Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

28.9.08

VINTE E DUAS PRIMAVERAS!

Por
Jean Kleber Mattos

Nasceu em 27 de setembro.
Libriana.
Agronomanda da UnB.
Grande facilidade de reunir amigos.
Responsável.
Disciplinada.
Elegante.
Diplomata.
Por acaso um pai diria diferente de uma filha?
Pois é.
Vanessa da Silva Mattos completou 22 anos ontem.
Aderiu espontaneamente à profissão do pai.
Aderiu à Ipueiras que conheceu passados dois anos.
Também à Aquiraz, terra da avó.
Fortaleza, principalmente a Praia do Futuro, é seu xodó.
Adora a catedral da cidade.
Diz sempre que é uma das edificações mais belas que viu na vida.
Trabalha hoje com biotecnologia.
DNA de nematóides.
Neste ítem, também seguiu o pai, que é fitopatologista.
Um embrião de curriculum que nos enche de esperança.
Que sua luz una-se a tantas outras para clarear um pouco mais o planeta.

26.9.08

O DIA DO IDOSO


Por
Dalinha Catunda

Enaltecer o valente idoso
Faço com muito prazer.
Pois só chega a ser idoso,
Quem bem fez por merecer.

Não pensem que é tão fácil,
Usufruir das quatro estações.
Meu louvor a quem já viveu
Primaveras, outonos e verões.

E hoje no inverno da vida.
Encharcado de experiência
Não é uma causa perdida
Tem uma nova consciência.

Luta por melhor saúde
E também por seus direitos.
Não é um ser acomodado,
Exige dignidade e respeito.

Cabe aos governantes
Um desempenho maior
Para que a vida do idoso,
Possa transcorrer melhor.
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Foto: site cultura.mg.gov.br/index.php?task=interna...
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

23.9.08

UM POSTAL ESQUECIDO

Por
Bérgson Frota

Um dia num sebo, folheando um livro, caiu-me aos pés um pequeno postal já gasto pelo tempo. Abaixei-me e colhi, colocando-o de novo dentro do livro e rápido devolvendo-o à estante metálica.

No entanto alguma coisa me chamou atenção naquele postal. Levei-o ao livreiro, mostrei interesse pelo livro e o postal que nele havia. Vendeu-me os dois juntos. Resolvi então procurar saber afinal aonde era aquele bonito Palacete. Parecia-me ser um desenho futurístico, mas e o catavento antigo ao lado ?

Comecei a pesquisar, e logo me chegaram dados. Era um grande casarão construído em Fortaleza, no início do século XX, mas já havia sido demolido.

A história que segue, embora resumida, foi a por mim encontrada :
No início do século XX, Plácido de Carvalho era um bem sucedido comerciante e industrial em Fortaleza, isso nas duas primeiras décadas do século até a metade da década de trinta.

Em 1916, viajando pela Europa veio a conhecer em Paris, Maria Pierina Rossi, uma italiana de Milão, que apesar de apaixonada recusava-se a vir morar no Brasil. Ele porém, também muito apaixonado, prometeu construir para ela em Fortaleza, uma cópia de um belo palácio que ambos viram em Veneza. Com a promessa, ela concordou, chegando a Fortaleza no ano seguinte.

Logo começaram os preparativos para a obra.

Para construção o bairro escolhido foi o Outeiro, já conhecido como Aldeota. Quanto ao construtor, há dúvidas, muitos apontam o feito ao irmão de Pierina, Natali Rossi, este sim foi o arquiteto do Excelsior Hotel. Mas o Palácio do Plácido foi certamente obra do Sr. João Sabóia Barbosa, artista plástico e excelente engenheiro eletricista diplomado em Liverpool, Inglaterra.

O palácio foi erguido entre as ruas Carlos Vasconcelos e Monsenhor Bruno, tendo como cruzamento das duas a Av. Santos Dumont. Foram usados mármores e vitrais importados, bem como raras madeiras brasileiras. Exibindo estilo rico e eclético, a decoração encantava e chamava atenção. Era cercado de jardins com roseiras e plantas nativas, e possuía duas bem trabalhadas fontes.

Depois de dois anos de meticulosos esforços a obra finalmente foi inaugurada em 1921.

Em torno do Palácio do Plácido como passou a chamar-se ou para os mais excêntricos Palacete Plácido de Carvalho, foram construídos pequenos chalés, a servirem de moradia aos serviçais da imponente construção.

