Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

19.9.10

TUA SEGUNDA POESIA

Por
Bérgson Frota


Era uma segunda-feira nublada, e o vento frio anunciava a chuva pesada que se enfeitava e rápido em ventania aproximava-se.
Lembrei da carta que iria te enviar.
Já pronta, faltando fechar e no correio como de costume, selar e postar.
Ia nela uma poesia tua Dália, publicada no jornal domingo.
Imaginei tua surpresa ao recebê-la.
Que te daria a alegria primeira de quem cria e tem seu trabalho divulgado, lido e valorizado.
Falava de amor àquela poesia ?
Confesso já não mais lembrar.
Sei que falava de sentimentos.
A nos tocar a alma, como sempre foi a característica de teus versos, a mexer de forma mansa, suave e viva no mais íntimo do ser.
Lembro da fidelidade que deitavas nas rimas, e os sutis e pequenos detalhes a esconder-se entre as quadras, como se guardassem a essência divina da totalidade da poesia.
Não sei dizer-te se trazia a gravura de uma flor a acompanhá-la. Mas a flor, se não ali estava, tuas linhas a desenhavam no conteúdo que ditavam, pela simples e rica descrição detalhada dos sentimentos postos.
Quase uma semana depois, recebi tua resposta e agradecimentos.
Guardei-a para abrir e ler no fim do dia.
Era uma noite de lua cheia clareando todo o céu.
Quando abri tua carta, lendo tuas notícias, agradecimento e descrição de tua alegria, fiquei surpreso, pois nela vinha outra bela poesia.
Dizia-me tu :
“Quando puder a envia amigo, eu aqui espero, a contemplar o Corcovado no alto, e as estrelas que sempre me inspiram cada vez mais. Aí na capital alencarina, tu tens em mãos todo o meu afeto e gratidão."
Não te falhei, e logo se publicaria a tua segunda poesia.
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Figura: site dith.cm.nom.br/poesias/poesias.htm
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Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

8.9.10

DESENCANTO

Por
Gonçalo Felipe


Já gritei aos sete cantos
Já falei com os meus cantos
Já te mostrei com os meus prantos:
Mil palavras de amor
Já andei sonhando na rua
Já pedi ao sol e a lua,
Calor e frio pro meu verso.
Contornei o universo
Nos meus sonhos tão diversos
Implorei por o teu amor
Já dei nó em pingo dàgua
Afoguei as minhas mágoas
Numa torrente de emoção
Até tomei carraspana.
Agora fiquei de cama
Vi que nem tudo são flores
Quero curar-me das dores.
Física e do coração.

Fora de mim paixão!
Maldita paixão!!

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Foto das Ninféias: site google.com.br

Gonçalo Felipe é o prestigiado poeta de Nova Russas que nos brinda com poesias sobre nós, sobre Ipueiras, sobre nosso pé de serra, enfim sobre a vida de todos nós.
Nota do blog: o poeta Gonçalo Felipe está momentaneamente convalescendo de um acidente com fratura mas continua firme em sua missão. Ao amigo, o blog Suaveolens deseja pronto restabelecimento.

4.9.10

UMA NOITE DE PHOLHAS

Por
Luiz Alpiano Viana

Encantado, cantei à Jovem Guarda. À noite, ao som de Renato e Seus Blues Caps, The Fivers e Os Pholhas revivi os anos 60, 70 e 80. Essa foi a melhor fase da música popular no Brasil. Quem viveu esse período observa nitidamente que a letra das músicas era pura poesia, um poema de amor ou coisa assim parecida.

As boas recordações de um passado não muito distante, estavam ali num telão, exibidas passo a passo. Os Grupos musicais que mais se ouviram nos anos 60 apresentavam-se para uma platéia de casais que, aos 17 anos, embalavam as tertúlias das noites de domingo.

É possível que se vivam belas e inesquecíveis fases de nossa vida em que o carinho é o combustível que alimenta. Era assim que os casais se sentiam naquela noite com o ar puro e livre de Delícias do Sertão. Os ventos de aconchegos batiam insistentemente o rosto dos presentes. Um irmão cochichou-me ao ouvido que eu não podia abusar dos bons momentos, mas deles usufruir da melhor forma possível. Foi aí que entendi que não sou adulto, mas a noite, sim! E há quem diga que ela é uma criança! Eu tinha de voltar para casa antes que o dia chegasse. Era esse o recado que ele me dava!

