Pra completar a merenda, ia comprar brôas feitinhas na hora pelo Olegário. 
Meu irmãozinho Rui não resistiu à doença e faleceu um ano depois. Mas a Nanã continuou minha segunda mãe até meus 11 anos de idade, quando fomos morar em Santos, São Paulo, por conta de um concurso pra Alfândega ( hoje Receita Federal ) ganho por meu pai. Primeiro lugar em todo Brasil. Voltamos um ano depois. 1963. Porém pra Fortaleza. 
Passava minhas férias de meio e fim de ano em Ipueiras. Sempre encontrando a Nanã, já velhinha e doente. -Meu fi me dê um dinheirim peu comprar uns cachetes pra mim. Tô tão doente.! Em 1980, em lua-de-mel por Ipueiras, a vi pela última vez. Acho que tinha uns 80 anos e realmente estava em estado de alta fragilidade. Me abraçou tanto! Me desejou tanta felicidade!
Pouco tempo depois, Deus a chamou. Morava em Uberlândia, Minas, quando minha mãe me telefonou com a notícia. Havia sonhado com ela dias antes. Fumando o seu cachimbo e me pedindo uns trocados pra comprar cachete. Não a esqueço nunca e a cada pensamento eu mais entendo o que é amor verdadeiro. Cuida de mim até hoje e me ajuda a procurar ser cada vez melhor. Porque ela foi a pessoa mais importante da minha vida. 
Um beijo, Nanã. Capêta.


Foto: museu de Ipueiras com as fotos das personalidades históricas da cidade





Carlos Maria Moreira da Costa Matos (Carlito Matos)É ipueirense, filho do poeta ipueirense José Costa Matos e da ipueirense Alderi Moreira da Costa Matos.  Carlito  formou-se Engenheiro de Pesca no primeiro semestre de 1976, na Universidade Federal do Ceará, foi pesquisador da SUDEPE em Brasília e superintendente do IBAMA no Ceará na virada do milênio. Dedica-se hoje também à música e à poesia. Para o crítico Paulo Eduardo Mendes, Juiz de Direito e jornalista, “Carlito Matos é um vitorioso no campo das escalas musicais. Músico de escol patrulhando temas de vocalização capaz de honrar sua gleba. 

3.7.14

UMA SAUDOSA LEMBRANÇA

Por
Bérgson Frota

Completaria neste dia quatro de julho os cinqüenta anos de casamento do casal, acima.
Quis a boa sorte, pois assim devemos sempre dizer, que “Ele”,
Jeremias Catunda Malaquias, meu genitor partisse em agosto de 2009.
Deixou lembranças, saudades.
Meu pai só foi orgulho para mim e minha família.
Eu que o conheci, ouvi seus medos, frustrações, alegrias e tristezas, sei de sua grandeza.
Seria “Bodas de Ouro”, hoje Ruth Frota Catunda lembra o companheiro, não lamenta sua ausência, e sim agradece a sorte de ter tido como esposo alguém que sempre lhe amou, respeitou e acima de tudo soube reconhecer sempre seu valor.
Aos meus pais uma  Bodas de Ouro espiritual, de coração, de alguém que não lamenta a ausência do pai, pois o tem sempre presente na mente e alma.


Foto : acervo fotográfico do autor.


Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.  

2.7.14

RAINHA DA RAPADURA

Por
Dalinha Catunda

*

Não era nem cinco horas
O galo longe cantou.
O canto de outros galos
Se alternando me acordou
E um coro de passarinhos
Cantando o dia saudou.
*
Na rede me espreguicei
Senti o café cheirar
Juntei os pés levantei
Mas não sem antes rezar,
E agradeci pelo dia,
Que começava a raiar.
*
Um alpendre, uma rede,
O amanhecer no sertão,
Um velho rádio tocando
Como dita a tradição
Não é apenas saudade
Que trago no coração.
*
Pois eu tenho meu ranchinho,
E por ele tenho paixão.
Rainha da rapadura
Me sinto naquele chão.
E quando a saudade aperta
Eu volto pro meu sertão.
*
Esse rancho minha gente,
Fica na minha Ipueiras.
Pras bandas do Ceará,
Com o Piauí tem fronteiras
A brisa da serra grande
Deixa as noites prazenteiras
*
Quando a lua sertaneja
Chega prateando a serra,
Totalmente embevecida
Dou vivas a minha terra,
Que encanta o meu olhar
Na beleza que se encerra.
*
Texto e foto de Dalinha Catunda
Fotos no sítio Cantinho da Dalinha em Ipueiras

Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio (cantinhodadalinha.blogspot). É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

Caro leitor, vão mais estes versos da mesma poetisa como cortesia do blog (antes do jogo com a Colômbia)  rsrs

ACORDA BRASIL!
*
O Brasil vem se arrastando
E eu querendo acreditar
Mas o bom senso me diz
Que não devo me animar
Pois com esta seleção
Desculpe-me Felipão,
O Brasil não vai ganhar!
*
Não estou torcendo contra
Também não sou pessimista,
Contudo vendo este time
Não posso ser otimista
Não sei bem se Felipão
Enganou-se na armação
Ou na escolha da lista.
*
Até agora o Brasil
Contou mesmo com a sorte
É assim que a seleção
Vai escapando da morte
Não adianta ter fé
Porque sem garra e sem pé
O Brasil fica sem norte.
*
Acorda Brasil, acorda!
Mostra que sabe jogar
A torcida é camarada
E gosta de festejar
Tire esse pé do chão
Alegre nossa nação
Faça a camisa suar.
*
Versos de Dalinha Catunda