Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

29.7.09

MEU PAI, ESPEDITO CATUNDA

Por
Dalinha Catunda


Pai essa sua grande força,
Que não sei de onde vem,
Essa sua notável lucidez
É comovente também.
É com grande alegria,
Que vejo essa teimosia,
De quem tantos anos têm.

Faz pouco caso do tempo,
E por ele vai passando.
Com sua longevidade,
A todos vai encantando.
Sem ligar para mazelas,
Ainda acha a vida bela,
E assim vai caminhando.

Hoje uma bengala
Ajuda a guiar seus passos.
Nas ruas por onde passa
Recebe carinho e abraços.
Ainda sorri para vida
Essa figura tão querida,
Que já encurta seus passos.

Eu só queria pedir,
A cada um de meus irmãos.
Que pensem bem nos seus atos,
E prestem muita atenção.
Ponham a mão na consciência
E procedam com muita decência
Para depois não pedir perdão.

Espedito Catunda de Pinho,
É meu pai, minha fortaleza.
Quantas vezes ele já caiu
Mas nele não vi fraqueza.
Sempre se levanta mais forte
Ele sempre será meu norte,
Disso tenho toda certeza.

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Foto do homenageado: acervo da autora
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).
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NOTA DO BLOG: Espedito Catunda é um ipueirense remanescente da geração dos nossos pais, que brilharam em sua maioridade em Ipueiras desde os anos 30. Princípios morais, fé, cidadania, e sobretudo o amor aos filhos aprendemos com eles. Homenagear Espedito é homenagear aquela geração de patriarcas que tanto respeito nos inspiraram.

28.7.09

DESI(ÁGUA)LDADE- PARTE III

Por
Lin Chau Ming

Assim que cheguei a Nova York, observei no metrô um cartaz extremamente atraente. Mostrava uma garrafa de água mineral, envolta por algo que se assemelhava a nuvens, num tom azul escuro, ambiente meio em penumbra, com uma montanha coberta com floresta tropical ao fundo e a apenas uma palavra, colocada na parte de baixo: Intocada.
Sou um observador atento desse tipo de mídia já há algum tempo, pois me interessa saber a mudança que ele consegue fazer no comportamento das pessoas, além de avaliar seu aspecto visual. Achei aquele cartaz muito bonito, bem feito, enxuto, juntando elementos visuais simples, que reforçavam a idéia de um produto vindo de um local praticamente virgem e inexplorado do planeta, as ilhas Fiji.
Como se tratava de propaganda de água mineral engarrafada e eu não me enquadro nas características do público alvo que as empresas buscam, não me deixei influenciar. Mas milhões de americanos sim. A partir da semana seguinte, já era possível ver essas garrafas de formato meio quadrado invadir o mercado americano. E esse é apenas um aspecto de um assunto que gostaria de abordar.
O mercado americano de água mineral engarrafada é o maior do mundo. Movimenta cerca de 15 bilhões de dólares ao ano, com um total de mais de 38 bilhões de garrafas. O Brasil, por incrível que pareça, aparece na segunda colocação, seguido pelo México e China. O total mundial chegou a U$ 50 bilhões em 2006.
Do total de 50 bilhões de garrafa plástica tipo PET (todos conhecemos bem no Brasil) utilizados nos Estados Unidos anualmente, cerca de 38 bilhões vão para as águas minerais, sendo que a Nestlé é a maior, com 26% do mercado de água mineral nos Estados Unidos, seguido pela Pepsi, com 13% e pela Coca-Cola, com 11%. Esse total se refere apenas a água mineral vendida em garrafas, não entrando aí a água que é colocada nos refrigerantes, a única bebida que suplanta a água mineral em termos de volume de líquido vendido. Sim, aqui nos Estados Unidos, se bebe mais água mineral engarrafada do que se toma leite, café ou cerveja.
