Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

25.2.09

RESGATE LITERÁRIO DE IPUEIRAS - COSTA MATOS - II

PIRILAMPOS
Por
José Costa Matos

Mal chega o inverno, à noite, o bando aéreo
Dos vagalumes esburaca a bruma...
Parecem bolhas de oiro e luz na espuma
Negra de um oceano de mistério...

Serão fagulhas verdes da bigorna
Em que Deus faz estrelas? São fagulhas
Que voejam costurando como agulhas,
O noturno lençol que o mundo exorna?

Aladas, misteriosas ardentias...
Deles, só sei que surgem já crescidos,
Demandando ideais desconhecidos
E que são pagens fiéis das invernias.

Mistério igual a minha vida empalma:
Aos temporais dos fados, - bons e adversos -,
Nascem revoadas brancas dos meus versos...
Pirilampos da noite de minh´alma...
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(Ipueiras-CE, 1947)
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Foto dos vagalumes: site flickr.com/.../in/set-72157600061847805
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José Costa Matos - Poeta e contista premiado da Academia Cearense de Letras e Associação Brasileira de Bibliófilos. Nasceu em Ipueiras-Ceará em 1927. É diplomado em economia. Escreveu os livros: “Pirilampos”, “O Sono das Respostas”, “As Viagens”, ”Na Trilha dos Matuiús”, “Estações de Sonetos”, “O Rio Subterrâneo”, “O Povoamento da Solidão”, além de dezenas de contribuições publicadas em periódicos.

20.2.09

O CARNAVAL DE IPUEIRAS

Bloco Abababados – 1989
Por
Bérgson Frota
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Ipueiras sempre se destacou entre as cidades da zona norte do Estado, ao pé da Ibiapaba, como uma cidade carnavalesca desde as décadas de 30 e 40 do século passado, e manteve esta tradição fortalecendo-se a medida que a cidade crescia chegando ao seu apogeu no século XX precisamente na década de 80.
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Foram nos anos oitenta que se viu surgir pela primeira vez na sede do município blocos. Fenômeno que repetiu-se em diversos anos seguidos sempre no carnaval, criando uma rivalidade sadia e competindo animadamente entre si.
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Entre os mais destacados estavam : Mama na Égua, Tosse Braba, Olha nós Aí, Abababados e o Sisigura.
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Os cinco blocos citados já não mais existem, mas deixaram uma grata lembrança dos últimos carnavais do século passado em Ipueiras. Sendo que alguns dos que deles fizeram parte já se foram, e outros já não moram mais no município.
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Competiam todos juntos em desfiles pelas ruas e à noite no clube da cidade.
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O bloco Mama na Égua tinha como principal destaque o porta-bandeira já falecido Moacir Fontenele, figura que para os ipueirenses era a alma do carnaval da cidade, fazendo parte dele outro grande carnavalesco de muito valor José Gerardo, o Dadá.
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As vestimentas eram de seda com cores diversas e bem desenhadas. Cada bloco tinha seus trajes típicos e concorriam no clube da cidade pelo troféu de bloco vencedor.
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Com o passar dos tempos os blocos deram lugar ao carnaval de pequenos grupos e é este o que prevalece atualmente na cidade tendo como característica o rápido deslocamento que fazem de uma festa para outra. Já que o carnaval em Ipueiras não se realiza mais em um só salão.
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Outra característica inovadora é que muitos ipueirenses se deslocam para o carnaval de cidades vizinhas não se restringindo somente ao do município.
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O tempo passou mas o carnaval de Ipueiras continua sendo uma festa para seus habitantes, antes só restrito aos clubes e à cidade, agora não só na cidade mas levando grupos que animam e enriquecem o carnaval das cidades irmãs.
Bloco Sisigura - 1997
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Fotos: (As duas fotos dos respectivos blocos fazem parte do acervo do blog ”Primeira Coluna” de Carlos Moreira.)
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Publicado no jornal O Povo de Fortaleza-Ce, em 26.02.2006
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Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

