Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

Minha foto
Nome:
Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

28.11.09

DESCENDENTES DE TIM MOURÃO ABRAÇAM CAUSA INDÍGENA EM BRASÍLIA

EIS A MAIS RECENTE POSTAGEM DE TEREZA MOURÃO SOBRE A CAUSA, CAPTADA NA MIDIA INDEPENDENTE:
.
Pela primeira vez em sua história, a sede da FUNAI em Brasília é ocupada por não indígenas. São brasilienses que se cansaram da omissão do órgão diante do processo de demarcação da terra indígena Santuário dos Pajés. Cerca de 40 pessoas estão desde meio dia desta quinta feira ocupando o gabinete da presidência da FUNAI exigindo uma posição concreta no caso. E só sairão de lá quando o Presidente os atender.

É FUNDAMENTAL continuarmos pressionando a imprensa local, mas também as mídias de NÍVEL NACIONAL. Não só porque a imprensa local sofre enorme pressão do GDF, mas ainda porque a solução do caso é de competência federal: a FUNAI precisa CONTINUAR o processo já iniciado de DEMARCAÇÃO da Terra Indígena Santuário dos Pajés, formando o GRUPO TÉCNICO responsável. O Ministério Público já solicitou isso, mas a decisão vem sendo ignorada. A nossa pressão deve crescer e chegar ao Ministério da Justiça e o Governo Federal, que incidem sobre a FUNAI.

Estudantes e integrantes de movimentos sociais ocupam sede da Funai na Asa Sul. Eles cobram do presidente da Fundação Nacional do Índio a demarcação da área indígena, no terreno onde vai ser construído o Setor Noroeste, na Asa Norte.Estudantes e integrantes de movimentos em defesa dos direitos humanos protestaram pela demarcação da terra indígena Bananal, na Asa Norte. Com a medida, os índios poderiam permanecer onde será construído o Setor Noroeste.
.
“A Funai já foi intimada pelo Ministério Público Federal a constituir o grupo de trabalho, o GT, para fazer essa demarcação, esse estudo antropológico. Isso já tem mais de sete meses e ainda não formaram esse grupo. Nós queremos que tenha a demarcação para que continue preservada para as futuras gerações e também pela qualidade de vida dos moradores daqui de Brasília”, afirma o jornalista Marcos Rogério.

______________________________________
FOTO 1: Tereza Mourão e o pajé Santixiê Tapuya em visita ao seu Herbário Fitoterápico. Ele é o pajé da cura, entende muito de ervas e todas foram adquiridas no próprio cerrado. (a foto é do acervo de Tereza Mourão)

FOTO 2: Da esquerda para a direita: comunicador carioca que trabalha em uma ong no RJ, Mara (eng. agrônoma), Tereza Mourão, Santixiê, Carmen Mourão (irmão de Tereza) e Delano (filho de Tereza). A foto é do acervo de Tereza Mourão.
__________________________________________
NOTA DO BLOG: Tereza Mourão e Carmen Mourão são filhas do lendário prefeito de Ipueiras dos anos 50, Tim Mourão, conhecido por sua solidariedade em relação aos menos favorecidos. Delano, neto de Tim Mourão, é formando de Ciência Política pela Universidade de Brasília.

17.11.09

NO TEMPO DAS CAVERNAS

Por
Nilze Costa e Silva

O Povo, 17 Nov 2009 - 02h40min

Bonita e sensual, ela caminhava com sua minissaia e uma blusa tomara-que-caia pela Praça do Ferreira. De repente, uma multidão de homens e mulheres de várias idades começou a xingá-la de prostituta, desavergonhada, assanhada. As vaias se multiplicavam a cada passo que dava. Ela não entendia bem o que acontecia a sua volta.

Tudo começara com assobios e ela até se envaidecera. Afinal, a moda da minissaia, inventada por uma inglesa chamada Mary Quant nos anos 60, já era bastante usada no Rio de Janeiro, de onde viera em férias a Fortaleza. A blusa tomara que caia era um modelo comum nos vestidos do séc. XIX e sempre alimentara a vaidade feminina.

