Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

25.4.10

MÃOS PATERNAS


Por
Bérgson Frota
Publicado no O Povo em 19.12.2009
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No começo ainda distante vêm-me a lembrança. E lá estava ele, a chamar-me, estirando o braço e dando-me a mão para que juntos, de calção de banho, fôssemos ver a cheia na ponte do rio que naquela manhã chuvosa inundava parte da cidade, e eu medroso apertei-a como um porto seguro e criando coragem fui.
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Depois suas mãos guiavam-me na já antiga máquina de datilografia, corrigia-me, mostrava-me os acentos, como marcar e separar parágrafos, por fim a colocar a fita bicolor vermelha e preta, coisa que não demorei a aprender.
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Corria o tempo e nos quinze anos, seu aperto de mão a parabenizar-me, e um relógio que sonhava ganhar. Suas mãos a conformar-me batendo nas costas de forma branda ensinando paciência quando eu muito precisava.
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Suas mãos levantadas ao alto, agitadas a orgulhar-me, quando discursava nos palanques eleitorais, festivos ou para alguém homenagear. Suas mãos generosas no que sempre precisei, a cuidar para que nada me faltasse.
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Suas mãos agora necessitadas das minhas no seu já frágil e incerto andar. Suas mãos meu Pai, inertes e frias deitadas a descansar para sempre, e só no meu coração sentia sem poder chorar, frias, sem movimento.
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Não as toquei, olhava doído na alma sua partida, e vezes sem conta naquela noite triste e mais longa até agora na minha vida, muito mais que seu rosto eu as fitei.
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Mãos tão queridas, instrumentos abençoados do seu coração.
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Ilustração: obtida do blog
grupos.com.br.\blog\ipueiras\permalink\36934.html onde foi publicada previamente a matéria.

Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

5 Comentários:

Blogger Jean Kleber disse...

Tocante depoimento, mais que uma simples crônica. Uma homenagem a seu inesquecível pai. Neste texto o escritor Bérgson Frota deixa à posteridade uma página rica de sentimento e elegância. Parabéns.

25.4.10  
Anonymous Heloisa disse...

Uma das melhores crônicas que eu já lí até hoje.

25.4.10  
Anonymous Anônimo disse...

Uma crônica que merece respeito.

26.4.10  
Anonymous Bérgson Frota disse...

"olhava doído na alma sua partida"

Uma pequena correção no texto. Grato por tê-lo publicado.

Bérgson Frota

28.4.10  
Blogger Jean Kleber disse...

Correção feita, amigo. Obrigado!

28.4.10  

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