MEMORÁVEIS CARNAVAIS

Baile infantil
Por
Dalinha Catunda
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Ipueiras nos bons tempos viveu, memoráveis carnavais. Carnavais esses, que eram prestigiados por uma sociedade festeira e bem participante.
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Figuras renomadas, como: Seu Camaral e Simão Matos, ficaram eternizados na lembrança dos ipueirenses que durante muitos anos foram testemunhas das peraltices desses dois distintos foliões, nos carnavais de salão.
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Ao primeiro: tam... tam, tam, tam, tam... tam, tam, tam....Estavam lá os dois, seu Camaral, animado feito criança, puxando seus incansáveis cordões. E, Simãozinho dançando uma dança bem singular inventada por ele mesmo. Era a dança da cobrinha. Quem não ouviu Simão falar dessa dança? Nós, meninas-moças, vestidas de havaianas com colares coloridos e roupas estampadas. Ou, fantasiadas de gregas. Vestido de laquê preto, um lado maior do que o outro, com alça apenas de um lado. Algumas se vestiam de índia , outras improvisavam fantasia e assim se apresentava a juventude sadia dos velhos tempos nos alegres bailes de carnaval na cidade de Ipueiras.
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Nas tardes que antecediam os bailes carnavalescos, os rapazes começavam a beber cedo e improvisavam um carnaval de rua. Onde Maisena, araruta, talco e água, eram jogados nas pessoas que passavam, num autêntico mela-mela com direito a ovo e tudo. Num pinico zerado, eles colocavam cerveja e lingüiças e saiam bebendo e tirando o gosto rua à cima e rua a baixo, numa animação que contagiava a população da cidade que aos poucos ia se juntando aos foliões. Nesse time, Vavá, Moraisinho, Antônio Manoel, encabeçavam o bloco.
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José Arimatéa Catunda, nosso Dedé, quebrava a rotina da Rádio Vale do Jatobá tocando marchinhas típicas de carnaval, como: Me da um dinheiro aí, Taí, Você pensa que cachaça é água, Bandeira Branca, Picolé de Cachaça e tantas outras, que agora me fogem a memória.
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A cidade inteira entrava no clima, até vesperal para a criançada existia e era animada. Os adultos levavam as crianças e já aproveitavam para esquentar os motores para noite.
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Sinto saudades dos antigos carnavais. Da animação, das marchinhas, das fantasias, dos blocos e do grande encontro social que nos oferecia o Carnaval de salão. Esse tipo de carnaval em Ipueiras, infelizmente, está morto e sepultado.
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Um hábito antigo, conserva a cidade, na quarta feira após o carnaval, grande parte da população, que é católica, continua indo a igreja para receber cinzas.
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Hoje, não só em Ipueiras, como em todo Brasil, a grande pedida, são os trios elétricos, que arrastam multidões com sua musica baiana, sufocando assim, as velhas e graciosas marchinhas e a beleza do frevo, e por que não dizer, enterrando de vez a beleza dos antigos Carnavais.

Foto 1: Baile Infantil: site rbranco.com.breventos2008005carnavalfundcapa.jpg
Foto 2: Ipueiras no site hjo.brasil.com
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

19.2.09

POLÍTICA EM TOM MAIOR

Por
Marcondes Rosa de Sousa

Do jornal O POVO de Fortaleza Ceará em 16 Fev 2009

Política, entre nós, é vocábulo de várias faces. Desde a Grécia antiga, tem sido ela vista como a arte de bem governar, nascida com o próprio homem, que, por natureza, tem sido visto como animal político.

“Neste País”, no entanto, ela se ostenta “coisa suja”, ao toma-lá-dá-cá. Nessa linha, os dicionários registram-nos, a título de figuradas, acepções como “astúcia, ardil, artifício, esperteza” (Aurélio). E até os que, em nossa política, voltam os olhos para a utopia de um longo amanhecer, “para além do capital”, convertem-na na hipérbole do “fora a política”...

Na Web, tento, coordenar discussões sobre nossa vida política, em tom maior. Obstáculos múltiplos. Desde a vacuidade dos bordões e das palavras-de-ordem de nossas facções, até a postura crescente dos muitos que se esquivam num “estou noutra”, da indiferença e da abulia. Nisso, me chega do economista Cláudio Ferreira Lima, o artigo “Os indiferentes”, de Gramsci (1917) com o incentivo em tom de apresentação e socorro: “Para você, que sempre tem um lado, mas sabe respeitar os outros lados - até mesmo o dos indiferentes - e conviver bem com todos eles.”

Gramsci, em “Os indiferentes”, diz odiar a estes, e que “viver significa tomar partido”. Indiferença, para ele, é “abulia, parasitismo, covardia, não é vida”. Daí, seu ódio a quem não toma partido.