Após a morte do esposo, em 1934, Pierina que já morava desde 1933 no Excelsior Hotel, casou-se com o arquiteto húngaro Emílio Hinko, amigo de Plácido, que a pedido dela desenhou e construiu em 1938, em torno do palácio seis palacetes, para que servissem de aluguel. Todos ainda existentes.

O palácio então foi alugado, e lá passou a funcionar o Serviço de Malária, departamento federal que equivale a Sucam.

Em 1957 morre Maria Pierina, e na década seguinte Zaíra, filha e única herdeira, vende o palácio a um grupo comercial local, que no início dos anos 70 faz a demolição do mesmo para a construção de um supermercado, no entanto o terreno ficou abandonado.

Em decorrência de dívidas para com o Poder Público, fez-se a quitação da mesma passando o terreno para o Governo do Estado que lá construiu e hoje está o Centro de Artesanato Luíza Távora.

Quanto ao Palácio do Plácido, este ficou no passado, num velho postal, na lembrança dos que um dia o viram ou nele entraram, contemplando a beleza de sua torre, de suas janelas e belas escadas a quase dobrar-se, dos seus jardins e suas fontes. Um pedaço do passado agora transferido para livros ou fotos raras. A cumprida promessa de um homem apaixonado que o tempo impiedosamente levou.

Créditos da foto do postal : (http://www.skyscrapercity.com/)
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Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzindo artigos de relevância atual.

21.9.08

VINTE ANOS DA ABLC * E POSSE DE DALINHA CATUNDA

Por
Circe Vidigal
(do Grupo Ethos-Paidéia)
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Pessoal:
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A posse de Dalinha foi muito linda, interessante e emocionante. Eu estava lá.
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Teve discurso lido, falação improvisada, leitura de cordel, música tocada e de cantoria, com todos acompanhando.
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Pessoas inteligentes, de linguagem fluente e rica, principalmente ao se falar do Brasil e do Nordeste. Pessoalmente, adorei ! Nos finalmente, teve uns comes e bebes pra ninguém botar defeito : salgadinhos variados e um maravilhoso pastel de carne, bem doméstico, como a gente gosta, arrematado com um "baião de dois " e tudo feito pelas mãos de nossa querida Dalinha. Esse último eu não consegui comer, de tão satisfeita que já estava.
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Sem esquecer o bolo de macaxeira e uns deliciosos biscoitinhos brancos que desmanchavam na boca .
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Tem retrato meu com ela, mas ainda não está no computador. Cá entre nós, não entendo essas "modernices"; celular pra mim é para ligar ou receber telefonema ; foi a cunhada quem tirou , agora tenho que esperar, mas depois mando pro site da ABLC .
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Fiquei cativa, fan de carteirinha e irei lá sempre que puder.
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Abraços
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Circe
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*ABLC= ACADEMIA BRASILEIRA DE LITERATURA DE CORDEL

Foto menor: Circe Vidigal e Dalinha por ocasião da solenidade.Fonte: blog cantinhodadalinha.blogspot.com

18.9.08

TROTE E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Por
Marcondes Rosa de Sousa

Dizem os dicionários que trote nas universidades, é troça de veteranos a receber calouros.

Humilhações que, por vezes, beiram o desrespeito e o crime até. Herança de medieval elitismo, insulado por fossos: os eleitos a submeter os impuros a estranhos rituais de iniciação.

No Ceará, a Faculdade Evolutivo quer mudar esse quadro. E, nesta sexta, recebe os alunos seus de turismo (novos e antigos), em abraço pela administração e docentes. Isso, em aprazível ambiente: na boate a esses aberta pelo Hotel Vila Galé. A festa diz, no fundo, que o aprender, a se transversalizar nos currículos, é prazerosa construção por alunos, professores e atores sociais enfim, onde se inclui o trade turístico.

O símbolo nos chega, em boa hora. Nosso turismo e sua formação nos impõem revisões urgentes: 1) olhar mais largo para a sedução de litoral, serras e sertões nossos, onde criatividade, hospitalidade e cultura alencarinas plantam morada; 2) novas dimensões do turismo de agora - lazer, ecologia, religiosidade, ciência, negócios; 3) extirpação das manchas ficadas do dito turismo sexual; 4) a elevação da atividade a indústria sem chaminés, alargando a inclusão social de nossa gente, cuja criatividade é vista capital humano de seguro retorno.