Trinta anos atrás, a situação era totalmente diferente. Em 1976, cada cidadão americano consumia por ano, cerca de 1,6 galões de água mineral engarrafada. Em 2006, 28,3 galões. Um salto enorme. Isso representa cerca de 18 garrafas de meio litro por mês.
Como um produto, que nada mais é do que água engarrafada, conseguiu realizar tamanha façanha?
Uma série de estratégias bem elaboradas e levadas a cabo com imenso aparato de marketing conseguiu incutir na cabeça dos americanos, desde então, que água não é simplesmente esse líquido (que era) encontrado em abundância na natureza.
Uma das águas minerais mais populares aqui, a mais vendida, Poland Spring, de Maine, no início do século passado, alardeava que seu produto tinha “a força da natureza.” A Perrier, francesa, em 1977, quando entrou no mercado americano, dizia nas propagandas que o produto não era apenas água, era uma bebida. Em um ano triplicou suas vendas. Continuou com uma estratégia de vendas que incluía a participação de celebridades em comerciais na televisão, incluindo Orson Welles, associando com o aspecto “saúde”, tendo patrocinado diversas Maratonas de Nova York.
A Evian, marca de água mineral da Danone, buscou relacionar sua água com a juventude, esportes, buscando em atletas sua inserção, não esquecendo também de artistas, como Madonna, que carregava garrafas dessa marca em suas aparições musicais. Essa empresa foi a primeira a usar garrafas do tipo PET, em 1984, e ao que parece, iniciando esse padrão mundial.
Atualmente vários artistas são pagos para consumirem ou se deixarem fotografar com garrafas de água mineral. A Maratona de Nova York deste ano tem o patrocínio da Poland Spring e assim vão fechando o cerco ao consumidor. As pessoas não compram apenas água, compram um “conceito de vida”, que coisa, não?
Tamanha intensidade nas propagandas, o americano comum passou a desdenhar de sua água doméstica e de fontes, passando a consumir a das garrafas plásticas, afinal, era fashion, além de ser “mais saudável”. Mesmo com a proibição, pelo FDA, de se associar água mineral a aspectos relacionados a saúde, ficou incutida na cabeça das pessoas que a água mineral era superior à água de torneira. Não existe, até agora, nenhum estudo científico que comprove tal afirmação, a água de torneira é tão saudável quanto qualquer outra água mineral engarrafada consumida.
E a água de torneira sai quase de graça para o consumidor. Com o preço de apenas uma garrafa mineral engarrafada de meio litro em São Francisco, na Califórnia, daria para se tomar água da torneira por um período de 10 anos, 5 meses e 21 dias. Ou, fazendo as contas de modo inverso, uma conta mensal de água de uma casa seria de 9.000 dólares, caso fosse consumida água mineral. Quase nunca fazemos essas contas ao contrário, mas permitem enxergarmos o mesmo assunto por outro ângulo.
No texto seguinte, outras questões acerca dessas garrafas, aguardem um pouco só, agora, pausa para tomar um gole d’água, tap water, a água “torneiral” daqui...
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Foto: Cachoeira do Frade em Ubajara no Ceará
site: portalubajara.com.br
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Lin Chau Ming é engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Ensino "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (1981), doutor em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996) e doutor em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995). Atualmente é professor titular da UNESP em Botucatú-São Paulo. É editor chefe da Revista Brasileira de Plantas Medicinais. Cursa atualmente o pós-doutorado na área de Etnobotânica na Columbia University, em Nova York.