E aí, ocorre-me o Poema das Sete Faces, de Drummond, nosso poeta maior: “Quando nasci, um anjo torto/ desses que vivem na sombra/ disse: ‘Vai, Carlos, ser gauche na vida”. E o olhar à esquerda (gauche) aponta-nos amanhãs. Um amanhã, no entanto, sob a pauta dos versos: “Mundo, mundo, vasto mundo/ Se eu me chamasse Raimundo/ seria uma rima, não seria uma solução./ Mundo, mundo, vasto mundo,/ mais vasto é meu coração”.

Solução, o olhar mais alto que todos esperam de nós! _____________________________________

Foto: site images.ig.com.brpublicadorultimosegundooli...

Marcondes Rosa de Sousa, advogado, é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (UECe). É uma das maiores autoridades em educação do Brasil. Ex-presidente do Conselho de Educação do Ceará e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, é Colunista do jornal " O Povo ", onde mantém seus artigos quinzenais.

14.2.09

A CIRIGUELA


Por
Dalinha Catunda
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Ela é muito apetitosa,
Todos querem saborear
Sua cor avermelhada
É um convite a provar
Depois de um bom trago,
Pra muitos é um manjar.
*
No Ceará muita gente,
Vi correndo atrás dela.
Até eu andei trepando
Num galho, doida por ela.
Antes que o pau quebrasse
Minha mão eu meti nela.
*
Típica do meu Nordeste.
Bem gostosa como ela só.
Quem ainda não comeu,
Confesso que tenho dó,
Pois ainda não encontrei,
Sabor que fosse melhor.
*
Às vezes bem vermelha,
Outras vezes é amarela.
Falo é da preciosidade,
Que se chama Ciriguela.
Fruta pequena e gostosa
Não há quem resista a ela.
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Foto da ciriguela: tirada nas férias de Janeiro em meu sítio em Ipueiras-Ce .Dalinha Catunda.


Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

9.2.09

RESGATE LITERÁRIO DE IPUEIRAS - GERARDO MELLO MOURÃO - I

DISTRITO DE SÃO GONÇALO, VELHO
Por
Gerardo Mello Mourão
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Distrito de São Gonçalo, velho
Distrito de São Gonçalo dos Mourões,
não já no pé da serra, como as Ipueiras dos
Mourões e a Canabrava dos Mourões:
no alto da serra de São Gonçalo dos Mourões,
cordilheira
da Ibiapaba, o cemitério sobre as alvas areias de cristal:
aqui jaz Dona Úrsula de Barros Mello,
aqui jaz o Coronel Alexandre Mourão Quinto,
o quinto de seu nome em sua raça,
aqui jaz o Capitão José Ribeiro Mello,
aqui irão jazer outros Mellos, outros Mourões e
outras palmeiras de suas sepulturas se erguerão;
aqui não jazerei —
no entanto, fora belo ali jazer
à flor de um cactus lúbrico imolado
da morta pele alimentar a pele
dos verdes gravatás, das palmas longas
e no espinho das palmas despontar.
Mas tenho que partir e a solidão
como o cansaço do amor aos que se amaram
desde a ponta dos pés à dos cabelos
me ocupa e me dói:
são muitas solidões e eu me repito nelas
e em cada
losango da epiderme alguma
de minhas muitas solidões me açoita.
É preciso partir:
E quem, se eu chamasse, partiria comigo dentre os
coros dos anjos?
Rafael, o poeta, o escudeiro?
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Dados sobre Gerardo Mello Mourão:
Site: pt.wikipedia.org/wiki/Gerardo_Melo_Mour%C3%A3o
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Gerardo Mello Mourão (Ipueiras, 8 de janeiro de 1917 - Rio de Janeiro, 9 de março de 2007). Foi um jornalista, poeta e escritor brasileiro. Era membro da Academia Brasileira de Filosofia, da Academia Brasileira de Hagiologia e do Conselho Nacional de Política Cultural do Ministério da Cultura do Brasil . Era um dos mais respeitados escritores brasileiros no exterior. Católico praticante, pertenceu ao movimento integralista, tendo estado preso dezoito vezes durante as ditaduras de Getúlio Vargas e de 1964-1985. Uma delas, ficou no cárcere cinco anos e dez meses 1942-1948. Já na maturidade, foi candidato a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras e foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura em 1979. Em 1999 ganhou o Prêmio Jabuti pelo épico Invenção do Mar.
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Nota do blog: o poema acima publicado nos foi sugerido por uma descendente do poeta, a senhora Tereza Mello Mourão.
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3.2.09