Na iniciativa, por certo, há tato e visão de Iranita Sá, expert em educação e turismo, hoje ligada à Face. Espera-se que o novo símbolo altere a face da educação superior cearense, a construir-se, mosaico do plural semi-alheio, na tessitura do coletivo.

Quem sabe, o termo trote - passo dos eqüinos entre o normal e o galope - volte às origens.Isso, se qual Saulo (o apóstolo Paulo, o pequeno) cairmos do cavalo. E, do chão, colhermos o lema com este sinal, vencerás: o da responsabilidade social a nos pautar construção e horizonte!

[O Povo ]16/02/2006

Foto:
Feira Medieval, do site alenquer.oestedigital.pt/_uploads/feira_medieval_07.jpg
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Marcondes Rosa de Sousa, advogado, é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (UECe). É uma das maiores autoridades em educação do Brasil. Ex-presidente do Conselho de Educação do Ceará e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, é Colunista do jornal " O Povo ", onde mantém seus artigos quinzenais.

15.9.08

ADIVINHEM


AMIGOS, QUEM SÃO OS PERSONAGENS DESTA FOTO?
ELES ESTAVAM NA FESTA DE ANIVERSÁRIO DE 80 ANOS DA D. NELI, EM BRASÍLIA.
FOI EM AGOSTO DESTE ANO.
VAMOS LÁ...QUEM SE HABILITA?
DA ESQUERDA PARA A DIREITA....

14.9.08

IPUEIRAS

Por
Luiz Alpiano Viana
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És o berço sagrado das carnaubeiras,
Viste a aurora de teus sonhos de saudade
Que o progresso varreu como as geleiras
Que ao degelo, perigam a humanidade.
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Se teus filhos te amam apaixonadamente,
Inda acho pouco, deviam amar-te mais!
Se em teu meio descansam, e certamente,
Ao mundo rumam adornados de ideais.

Brindam teu valor com a taça da justiça
E te veneram para sempre com carinho.
Só tu, Ipueiras querida, és mãe mestiça,
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Pois em teu ombro quem acorda tem trabalho.
No caminho do sucesso em desalinho
Os teus despertam e te encontram num atalho.
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Foto: Miraugusta, Zequinha Bento e Dalinha Catunda apresentam a bandeira de Ipueiras. Do site oficial da cidade de Ipueiras-Ce.
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Luiz Alpiano Viana, nascido e criado em Ipueiras, morou mais tarde em Crateús. Atualmente é funcionário aposentado do Banco do Brasil. Morou no Distrito Federal até meados de 2007 quando finalmente voltou a morar no Ceará, em Fortaleza.

