Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

3.5.08

COMENDO FRUTAS NA GRANDE MAÇÃ

Por
Lin Chau Ming
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Adolescente ainda, ia à casa de uma tia na cidade de São Paulo, no bairro da Liberdade. Rica, morava em uma casa grande para meus padrões. Mas o que me chamava atenção não era o tamanho da casa, mas o do quintal, que era espaçoso e que mantinha um pequeno pomar, contendo, entre outras espécies frutíferas, quatro pés de jabuticaba, da variedade Sabará, de frutos pequenos, casa lisa e bem doce.
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Após correria com meus primos, o grande prazer era ir até àqueles pés de frutíferas e nos deliciarmos com essa fantástica fruta, subindo em seus troncos e pegarmos as bolinhas pretas diretamente da árvore.
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Aqui em Nova York, quase não tem quintal, a maioria das moradias é constituída por apartamentos, onde é difícil o cultivo de alguma planta e, principalmente, haver alguma espécie arbórea. Casas térreas ou sobrados são encontradas nos bairros periféricos da cidade.
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Sendo um país de clima temperado em sua grande proporção territorial, aqui as frutas encontradas nos supermercados são as deste tipo de clima. Encontramos diversas variedades de maçãs, peras, uvas, morangos, ameixas, nectarinas, kiwi, pessegos e caqui, dentre as espécies conhecidas pelos brasileiros. Há outras espécies, não usuais ao padrão brasileiro, como as rapesberry, blueberry, cranberry, blackberry e outras “berry”que é uma designação geral para frutos bacáceos. São pequena frutas, saborosas, vendidas em pequenas caixas de plástico transparente, e não são tão baratas por aqui.
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A cidade de Nova York recebeu o seu famoso apelido provavelmente porque o estado de Nova York é um grande produtor de maçãs. Há muitas variedades desta fruta por aqui. Uma bastante consumida, mas que eu não gostei muito, é a McIntosh, outra, também não tão agradável para o meu paladar, é a Golden Delicious, que é bem grande, com casca verde-dourada. Estou acostumado a comer as variedades que são vendidas no Brasil, Gala e Fuji, de sabor ligeiramente ácido e crocrante, também existentes aqui. Também é possível comer as maçãs argentinas, nossos hermanos conseguem ocupar seu espaço no mercado consumidor americano.
Há diversos sítios ao norte do estado, que cultivam a maçã e cujo principal atrativo é permitir que os visitantes possam colher e comer as frutas diretamente dos pés das plantas. Paga-se pelas frutas colocadas no cesto, as que são consumidas no local são por conta da casa.
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Por falar em preços, a banana aqui não tem, como teve no Brasil, “preço de banana”. Importada da América Central principalmente, é vendida por cerca de 50 centavos a libra (453,6 g), ou seja, mais de um dólar por kilo. Geralmente são bananas grandes, vendidas em pacotes com penca cortada contendo cerca de cinco ou seis frutas. A maioria das frutas temperadas mais comuns tem preços similares, variando de 1 a 2 dólares a libra. Como em qualquer lugar do mundo, se a fruta não é vendida dentro de um período determinado de tempo, o preço cai pela metade, ficam em oferta. Para minha alegria, pois acabo tendo a chance de comprar diferentes tipos de uva, produzidas por aqui mesmo ou importadas do Chile.
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Frutas de clima subtropical ou tropical são relativamente caros também. Laranjas e tangerinas são vendidas por unidade, cerca de 50 cents cada. Acostumado a chupar muita laranja e mixiricas no Brasil, contive essa gula, por causa do preço. Além disso, os cítricos aqui não são tão saborosos quanto os daí. São mais “chochos” e mais adocicados, são de variedades diferentes, mais adequados aos padrões dos paladares americanos. É muito consumida por aqui uma variedade de grapefruit, grande, com polpa cor de vinho, semelhante à nossa laranja sanguínea, porém com aquele característico amargor, agradável para muitos.
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Mangas e abacates são bem diferentes também, menores. Os abacates, vindo do México, são pequenos, de casca escura e cheia de verrugas, Há uma variedade de casca preta. As mangas, não soube sua procedência, mas são parecidas com uma variedade antiga brasileira, a espada, mas com a polpa mais clara.
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Melão e mamão também são frutas facilmente encontradas por aqui. O primeiro, vindo da Guatemala ou da Costa Rica e a outra, do México. São todas frutas vistosas, mas, colhidas precocemente, “fora do ponto” para os meus padrões de paladar, não são tão doces assim.
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Todas essas frutas que citei são encontradas em qualquer supermercado da cidade. Há outras espécies encontradas apenas em determinados mercados locais, característicos de algumas regiões do planeta. Ou seja, se quiser comprar determinadas frutas tropicais, terá que ir, por exemplo, aos mercados da “Chinatown”. Lá podem ser encontradas frutas como lichia, olho de dragão, mangustão, jaca e uma que eu esqueci o nome, uma fruta grande, tamanho de uma bola de futsal, com grandes protuberâncias agudas e que o pessoal fala que tem “o cheiro do inferno e o sabor do céu”, devido ao seu forte odor, mas de sabor incomparável. Não comprei, por ter achado caro, mas vou economizar um dinheiro para experimentá-lo.
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Nos mercados mexicanos e latino encontra-se goiaba, sim, a nossa goiaba, que se espalhou pelo mundo tropical afora. Minha mãe me dizia, ainda criança, que considerava a goiaba que ela comia na China bem mais saborosa que a goiaba brasileira. Naquela época, eu nem imaginava estudar os centro de origens das plantas cultivadas, sabia que tinha goiaba nos quintais de algumas casas perto de onde morava (na minha também tinha um pé) e acreditava na minha mãe. A goiaba, então deveria ser de ocorrência mais ampla. Hoje sei que a fruta foi levada para outras partes do mundo, a partir do Brasil e que os outros países desenvolveram diferentes variedades, seja na cor, no tamanho, no sabor, no cheiro, na resistência a alguma praga ou doença. Alguns anos atrás, quando estive na Tailândia, pude experimentar uma goiaba de lá, grande, de formato bem arredondado, de polpa branca, doce , sem o bicho da goiaba dentro. Apreciei a variedade, que deve ter sido desenvolvida por lá.
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Foi na Tailândia também que “descobri” que há outras espécies de manga. Acostumado a ter na cabeça o nome científico dela, Mangifera indica, não me ocorria, por ignorância, poder haver outras espécies daquele gênero. Mas há, sim, algumas outras espécies deste gênero.
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Apesar de gostar muito de frutas, tenho que ser comedido, por ser diabético. Há algumas contas a serem feitas, pelos diabéticos, para se calcular o máximo de frutas que se pode comer por dia. Essa conta é meio desgraçada para quem gosta, como eu, de comer muita fruta e estar acostumado a isso. Posso comer apenas, por exemplo, por refeição, uma das seguintes alternativas: meia maçã, meia banana, uma laranja ou uma dezena de bagos de uva. Tenho dificuldade de respeitar esses limites, mas tenho que tentar. É uma nova situação, à qual eu devo me acomodar, se quiser garantir uma vida mais longa e saudável, qualquer que seja o país onde eu estiver morando.
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Que saudade de poder chupar umas jaboticabas no pé ...
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Foto: frutas. Blog do CNPAT- Embrapa.
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Lin Chau Ming é engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Ensino "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (1981), doutor em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996) e doutor em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995). Atualmente é professor titular da UNESP em Botucatú-São Paulo. É editor chefe da Revista Brasileira de Plantas Medicinais. Cursa atualmente o pós-doutorado na área de Etnobotânica na Columbia University, em Nova York.