22.7.09

PROJETO SOCIAL SUBJACENTE

Por
Marcondes Rosa de Sousa

O Povo - 20 Jul 2009 - 01h35min

Crescer, aos nordestinos, é imperativo e desafio – adverte-nos Sérgio Machado, presidente da Transpetro, nos anos 80 do Movimento Pró-Mudanças, e da geração dos jovens empresários. Chave para o crescer, a unidade das lideranças.

Há pouco, o CIC (Centro Industrial do Ceará), ao qual se integravam, nos anos 80, os então jovens empresários, celebrou seus 90 anos. E, Robinson Passos de Castro e Silva presidente, lançou-nos o Observatório da Educação, a envolver todos os agentes de tal processo, em ampla reflexão, aos educadores.

O lançamento de tal programa contou com as principais lideranças de nossa sociedade, os debates intermediados por Cláudio de Moura Castro, na Fiec.

O Ceará, assim, integra o rol das 14 cidades brasileiras onde o Observatório Social se ensaia. É a tentativa de reatar-nos o fluxo das cheias a sepultar cacimbas e leito seco dos rios, numa cíclica (re)união pelo Ceará, dos tempos de Virgílio Távora, do Pró-Mudanças de Tasso Jereissati e os de agora.

Anos atrás, entre intelectuais e lideranças produtivas, havíamos superado o tempo das “indústrias de chaminés”. E, sensível a isso é que Jorge Parente dera assento na Fiec aos de educação. Presidente do Conselho de Educação do Ceará, dou testemunho de Wânia Dummar a coordenar programa de responsabilidade social a nossas instituições de educação superior.
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Um ensaio, sem dúvida, simbólico, intróito porém dos novos tempos. Tempos previstos por Celso Furtado:
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“O que caracteriza o desenvolvimento é o projeto social subjacente. O crescimento econômico, tal qual o conhecemos, funda-se na preservação dos privilégios das elites, que satisfazem seu afã de modernização. Quando o projeto social dá prioridade à efetiva melhoria das condições de vida da maioria da população, o crescimento se metamorfoseia em desenvolvimento”.
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Foto: Sessão inaugural do IV Simpósio Brasileiro de Òleos Essenciais, ocorrido em Fortaleza em novembro de 2007.
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Marcondes Rosa de Sousa, advogado, é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (UECe). É uma das maiores autoridades em educação do Brasil. Ex-presidente do Conselho de Educação do Ceará e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, é Colunista do jornal " O Povo ", onde mantém seus artigos quinzenais.

19.7.09

LER E ESCREVER

Por
Luiz Alpiano Viana

O cronista, como bom observador, está mais voltado para os temas de conteúdo educativo e político. Seu objetivo é escrever bem e levar ao povo a notícia. Para ele o importante é que seu trabalho produza os frutos desejados.

Já o leitor quer uma matéria que lhe prenda pela informação, mas também que tenha qualidade intelectual. Incentive os jovens, principalmente os estudantes, ao exercício da leitura. É preciso ler muito. Essa é a recomendação feita pelos mais experientes a todas as pessoas que buscam cultura.

O leitor está sempre atento ao que de melhor o mercado editorial tem em evidência. As livrarias estão cheias e nelas há títulos sobre todos os assuntos. Os grandes e renomados autores que deixam sua marca ao longo dos anos, estão também lá expostos no lugar dos mais vendidos. E nesse oceano de livros, além dos mais lidos, encontram-se também os últimos lançamentos.

Poder-se-ia ler muito se nossas crianças, a partir dos primeiros anos escolares, fossem educadas com bases pedagógicas de melhor qualidade. É fácil perceber que a maioria de nossos estudantes foi mal alfabetizada. Por causa disso é notória a deficiência na formação de mestres. O ensino como está, sem qualidade, não tem o honroso reconhecimento como o dos países de primeiro mundo. Sua correção precisa de cuidados profundos e estruturais. Só a boa vontade dos governantes o salvará.

Onde estarão os temas, palavras e expressões por que tanto procura o escritor para ter a preferência do público? Seu estilo é o ponto de atração que mais brilha na preferência dos admiradores. A obra, depois de lida pelos aficionados, só ganha notoriedade se realmente for de bom nível. Por isso mesmo quem escreve combina saber com cultura.

Ao texto o autor acrescenta, substitui e elimina palavras. Corta períodos inteiros e corrige infinitas vezes a parte gramatical. Quanto mais mexe, mais aparece o que consertar. Sente que piorou! Melhor seria fazer tudo de novo ou deixar do jeito que era antes! Esse troca-troca de palavras e constantes alterações tendem a melhorar a peça. Isso acontece mais com quem está começando. É assim a vida do incipiente cronista. E é dele de quem falo!

Há, no dia-a-dia de quem escreve, incidentes muito engraçados. Mas mesmo assim é satisfatório escrever o que a mente pede, mesmo que o assunto não seja lá tão atrativo. Trata-se da chamada Inspiração. Sem ela as ideias somem e o texto perde a qualidade a que se propunha o autor. Nessas horas, a melhor solução é parar tudo por alguns instantes. É bom ouvir uma música; ver o movimento da rua; escutar o som da cidade; cantarolar uma modinha; aproveitar o momento e pôr açúcar na água do colibri! Essas pequenas tarefas podem desobstruir o canal criativo, e nele, encontra o que falta à composição, o aprendiz.

Quando se tem o hábito de ler, as palavras surgem com incrível rapidez, comparáveis apenas a um córrego, despejando toneladas d’água, montanha a baixo. A pouco e pouco as expressões dos notáveis, bem como os termos novos veiculados na mídia, aparecem num piscar de olho. É isso mesmo! Assim, facilmente compõe-se o trabalho. A releitura é de imediato providenciada, pois que lhe mostra os erros latentes. Alguns deles grandes e arrepiantes. Para os incultos eles não assustam muito, não obstante não fogem dos olhos daqueles que pensam saber tudo.

A boa leitura prende o leitor de tal forma que dela se torna escravo. Ele busca mais as obras que têm essência social e filosófica. E lê somente o que julga haver de melhor qualidade. Recomenda-o imediatamente aos amigos que seguem o mesmo caminho, abrindo-se, por conseguinte, um leque de propaganda involuntária. Quase sempre os jornais dão conta desses informes culturais em cadernos específicos de suas edições. Mas mesmo assim a propaganda boca-a-boca ainda está em voga. E funciona mesmo.

