Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

7.9.11

Coisas Engraçadas de Não se Rir XII: Literatura Para Quem?


Raymundo Netto
Especial para O POVO Fortaleza-Ce 07.09.2011

Nunca gostei ser chamado, ou às vistas, de intelectual. Claro, o criar, como o escrever, é ação intelectual, pois de empregar mente e espírito. Por outro lado, quando o intelectualismo prima da racionalidade em despeito às emoções, perde para mim toda a graciosidade. Prefiro vejam-me artista, é como me gosto ser, mesmo apoucado, aprendiz, seja como for ou quiserem. A arte, cuja matéria-prima é a palavra, esta sim, me apraz.

Os intelectuais, forma geral, são por demais atentos, leem de tudo e escrevem sobre, discursam, trocam ideias, confabulam, e pela humanidade da qual não escapam — embora uns ambicionem emergir a ela em sobranceria estomacal — glorificam-se de deléveis vitórias em debates cerebrais. O mundo precisa deles, não resta dúvida, mas longe de mim, dessa forma não sou e anuncio, resultando em estranhamento, até em antipatia, por alguns a entenderem como arrogante o meu desapego à honraria que sequer mereço nem faço questão.

Confesso: não gosto de ler de tudo; por das vezes, escapo-me às leituras recomendadas. Dias há a desligar-me de todas as coisas do mundo: política — atemoriza-me a visão de fotos em acenos sorridentes cuja legenda traz a palavra “aliança” —, economia, conflitos mundiais e da violência — páginas de nunca ler nem assistir, bastantes as de me chegar involuntárias.

Enfim, sou apenas assim, ligado a saber mais, e não só, das coisas do âmago das gentes, de suas vidas corriqueiras, das coisas engraçadas de não se rir, ou mesmo daquelas de se lascar de rir, mas de íntimas humanidades, folhas de não se deixar levar ao vento.

Outros há que fazem pirotecnia da sua literatura. Escritores de preferir — e precisar malsofridamente — o apavonado reconhecimento de intelectual. Acham-se cultos, no sentido erudito — quase exclusivo — do termo, e escrevem com monotonia ou ilegibilidade, em experimentalismos a acobertar-lhe a ausência ou excessos de conteúdo pelo garimpo artificial do vernáculo. Curiosamente, se enfurecem com o não reconhecimento de seus palavrórios a deixar o leitor a ver navios, isto é, se inda conseguir proporcioná-lo ao menos esse deleite.

Sou livre: não leio nada que não seja do meu gosto. Dou-me sempre, porém, a chance de arriscar ou de surpreender-me — felizmente, muito acontece. Não sou ensaísta, resenhista, nem crítico. Leio por gostar e pouco me impressiona assinatura de autor. Na minha simples, talvez ignorante, visão das coisas, conheci picassos que não deixaria enfearem minhas paredes.

Acho lindo quem sabe de cor poemas inteiros, frases marcantes, nomes de personagens e títulos de livro. Tenho vários amigos queridos de ser assim. Adoro escutá-los e aprendo com eles. Eu, pobre desmemoriado a não saber nem do número do próprio telefone, sem pressa de publicar ou de me chegar onde não sei, por aqui, atrevo-me em perigoso direito de pensar alto. Entre tantos, na primeira vez de ler “Os Maias”, quanto mais eu o lia, mais ânsias me tomavam. Motivo? O livro precipitava uma conclusão. Passava dias a deixá-lo quieto, de canto, diante do temor de encarar o instante do cerro da quarta capa, tão companheira e bela me era a sua leitura nos dias chatos, enjoado que sou, de quase todos os.

Raymundo Netto. Contato: raymundo.netto@uol.com.br

blogue AlmanaCULTURA: http://raymundo-netto.blogspot.com


Raymundo Netto que vez ou outra se lembra do mundo grande, é escritor, apaixonado nem sabe o porquê por Fortaleza, e a ela dedicou o romance Um Conto no Passado – cadeiras na calçada e mais algumas horas.

4 Comentários:

Blogger Jean Kleber disse...

De volta, embora sempre esteja presente ao enviar seus belos textos, o estilo inconfundível de Raymundo Netto está novamente à disposição de nossos leitores. Desfrutem. Obrigado, amigo.

7.9.11  
Anonymous Alpiano disse...

Muito bem, Jean Kleber, embora ele não queira ser chamado de intelectual, mas o é! Adoro ler um texto como esse pintado com o pincel da intelectualidade. Obrigado pelo presente, Raymundo.

9.9.11  
Blogger Dalinha Catunda disse...

Olá Jean,
Amei o texto de Raimundo Neto, muito bom mesmo, penso como ele.
Um abraço,
Dalinha

12.9.11  
Anonymous Anônimo disse...

O INTELECTUAL de verdade é assim como você, que não precisa ser dito para ser reconhecido, basta que seja. Adorei seu texto. Abraços. Ângela R Gurgel

3.10.11  

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