10.9.08

MOBILIANDO O APARTAMENTO

Por
Lin Chau Ming
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Meses atrás, em Botucatu, fui a uma loja de móveis usados procurar por algumas peças para levar à casa que alugo no vale do Ribeira, que funciona como base de apoio para minhas pesquisas acadêmicas na área de Etnobotânica e também como suporte aos alunos que fazem seus trabalhos por lá. Precisava de uma mesa, cadeiras, e outros itens do mobiliário, uma vez que estava saindo do aluguel de uma casa mobiliada para uma não mobiliada. Fui a uma perto de minha casa, a do Luiz Macedo. Conheço outras pela cidade, mas por facilidade e amizade com o dono, escolhi a do bairro. Não achei tudo que precisava, pois a loja não tinha um estoque grande e diversificado.
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Aluguei um apartamento no Harlem, tradicional bairro em Manhattan, com mais de 250 anos, conhecido pela predominância de afrodescendentes americanos entre seus habitantes. Hoje a situação está um tanto alterada, pois a população latina tem aumentado bastante nessa região.
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Antes de viajar, entrei no site da Columbia University em busca de apartamentos para alugar. Ela possui mais de 1500 deles para alugar a estudantes e pesquisadores, todos dentro ou perto do campus. Nenhum vago e a lista de espera é de mais de um ano. Impossível, então. Ela tem ainda, complementarmente, uma lista de apartamentos fora do campus, não de sua propriedade, para ajudar aos que irão estudar na Columbia. Fui a essa lista e tinha apenas 3 opções, todas fora de meu orçamento, aliás, fora das condições permitidas pelo valor da bolsa de pós-doutorado que recebo. Não poderia, como era meu desejo, morar no centro de Manhattan, teria que me contentar em algum bairro mais afastado.
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Aqui em Nova York, como em qualquer parte do mundo, o aluguel de imóveis é feito prioritariamente através de imobiliárias. Diferentemente no Brasil, aqui se paga de 50 a 100 dólares para que sua ficha cadastral seja feita, por imóvel pretendido e depois aprovada ou não. Não se devolve esse valor, independentemente do resultado. Procurei um apartamento mobiliado, porque não queria gastar dinheiro comprando móveis que seriam utilizados apenas durante o meu período de estadia aqui nos EUA. A grande maioria dos apartamentos não era mobiliada.
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Não tive outra escolha, aluguei este apartamento não mobiliado, situado no sexto andar de um prédio antigo, sem elevador, de antes da Segunda Guerra Mundial, daqueles de tijolinhos vermelhos à vista, com aquelas tradicionais escadas contra incêndios de ferro, do lado de fora do prédio. Aliás, é uma característica de muitos dos prédios da cidade, o que lhe dá essa marca peculiar, interessante por sinal. Nos processos de restauração dos prédios, mantém-se essa característica de sua arquitetura.
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Como eu viera a Nova York apenas com livros, roupas e outros utensílios pessoais, e não com móveis, tinha que arrumar, o quanto antes, os itens essenciais. Vou dizer uma coisa que talvez não acreditem: em menos de uma semana no apartamento, mobiliei toda a casa, no essencial. E não gastei rios de dinheiro para isso. Apenas utilizei ou re-aproveitei materiais que encontrei no lixo das calçadas. Sim, consegui camas, estantes, mesas, cadeiras, televisão, micro-ondas, computador, armários, prateleiras e outros. Com um punhado de pregos e parafusos, ferramentas emprestadas ou adquiridas nas casas de 99 cents e um pouco de experiência de carpinteiro autodidata, fiz os móveis “sob-medida” do apartamento, que é pequeno, mas aconchegante, apesar das escadarias que tenho que subir e descer todos os dias.
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É incrível como os americanos jogam fora tudo. Acho isso um absurdo. Mas acho que eles estão acostumados a entender que as coisas são descartáveis, mesmo os móveis. O primeiro produto que catei nas ruas foi uma dessas cadeiras giratórias para uso em mesa de computador, com apoio para os braços, que custam vocês sabem quanto aí no Brasil. Estava praticamente novo. A segunda peça que eu encontrei foi uma escrivaninha, com aquela parte deslizante para acomodar o teclado de um computador. Zero bala também. Junto com um monitor da Apple, este não tão zerado.
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E assim fui completando o mobiliário. Existe um dia específico para que os lixeiros passem nas ruas, dependendo do bairro. Basta sair à noite, antes dos lixeiros e pronto, você pode escolher vários produtos que ainda estão bons. Nesta semana, em frente a uma escola primária, junto com uma porção de materiais jogados fora, algumas coisas me chamaram atenção. Dezenas e dezenas de baldes, lixeiras, caixas plásticas e recipientes tipo tupperware, além de livros, muitos livros.
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Apesar de não ter vergonha de ficar pegando essas coisas nas ruas, naquele momento não iria ficar fuçando todos os sacos plásticos à procura de livros que pudessem ser interessantes para mim, além de estar quase escurecendo e fazia muito frio. Peguei apenas três dicionários da Webster, de inglês, espanhol e francês. E muitas das caixas, baldes e objetos de plástico, todos praticamente novos.
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Com essa situação, ocorreu-me uma coisa. Aqui nesta cidade não existe loja de móveis usados. Talvez o Luiz Macedo fizesse a festa por aqui, dado o grande número de móveis jogados fora e que poderiam ser reaproveitados. Ou fosse à falência em pouco tempo pois não conseguiria vender para ninguém, pois pode-se catar do lixo.
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Foto: site litoralvirtual.com.br/.../fotos/moveis01
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Lin Chau Ming é engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Ensino "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (1981), doutor em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996) e doutor em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995). Atualmente é professor titular da UNESP em Botucatú-São Paulo. É editor chefe da Revista Brasileira de Plantas Medicinais. Cursa atualmente o pós-doutorado na área de Etnobotânica na Columbia University, em Nova York.