UM CASAL DE VELHINHOS

Por
Luiz Alpiano Viana
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Um mascate viaja pelo interior, e já no fim da tarde se preocupa com um local para dormir. A noite chega abruptamente. Muito cansado com o peso que carrega, avista, de repente, um casebre à beira do caminho.
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É uma casinha dessas de apenas dois cômodos que qualquer pessoa, por mais baixa que seja, dentro dela anda curvado. Sem pensar duas vezes, ele se dirige para lá. A porta é feita de varas transadas e por trás há um pano como quebra luz. Está fechada desde cedo, uma vez que seus ocupantes se recolhem logo que escurece.
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O visitante teme chamar já que é um desconhecido na região. Decide, então, e usa da linguagem de épocas passadas para dar uma conotação de paz, e diz: Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Espera um pouco. Depois de alguns segundos uma voz rouca e senil, responde: Deus seja louvado!
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Não tarda, e pelas brechas da porta, ele vê um vulto se aproximar, e, em seguida, acende uma lamparina. O velho puxa, em dois tempos, a porta de vara que fecha a residência. Ainda pelo lado de dentro cumprimenta o transeunte: Boa noite. Seja bem vindo! Manda-o entrar e sentar-se. Na saleta de visitas, o assento é um tronco sobre duas pequenas forquilhas fincadas no solo batido.
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A casa é simples, nela não há luxo nem dinheiro, mas, pobre de espírito. Sim, isso mesmo, um casal pobre de espírito. Tudo isso logo é comprovado através dos atos corteses e humanos por eles praticados. É uma gente humilde e sadia de bons costumes à moda antiga. Indaga ao velho, o homem, se pode dormir e prontamente é acolhido.
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O casal, com a simplicidade e generosidade de campesino, oferece-lhe água e um pouco de comida que sobrara da última refeição. Após o pequeno jantar, agradece aos Céus e trata de se ajeitar num canto da sala. Os dois idosos se recolhem para seu aposento.
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Meia parede, de aproximadamente 1,30m, separa-os do hóspede. O homem põe seus pertences de um lado e se aninha no outro, do jeito que pode, para dormir. O cansaço é grande e a dormida é desconfortável demais. Uns sons estranhos chamam-no a atenção. Ouve bem compassado: Hum... Hum... Hum... Ué! Que é isso! Será que há alguém doente aqui? Ou esses octogenários ainda praticam sexo? Não acredito! Com certeza o que ele escuta não é uma oração!
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Estica-se novamente no improvisado leito, no entanto, à medida que o tempo passa os gemidos aumentam ainda mais. Dá vontade de olhar por sobre a parede, só que acha deselegante e desrespeitoso. Aliás, nem precisa de esforço para ver quem está do outro lado, porém fica atento aos gemidos que não são de sofrimentos. Não se contém, larga da dormida, anda pouco mais de um metro até a parede do quarto. Levanta-se lenta, cuidadosa e curiosamente! Seu coração bate diferente do normal, e o hum, hum, hum, não cessa. Numa visão panorâmica vê tudo o que se passa dentro da alcova.
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E que surpresa! Nas redes armadas em paralelo, o casal está sentado de frente um para o outro e fuma no mesmo cachimbo! Quando o velho puxa a fumaça - e ainda de boca cheia - passa o cachimbo e diz: Hum...Sua companheira faz a mesma coisa, sorve a fumaça e lho devolve com a mesma expressão do marido: Hum! Nesse hum, hum, hum, ocupam alguns minutos, noite adentro, fumando.
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Apesar da prevaricação, o homem ri descontraído e os deixa quietos e volta à dormida despreocupadamente. Felizmente dorme como um anjo e no outro dia, ainda cedo da manhã, segue seu destino, deixando para traz um grande mistério: O mistério do amor! O amor existe e é extensivo a todos. Não importa a forma de praticá-lo. Faz bem, traz paz e equilíbrio. E para tê-lo não precisa ser rico nem viver em luxuosas moradias.
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Figura:
site upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4e/Pretos velhos.png
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Aos 61 anos, o ipueirense Luiz Alpiano Viana, é uma apaixonado por sua terra natal. As suas memórias e saudades de Ipueiras estão sempre presentes em suas crônicas, a exemplo de “Saudade” e “O astuto cirurgião”, narrativas que trazem de volta velhas e boas recordações. Tendo morado na cidade de Crateús/CE e em Brasília/DF, atualmente reside em Forteleza/CE e é funcionário aposentado do Banco do Brasil.