Os grandes mestres, dos quais copiamos frases e expressões que viajam pelos séculos, também tiveram suas dificuldades. A leitura fê-los homens de letras e os trouxe, depois de anos de dedicação, às livrarias, local predileto de gigantesca população de loucos por livros.

Escrever sem assassinar o idioma não acontece de um dia para o outro. Requer tempo e aprimoramento. Para se chegar a esse ponto, erra-se muito. Os que fazem dessa doce tarefa um hábito, sabem disso e orientam sempre como evitar tal tragédia: ler muito!

Para muitas pessoas a leitura é a mais fecunda produção literária. É bom viver esses momentos! É fascinante debruçar-se por sobre um livro e ler, não importa o horário, se é de madrugada, de manhã, de tarde ou de noite. O tempo passa sem se perceber e quando dele se dá conta, imediatamente remarcam-se médicos e dentistas!

Não devemos ter medo de errar quando escrevemos, ainda mais o aprendiz! E agora, depois de uma reforma ortográfica a que ninguém se adaptou completamente. Faz-nos bem o erro com crítica construtiva. Deixa-nos aceso e cônscio de que não se sabe tudo, embora algumas pessoas pensem o contrário.

Às vezes, ao reler um trabalho, sentimos a vaidade torpe que se nos apresenta com a impressão de que tudo está correto, lindo! Engana-se, a si mesmo, quem assim pensa! Não há perfeição em nada que o homem faz. Só o Mestre é completo, diz Jesus.

Existe um mundo de pessoas que escreve muito bem e não toca trombeta nas esquinas porque sabe que não está sozinho na praia dos letrados. Na hora certa, após o trabalho honroso a que nos dedicamos, a humildade nos conduzirá com elegância espiritual ao pedestal merecido.

Não é raro encontrar livros jogados na lixeira. Sem cerimônia, limpe-o com carinho e ponha-o num lugar acessível onde pessoas possam vê-lo e usá-lo. O livro é o resultado de um projeto onde seu autor, erudito ou não, nele trabalhou, pesquisou horas a fio, noite adentro. Ele é um pedaço do homem que o escreveu, um fragmento de sua cultura, de seu estilo e de sua alma. Conservá-lo significa respeito ao seu autor.

Estará em constante ascensão quem bem ler. Não podemos dizer em pleno século XXI que não temos o que ler. Falta, isso sim, vontade de fazê-lo. Hoje em dia qualquer autor – inclusive os clássicos - está ao alcance da sociedade, seja nas livrarias, nos caga-sebos ou na Internet. Pode até, uma dessas relíquias às vezes tão garimpadas, estar dentro de nossa própria casa, jogada num canto, coberta de poeira. Normalmente está na estante da sala de visita apenas como enfeite. E não sabemos que dentro de casa há tesouros inestimáveis.

Quanto mais se procura a perfeição mais ela se afasta, parece arisca! Mas ela é afável, muito afável! É preciso ser humilde de coração, ter dedicação e carinho com o que faz. A partir daí tudo fica transparente e ao alcance de todos! A sabedoria caminha ao lado da perseverança e da humildade.

Acredita-se que ler é o caminho, o início de uma longa vida que só da gente depende. A leitura é uma droga que faz bem. Vicie-se a ela. Contamine-se com essa droga! Não tenha medo! Faça-o agora e mais tarde escreva sobre os mais variados assuntos com melhor correção.
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Foto: site fotosearch.com.br/UNY052/u19390637/
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O ipueirense Luiz Alpiano Viana, é uma apaixonado por sua terra natal. As suas memórias e saudades de Ipueiras estão sempre presentes em suas crônicas, a exemplo de “Saudade” e “O astuto cirurgião”, narrativas que trazem de volta velhas e boas recordações. Tendo morado na cidade de Crateús/CE e em Brasília/DF, atualmente reside em Forteleza/CE e é funcionário aposentado do Banco do Brasil.