6.9.08

O DIA DA PÁTRIA

Por
Bérgson Frota
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Na década de setenta, em pleno regime militar, no dia da Pátria todas as cidades do interior do Ceará faziam grandes ou pequenos desfiles, que em alguns municípios se destacavam pela pompa e organização enquanto noutros numa simples comemoração.
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Já no início do mês de agosto, em Ipueiras, sempre depois das aulas da tarde, precisamente na quadra do ginásio, começavam os ensaios de bateria para o desfile de sete de setembro.
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O ritmo cadenciado mais destacado era o dos tambores, e durante todo o mês, até o seguinte, eram ouvidos pontualmente, no fim de tarde os sons ritmados, alternando com outros instrumentos, fazendo um todo cadenciado e harmônico.
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Assim se preparavam para o desfile do sete de setembro os alunos do Colégio Otacílio Mota, dos grupos Padre Angelim e Aloísio Aragão e do Educandário.
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A amplificadora acordava às cinco da manhã a cidade, e nós alunos cedo nos arrumávamos para ir ao grupo escolar que pertencíamos e de lá organizados nos dirigirmos a praça Sebastião Matos, em frente ao colégio.
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A primeira fila do desfile era liderada pelos bateristas vindo atrás os representantes dos Estados.
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Figuras da nossa história, os escravos, os imigrantes e finalmente os alunos que com suas fardas eram antecedidos por uma faixa que identificava o grupo escolar que representavam.
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Durante toda marcha havia professores que de forma ágil orientavam os alunos e as diversas seções de filas.
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Assim formava o desfile um belo espetáculo cívico.
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Fazíamos o caminho pelas principais ruas da cidade e finalmente parávamos em frente à prefeitura onde em fila ouvíamos os discursos das autoridades municipais, que exaltavam a importância do sete de setembro e o significado do patriotismo.
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Hoje, em Fortaleza, ao assistir o desfile me vem à lembrança do som dos tambores, dos fins de tarde em ensaios, do dia da grande apresentação no desfile e sou tomado pela nostalgia daquela manifestação que primeiro nos acordava o civismo e assim nos marcava de forma indelével para toda vida.
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( Publicado no O Povo em 06.09.2008 )
Foto : Arquivo Pessoal
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Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzido artigos de relevância atual.

OUTRA PÁTRIA

Ipueiras - Ceará: Desfile de 7 de Setembro. Ala feminina . Site ipueiras.ce.gov.br. Foto da série histórica.
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Por
Dalinha Catunda

Amar com fé e orgulho,
A terra em que nasci.
Aprendi ainda na infância,
Nos hinos e poemas que li.

Ó minha pátria sagrada,
Cadê teus encantos mil?
Poluído e acinzentado,
Hoje vejo teu céu de anil.

Teus rios, mares e florestas,
Carecem de preservação.
Na natureza não há festa
Predomina a devastação.

Se a boa terra jamais negou,
A quem trabalha seu pão.
Por que fazer do nosso pobre,
Um reles parasita da nação.

Sonegando-lhe trabalho,
E humilhando o cidadão.
Que recebe bolsas e vales
Enterrando o orgulho no chão.

Quem não vive do trabalho,
Do seu suor e da sua mão,
Não pode ter amor próprio,
Nem orgulho da sua nação.

Como imitar a grandeza,
Dessa terra em que nasci.
Se o exemplo lá de cima
Na verdade ainda não vi.

Por isso eu digo e repito,
Aos dirigentes da nação.
Primeiro dêem exemplo
Depois cobrem ao cidadão.

O que li de Bilac é passado,
Sentido não vejo agora.
Minha pátria hoje é outra.
Tenho saudades d’outrora.
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

4.9.08

VAI PASSAR

Nas cantinas, ouço estudantes universitários confessando-se estupefatos. Ao aplicarem testes para nacional avaliação de nosso ensino básico, uma surpresa. Alunos de oitava série não conseguiram literalmente "ler" as questões. Analfabetos apesar de escolarizados.

O fato nos chama à reflexão. Por todo o País, toca-nos o apelo do "todos pela educação de qualidade para todos". Mas é o "todos" - ponto-de-partida e destino - que parece mais envolver-nos, fazendo-nos passar por cima da qualidade, atropelando-a até.

Nesse clima, o verbo "passar" e seus cognatos tornam-se palavras-de-ordem. A escola se vê como mera passagem, onde crianças se abrigam, em stand by para a vida. A educação não mais "processo formativo" (Art. 1º. da LDB), mas, ao invés, inoperante impressão de folhas em branco. E o ensino, por vezes, a tentativa de "segurar" os alunos pela ação de bem-intencionadas figuras que, na prática, se tomam caricatas "seduções do passar": - organização curricular em ciclos (por mais amplos) do período escolar, classes de aceleração da aprendizagem, sistema de promoção automática e avaliação mais abrangente.

