Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

2.3.11

AS ESTÁTUAS DO PASSEIO PÚBLICO

Por
Bérgson Frota


Era feriado, dia de sol e calmo.
Preparei-me para minha “missão”, com uma máquina digital na mão dirigi-me para o Passeio Público, antiga Praça dos Mártires.
Resolvi tirar esse feriado para fotografar as belas estátuas neoclássicas que depois das chuvas deviam estar cercadas de verde vivo.
Parei na Barão do Rio Branco ao lado da Santa Casa de Misericórdia.
O céu nada de ameaçar chover. Estacionei num lugar seguro e para minha surpresa, movimentado.
Um garotinho moreno, tostado pelo sol, com uma pequena toalha no ombro aproximou-se e negociou a vigilância e de “brinde” me convenceu também a limpar o carro. Não ia sair caro, afirmou.
Concordei sem discutir.
A praça estava quase vazia, no centro, verde e cada vez mais chamativo o baobá, plantado pelo ilustre Senador Pompeu em 1910.
Algumas damas de rua e desocupados espalhavam-se pelo logradouro. A vontade me deu coragem e abri um dos portões adentrando a praça.
Vi desapontado várias colunas de base vazias. Estátuas todas importadas da Europa, sendo aos poucos e de forma silenciosa saqueadas. Um garoto me disse que era de encomenda, é só dizer que é da prefeitura senhor, e ninguém faz nada para impedir.
--- Não levaram ainda o baobá ? Falei em tom irônico.
--- O que senhor ?
Apontei para a árvore, o garoto não sabia o nome da árvore africana que muitos inclusive eu, conheci primeiro há tempos atrás lendo O Pequeno Príncipe.
Contei para ele sobre a origem da árvore. Ele ouviu fingindo interesse, e se dispôs rápido a me mostrar o que restava das estátuas.
Decepcionado com o número de colunas de base vazias, tirei as fotos, dei-lhe uma gorjeta, e saí rápido pois o lugar há muito tempo não inspira segurança.
Paguei pelo estacionamento e o “polimento” brinde do carro.
Desci a rua em direção a Av. Castelo Branco.
Com as imagens conseguidas e arquivadas na memória digital da máquina, senti uma tremenda frustração por não ter conseguido as fotos de todas as belas estátuas outrora por mim antes admiradas, e hoje não mais a embelezar a praça que como destino certo, não havendo providências sérias a serem tomadas não tardará a perder as que por sorte ainda lhe restam.

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Foto 1: Estátua de Apolo, roubada ou desaparecida
Foto 2: Coluna em que ficava a estátua sumida

* No Passeio Público atualmente se encontra várias colunas de base sem as respectivas estátuas, uma tristeza para nosso patrimônio.


Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

5 Comentários:

Blogger Jean Kleber disse...

Oportuno e bem escrita crônica sobre o descaso com o nosso patrimônio cultural. Parabéns, professor!

2.3.11  
Anonymous Lana disse...

Uma pessimista perspectiva em relação ao nosso patrimônio cultural, parabenizo ao autor que em sua rota foi inspirado a escrever este texto denunciativo.Espero que as autoridades o leiam.

3.3.11  
Anonymous Lucianna Lins disse...

Maravilhosa denúncia, e isso é o que vemos,se não tomar-se providência séria, logo só teremos os altares vazios de nossas igrejas também. Parabéns ao autor.

3.3.11  
Blogger Dalinha Catunda disse...

Olá Bérgson,
É triste ver o vandalismo e o descaso de mãos dadas destruindo a história de um povo.
Parabéns pelo oportuno texto.
Um abraço,
Dalinha

9.3.11  
Anonymous Lucas Benonni disse...

Um patrimônio rico, dilapidado sem que o povo tenha a riqueza de saber preservá-lo.Um artigo denunciador, parabéns.

10.3.11  

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