18.7.09

A HISTÓRIA DO PALACETE DO PLÁCIDO

Por
Bérgson Frota
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No início do século XX, Plácido de Carvalho era um bem sucedido comerciante e industrial em Fortaleza, isso nas duas primeiras décadas do século até a metade da década de trinta.
Em 1916, viajando pela Europa veio a conhecer em Paris, Maria Pierina Rossi, uma italiana de Milão, que apesar de apaixonada recusava-se a vir morar no Brasil. Ele porém, também muito apaixonado, prometeu construir para ela em Fortaleza, uma cópia de um belo palácio que ambos viram em Veneza. Com a promessa, ela concordou, chegando a Fortaleza no ano seguinte.
Logo começaram os preparativos para a obra.
Para construção o bairro escolhido foi o Outeiro, já conhecido como Aldeota. Quanto ao construtor, há dúvidas, muitos apontam o feito ao irmão de Pierina, Natali Rossi, este sim foi o arquiteto do Excelsior Hotel. Mas o Palácio do Plácido foi certamente obra do Sr. João Sabóia Barbosa, artista plástico e excelente engenheiro eletricista diplomado em Liverpool, Inglaterra.
O palácio foi erguido entre as ruas Carlos Vasconcelos e Monsenhor Bruno, tendo como cruzamento das duas a Av. Santos Dumont. Foram usados mármores e vitrais importados, bem como raras madeiras brasileiras. Exibindo estilo rico e eclético, a decoração encantava e chamava atenção. Era cercado de jardins com roseiras e plantas nativas, e possuía duas bem trabalhadas fontes.
Depois de dois anos de meticulosos esforços a obra finalmente foi inaugurada em 1921.
Em torno do Palácio do Plácido como passou a chamar-se ou para os mais excêntricos Palacete Plácido de Carvalho, foram construídos pequenos chalés, a servirem de moradia aos serviçais da imponente construção.
Após a morte do esposo, em 1934, Pierina que já morava desde 1933 no Excelsior Hotel, casou-se com o arquiteto húngaro Emílio Hinko, amigo de Plácido, que a pedido dela desenhou e construiu em 1938, em torno do palácio seis palacetes, para que servissem de aluguel. Todos ainda existentes.
O palácio então foi alugado, e lá passou a funcionar o Serviço de Malária, departamento federal que equivale a Sucam.
Em 1957 morre Maria Pierina, e na década seguinte Zaíra, filha e única herdeira, vende o palácio a um grupo comercial local, que no início dos anos 70 faz a demolição do mesmo para a construção de um supermercado, no entanto o terreno ficou abandonado. Em decorrência de dívidas para com o Poder Público, fez-se a quitação da mesma passando o terreno para o Governo do Estado que lá construiu e hoje está o Centro de Artesanato Luíza Távora.
Quanto ao Palácio do Plácido, este ficou no passado, num velho postal e em gasta e antigas fotos, também na lembrança dos que um dia o viram ou nele entraram, contemplando a beleza de sua torre, de suas janelas e belas escadas a quase dobrar-se, dos seus jardins e suas fontes. Um pedaço do passado agora transferido para livros ou fotos raras. A cumprida promessa de um homem apaixonado que o tempo impiedosamente levou.
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( Publicado no O Povo em 27.06.2009 )
Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

15.7.09

POEMA PARA VOCÊ SENTIR SAUDADE

Por
Gonçalo Felipe
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Passando por Ipueiras
Ao nascer da Alvorada
Parei na linda pracinha
Bem limpa e organizada
Que ainda nos lembra a festa
Nossa pracinha modesta
Ainda estava iluminada.
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Fui ao Cristo Redentor
Lá com muita emoção
Observei a paisagem
Olhando aquela amplidão
Vendo tudo lá de cima
Respirando aquele clima
Com muita satisfação
.
Na Gaza, eu imaginei:
Como aqui é diferente!
Graças à Deus não tem guerra
Como a Gaza do Oriente
Que enquanto meus versos escrevo
Olhando na tela eu vejo
Israel matando gente
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Passei pelo IPUZINHO
Depois fui à GAMELEIRA
Fiz lanche na ex bodega
Do seu GONÇALO FERREIRA
Lembrei dele com saudade
Pois vive em outra cidade
Bem longe desta ribeira.
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Fui à BICA DO IPU
Tomei um banho feliz
Subi mais um pouco a serra
Em S. Gonçalo da Matriz
Na mente certezas aguças
Voltei à minha NOVA RUSSAS
Cantando a música que diz:
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"DAQUI NÃO SAIO, DAQUI NINGUÉM ME TIRA"
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Gonçalo Felipe é o poeta de Nova Russas que nos brinda com poesias sobre nós, sobre Ipueiras, sobre nosso pé de serra, enfim sobre a vida de todos nós. Apresentado que foi pelo ipueirense Francisco Costa, integrou-se rapidamente à equipe do Suaveolens com sua capacidade de fazer amigos.