Entre pais menos letrados, a reação similar à de Bernadete, que, sem rodeios e em seu dialeto, reclama-me, ao me pôr à mesa o café-da-manhã, sobre o tratamento dado ao filho na escola: "0 Robson vai passar! É "cicIo", "aceleração não sei de que", "satisfatório/não satisfatório" ... Ele não sabe de nada (estou lhe avisando!) e,assim mesmo, vai passar". E, num sorriso de canto de boca, destila: "Estão dizendo que é o Governo e até o senhor que querem assim ..."

Nas oposições mais letradas, o tom não é diferente. O combate à evasão escolar estaria se fazendo a qualquer preço, os olhos fitos sobretudo no ilusionismo das estatísticas e no fulgor dos out doors.

Paixões a parte, sejamos sensatos. Elogios sim a "todos", ativos e passivos, no afã de universalizar o ensino. Mas, aos que pecam pelo açodar-se, o conselho do Pe. Sadoc, honorário membro do CEC: "É o freio e não o acelerador que põe o carro para correr". No caso, é conjugar freio e acelerador. Pé no chão, "na tábua" e no "breque", sem, no entanto, perder de vista a estrada e, sobretudo, a chegada. Educação é meio, não fim. Seu porto, a inclusão social, a cidadania e a construção econômica da vida, onde títulos sem crédito e cheques sem fundo não têm valor.

Sem lastro, é desperdício. Onda! Vai passar!...
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(O Povo, Fortaleza, 14/06/2000)
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Referência: (Marcondes Rosa de Sousa. Educação: Insistências e Mutações – Coletânea de Artigos Publicados nos Jornais de Fortaleza (1995 a 2001). Sobral. Edições Uva. pp. 208-209
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Foto: capa do CD de Chico Buarque "Vai passar", no site images.americanas.com.br/
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NOTA DO BLOG: escrito em 2000, oito anos passados, este artigo de Marcondes Rosa de Sousa apresenta inquestionável atualidade tendo-se em vista as questões da educação no Brasil de hoje.
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Marcondes Rosa de Sousa, advogado, é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (UECe). É uma das maiores autoridades em educação do Brasil. Ex-presidente do Conselho de Educação do Ceará e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, é Colunista do jornal " O Povo ", onde mantém seus artigos quinzenais.

2.9.08

POSSE DE DALINHA CATUNDA NA ABLC

Por
Tereza Mourão

Dia 20 de setembro de 2008 tomará posse na ABLC, Academia Brasileira de Literatura de Cordel a acadêmica Maria de Lourdes Aragão Catunda. Vejam seu blog cantinhodadalinha.blogspot.com e acessem os links indicados.

Nascida na cidade de Ipueiras, interior do Ceará, Dalinha Catunda, como é conhecida e assim assina suas produções, será mais uma mulher a se tornar imortal ocupando a cadeira de numero 25 que tem como patrono Juvenal Galeno, poeta e folclorista cearense.

Dalinha Catunda publica há mais de sete anos, como colaboradora, no Jornal O Povo e no Diário do Nordeste, jornais de grande circulação da capital cearense. Atualmente publica em vários blogs e sites entre eles o Nordeste Rural nas colunas: ABOIO E REPENTES e CAUSOS NA BEIRA DO FOGO.

Como se vê, nossa musa está publicando seus artigos junto a grandes nomes da cultura popular pois ela é uma grande estrela de mente brilhante e eu me sinto muito feliz em poder comunicar tudo isto a vocês e ter o privilégio de ser sua conterrânea e amiga.

Entre seus títulos publicados de cunho engraçado e picante constam: O Forró de Zeca, O jumento do Maurício, A Panela Remendada, A Rosa Apavorada e A Donzela Que Virou Índia.

Neste final de semana a nossa musa estará novamente em Cachoeiras de Macacu participando de um Festival de Poesia em um evento intitulado Canto de Poetas.
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Foto: alguns cordéis de Dalinha Catunda. Fonte: blog cantinhodadalinha.blogspot.com
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Tereza Mello Mourão é funcionária aposentada do INSS. Pertence à nobreza ipueirense, sendo filha do histórico e saudoso prefeito Tim Mourão. Tereza é uma grande incentivadora da união dos ipueirenses dispersos no planeta. Sua ação se dá sempre no sentido de aproximar os conterrâneos e promover os valores de Ipueiras-Ceará. É c0-gestora do blog Suaveolens.