A lua despencava de cansaço e sono, e procurava lugar para um cochilo! Só se ouvia o desfilar de cada peça musical! A magia do amor nascia naquele instante, e cada uma das vitimas dessa incipiente e gostosa loucura, sabía qual o remédio, qual o antídoto das carências latentes que só o corpo denuncia.

O homem inteligente e criativo não espera que a parceira ensaie uma cena de amor. Ele sabe o que fazer mesmo na negritude noturna. Quem ama se alimenta de carinho, portanto, para ser educado é necessário doar-se em dose dupla. Esse é o fundamento número um da vida a dois. É providencial, nessas horas, ser cidadão desprendido de carinho para o momento ter mais dinamismo e beleza.

Naquela noite, Os Pholhas levaram o público de jovens pais e avôs de volta aos anos de ouro da mais bela música já cantada. E cantei também, em coro, o que se fazia há 40 anos. Senti o cheiro da brilhantina tabu que tanto usei e pensava ser a melhor do mundo.

Muita gente ainda não sabe que a felicidade mora dentro do peito, num canto, bem escondido. É só clicar! Às vezes a pessoa de nossos sonhos vive no mesmo bairro, no mesmo beco e procura-se noutro endereço! É preciso ler o que outros corações escrevem nas paredes do desejo e nas páginas da esperança.

Dizem que só sabe amar quem beija bem, quem acaricia sem medida; é verdade que o coração tem segredo. Quem é aprendiz, capitula. A aproximação a alguém requer permissão, cuidado e jeito. Por isso os menos experientes sofrem e dizem não ter sorte, mas também afirmam não terem jeito!

Meus importais sentimentos estavam ativados. A lembrança do gostinho do baton me levou aos 18 anos de idade. Beijar é uma tentação tão gostosa que se não tem tempo de perguntar nada ao outro! A arte de beijar é involuntária. Eu também, às vezes, não falo, mas ajo!

Com aquele som destruidor de corações, os casais se sacudiam do jeito que desse certo e se beijavam num frenesi insaciável. Ninguém ficava só olhando os outros. Todos estavam fazendo a mesma coisa: Namorando! Era um Deus nos acuda, meu Jesus! Os mais excitados falavam uma linguagem esquisita que só eles mesmos decifravam.

Os Pholhas afogueavam os corações e acalentavam os que a sós estavam! Eu me limitei a fazer de conta que dançava, que cantava. Nada disso eu faço que preste. Na verdade eu só sei mesmo, muito bem, me agarrar, beijar e outras estripulias que aprendi quando eu ainda era rapaz. Olhei para um lado e para o outro, todos estavam... Bem, todos estavam... Aí não tive alternativa senão fazer o mesmo. Foi uma noite de gala.

Foto de Pholhas: site:
picasaweb.google.com.br./banda.pholhas/FortalezaDeliciasDo Sertão

Luiz Alpiano Viana, é um ipueirense apaixonado por sua terra natal. As suas memórias e saudades de Ipueiras estão sempre presentes em suas crônicas, a exemplo de “Saudade” e “O astuto cirurgião”, narrativas que trazem de volta velhas e boas recordações. Tendo morado na cidade de Crateús/CE e em Brasília/DF, atualmente reside em Forteleza/CE e é funcionário aposentado do Banco do Brasil.

2.9.10

MEU PAI MEU REI!

Por
Dalinha Catunda
(A Espedito Catunda, meu pai )

*Parabéns querido pai
Por sua longevidade.
Por essa sua lucidez
Contrariando a idade.

*Parabéns querido pai,
Por ter tanta teimosia,
Por cair e se levantar
Isso me causa alegria.

*Filhos, netos e bisnetos,
A sua sólida construção.
E você é o maior exemplo
Para toda essa geração.

*Orgulho de ser sua filha,
Eternamente eu terei.
Dentro do meu coração,
Você será sempre rei.
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Foto de Expedito Catunda: Acervo de Dalinha


Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).
NOTA DO BLOG: os presentes versos foram previamente publicados no blog cantinhodadalinha.blogspot.com/ como homenagem do dia dos pais