O que estava acontecendo com o povo dessa cidade? Parecia história do tempo das cavernas... Acossada pela multidão, a jovem apressou o passo em direção ao cine São Luis, que estava fechado na hora, e buscou guarida na Loja Flama. Lá foi protegida pelo Cosme & Damião, dupla de policiais que faziam ronda na época.

Essa história me foi contada por uma amiga que assistiu a cena horrorizada com o comportamento retrógrado dos passantes da Praça do Ferreira, em 1961.
Quase meio século depois, no país da liberalidade, da praia e do carnaval, a cena se repete, desta vez numa universidade. A estudante de turismo Geisy Arruda, foi brutalmente hostilizada por alunos da Uniban, em São Paulo, no dia 22/10/09, por ter usado um vestido curto e provocante. Precisou de proteção da polícia para deixar o prédio, aos prantos.

Não foi à toa que o Brasil caiu nove posições no ranking de igualdade de gênero, divulgado em 28/10/09, pelo Fórum Econômico Mundial. O país ocupa agora a 82ª colocação. O resultado se explica por fatos como esses. São cenas explícitas de desrespeito e violência contra a mulher.
_________________________________________
Ilustração (site):
dottacom.files.wordpress.com/2009/07/pinturas-rupestres.jpg
_________________________________________
Nilze Costa e Silva nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, tendo vindo morar no Ceará com alguns meses de idade. Graduou-se em Administração de Empresas e logo após especializou-se em Teoria da Literatura (1986), pela Universidade de Fortaleza UNIFOR). Iniciou na Literatura com o livro Viagem – Contos e Crônicas, que teve prefácio do consagrado poeta Francisco Carvalho. Sagrou-se em 1° lugar no Prêmio Estado do Ceará, com a novela no Fundo do Poço (com apresentação do contista Moreira Campos). Em 2001 fundou o grupo Poemas Violados. Promove sistematicamente a oficina de Escrita Criativa: “Palavras não são vãs”. Integra a Rede de Escritoras Brasileiras (REBRA). É colaboradora do Jornal O Povo, de Fortaleza, e conselheira do Conselho de Cultura do Estado do Ceará. No cotidiano, dedica-se a questões relacionadas aos direitos humanos. Recentemente lançou os livros de sua autoria, "Fortaleza Encantada" e "Tudo por causa do Sol".

16.11.09

WALESKA FROTA POETISA E SEU LIVRO SOBRE O CIRCO

“Circo um olhar poético” é o primeiro livro da poetisa Waleska Frota, a sua sensibilidade ligada ao gosto da grande arte circense nos presenteia com diversos poemas, todos, ligados a beleza e alegria da mágica do picadeiro. (Bergson Frota)

Nota do Blog: Waleska Frota pertence a uma estirpe de poetas, contistas e escritores. Filha do poeta e cronista ipueirense Jeremias Catunda, sobrinha dos escritores Frota Neto e Marcos Frota e irmã do pesquisador, escritor e cronista Bérgson Frota, Waleska passa a integrar o elenco de literatos das famílias Frota e Catunda Malaquias. Todos ipueirenses. Parabéns.

11.11.09

NO SERTÃO UM CANTO (2 ) - 97 ANOS

Por
Gonçalo Felipe

1
Meu nome é Sebastião Matos Sobrinho.
O meu tio Sebastião que foi prefeito
O major que soube impor respeito
Em todos que cruzaram o seu caminho
Comigo, demonstrou muito carinho
Nem preciso emitir uma opinião
A sua fama correu toda a região
mas, meu nome foi em sua homenagem
Famoso, criou fama e com coragem
Fez seu nome marcar época no Sertão
2
Tempo aquele que já se vai na distância
Horas felizes que marcaram o meu passado
Um filme que na mente tem me acompanhado
Daquela época que marcou a minha infância
Filme este que me vem numa constância
Onde vejo minha Guaraciaba do Norte
Foi ali que com meus pais eu tive a sorte
De nascer e dar os meus primeiros passos
Enfrentei por muitas vezes invernos escassos
Demonstrando que também fui muito forte
3
Comigo a Sorte foi benevolente
Ao contrário das de muitos sertanejos
Quando olho o meu "filme" ainda os vejos
Enfrentando o Sol à pino e terra quente
Cada um deles, de Deus é um temente
E vai levando a vida com destemor
Eu, porém, estudei, fui professor
Dando aulas na cidade de Ipueiras
Lutei muito, venci, transpus barreiras
Ao lado de Mundinha, o meu amor.
4
Raimundinha, a mulher da minha vida
Que de música, foi também professora
Sendo ela minha musa inspiradora
Mundinha a minha esposa querida
Com a inspiração Divina envolvida
Veio a "música" de nosso maior valor
Nós a compomos, mas foi Jesus o autor
Daquela linda "música que fizemos
Nem a morte nos levando saberemos
Dessa "música", o tamanho do nosso amor
5
Jean Kleber, nosso filho abençoado
Nossa "música" foi lançado para o mundo
É um sucesso, é um talento profundo
Até mesmo depois de ser casado
Sendo ele por Deus recompensado
Quando veio a Daniela, minha neta
E Ana Júlia, minha querida bisneta
Tendo o início na primeira união
E depois obedecendo ao coração
O meu filho deu outro tiro de meta
6
Sendo assim, no campeonato da vida
Um segundo tempo foi iniciado:
Vanessa que tem o seu nome gravado
No meu "filme mental" que me convida:
Ver Jean com a vida reconstruída
No plano seu afetivo e sentimental.
Heloísa Helena, com amor sem outro igual
Ainda deu-me Ivan Kleber como neto
E com ele o meu coração ficou completo
Sua alegria é bem maior do que o normal
7
O meu "vídeo mental" está terminando
Mas seu replay será dado com certeza
Hoje eu moro aqui em Fortaleza
Este "vídeo" estou sempre o passando
Na estrada da vida eu vou andando
E só em chegar até aqui foi boa a sina
Só Deus sabe o lugar onde ela termina
Eu só sei que depois de andar tanto
Eu registro aqui NO SERTÃO MEU CANTO
Este poema que com a minha vida combina
8
Jean Kleber, sinta-se abençoado
Por Deus e por mim também seu pai
Heloísa Helena, por certo também vai
Para sempre ocupar o meu coração
A Vanessa com Ivan Kleber seu irmão
Daniela, Ana Júlia, todos enfim
Mesmo em vida peço que orem por mim
Pois agora lhes falo de forma clara:
Nem a morte chegando nos separa
Continuarei amando-os, mesmo assim
FIM

Vanessa, Daniela e Ana Júlia (na ponta esquerda de quem olha), Ivan(ao lado de Daniela, com uma criança no braço), Heloisa e Jean (encostados à mesa).



Gonçalo Felipe é o poeta de Nova Russas que nos brinda com poesias sobre nós, sobre Ipueiras, sobre nosso pé de serra, enfim sobre a vida de todos nós. Apresentado que foi pelo ipueirense Francisco Costa, integrou-se rapidamente à equipe do Suaveolens com sua capacidade de fazer amigos.
NOTA DO BLOG: Sebastião Mattos Sobrinho, meu pai, completa hoje, 11 de novembro, 97 anos. Foi providencial a poesia de Gonçalo Felipe ter chegado tão logo. Com ela o Suaveolens homenageia um professor da Ipueiras dos anos 40 e 50. Com ela homenageio meu amado pai. Que Deus o conserve mais tempo conosco!

A RESPOSTA

Querido amigo Bérgson,
Saudades!

Entre meus recortes de jornais num canto do armário vivem suas cartas que a mim são muito caras. Muitas vezes recorro a elas a procura de textos corrigidos por você que sempre tratava de acertar minhas “mal traçadas linhas.” Pois durante muito tempo, não conseguia postar um texto sem que antes passasse pelo seu crivo.

Sua crítica construtiva, seus elogios, foram dando-me segurança e coragem para publicar e postar nos jornais e na internet textos de minha autoria. Não tenho dúvidas que você durante muito tempo foi meu anjo da guarda das letras. Tanto me ensinou que acabei criando asas.

Um belo dia, vi um texto meu publicado no jornal O Povo de Fortaleza, depois textos no Encarte Infantil do Diário do Nordeste, também de Fortaleza, e assim por suas mãos, começou minha trajetória nos jornais.

E a cada texto publicado quando eu menos esperava, chegava às minhas mãos o exemplar do jornal.

Depois vieram os blogs, o cordel, que era apenas uma brincadeira, mas acabou por premiar-me com uma cadeira na ABLC, tudo isso pedindo dedicação, e o tempo foi minguando e a internet, onde tudo é imediato, passou a ser o meu principal veículo de comunicação.

Tenho saudades das cartas que trocávamos e emociona-me saber que por elas você tem apreço. Todas estão bem guardadas, como guardada esta dentro do meu coração, esta grande amizade que tenho por você.

Querido amigo, continuo amando minha terra como sempre, se ela um dia prometeu ser madrasta, diante do meu carinho ela passou a abraçar-me como uma filha querida.

As carnaubeiras que tanto amo, admiro, além de serem musas de meus poemas, consegui preservar boa parte delas no meu sítio em Ipueiras.

Quanto ao cordel, tenho crescido bastante, participado de eventos culturais, sendo reconhecida e se me faltava apenas o palco, isto o cordel está me dando.

Como você vê, meus sonhos se transformaram em realidade e já estou plantando novos sonhos apostando em ótimas colheitas.

Amigo Bérgson, ainda acho importantíssimo o troca de correspondência tradicional realmente a internet com suas mensagens instantâneas e deletáveis tira o encanto das cartas que eram tão esperadas e tão bem-vindas.
Um abraço carinhoso dessa amiga de sempre,

Dália
(Dalinha Catunda)

Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

7.11.09

A CARTA QUE ME MANDASTES

Por
Bérgson Frota

Lembro hoje, ao mexer em coisas passadas da carta que tu mandou-me. Encontrei-a entre livros, fotos e recortes de jornais.
Quanto tempo.
Naquela época não tínhamos internet e a frase ... estou te enviando nestas mal traçadas linhas ... era-nos comum e corriqueira.
O papel deitado na mesa, a caneta e a mente cheia de novidades. Ligadas num só fim, escrever, contar, narrar um fato e matar saudades.
Lembra quando me mandaste a primeira carta Dália ?
Talvez não, conhecendo eu tão bem tua memória. Querias de forma ansiosa mostrar-me tuas poesias. E quantas e tão belas já eram.
Esqueci de dizer-te que irias longe, falta minha, mas espero teres concretizado.
Sabe, nossa correspondência deixou-me saudades. Mas veio a internet, e que maldade, transformou o papel na fria tela que da carta ganhou somente na velocidade.
Dália, e aqueles poemas, os simples mas ricos de rima e emoção ? Tuas longas quadras que a ambos nos faziam rir pela peculiaridade e o teor brejeiro ?
Penso que as cartas embora amareladas eram mais ricas, só o fato da surpresa que trazia a cada lado virado e de quantas páginas.
Encontrei a carta que me mandastes ontem, mas levou-me à tempos pretéritos. Li e reli, dei boas risadas dos assuntos puxados e repuxados escritos para aproveitar mais ainda as brancas linhas que se ofereciam feito horizontes riscados num mundo de papel.
Dália, tu que amavas tanto tua terra ainda a quer como antes ? E as carnaubeiras que pareciam tanto te tocar ?
Na carta que me mandastes falava-me do amor ao cordel, da tua alma nordestina, fostes em frente no teu sonho ?
Queria muito lembrar o que te respondi.
Somos presos a segundos, minutos, horas, mal acordamos e não tardamos a dormir. As estações da lua rápidas se sucedem e o tempo passa.
Como gostaria de saber se tudo passou como querias.
Tenho em mãos a carta que mandastes, cheia de sonhos a enriquecer o amarelado papel.
Hoje já não digo o mesmo do e-mail, basta a frieza do imprimir ou o deletar.
Espero que tenhas ainda minha resposta, cá fico, e entre as folhas de um estimado livro guardo e escondo simultaneamente a carta que me mandastes.

Bérgson Frota
__________________________________
Publicado no O Povo em 07.11.2009
Gravura : cata-letras.blogspot.com
__________________________________
Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.