6 Comentários:

Blogger Jean Kleber disse...

Novamente o prazer de ler os relatos instrutivos e agradáveis de meu amigo Lin. Ele já está no Brasil, recém chegado do pós-doutorado em NewYork. Seja bem vindo, campeão!

3.5.08  
Anonymous Anônimo disse...

Jean.
Obrigado mais uma vez pelas gentis palavras. Ainda continuo por aqui em Nova York, meu programa de pós-doutorado termina em setembro, quando retornarei.
Estarei em Manaus no final do mês,darei curso e palestra e, sem dúvida, irei aos mercados e feiras da região, conhecer mais a rica variedade das frutas (e hortaliças) da região, que poucos brasileiros conhecem, infelizmente.
Parabéns pelo trabalho do blog, excelente.
Abraços.
Lin

3.5.08  
Anonymous Anônimo disse...

Interessante o artigo do Sr. Lin Chau Ming, digo pois trata de frutas e sua necessidade para uma boa saúde num país que elege há muito tempo os enlatados como preferência. Lembro-me ao estudar sobre o desenvolvimento arquitetônico de nova York de uma lei no princípio do século XX que passou a determinar a altura e a determinação de que quanto mais alto o prédio, mais afunilado se tornasse nos últimos andares a fim de com a somba que fizessem roubassem o mínimo da luz do sol tão necessário a existência das várias hortas que como um cinturão em torno da cidade abasteciam a grande metrópole.

3.5.08  
Blogger Jean Kleber disse...

Amigo Lin. No comentário, errei. Uma colega me disse que V. ja estava no Brasil e eu assimilei a notícia. Corrijamos, então. Você volta em setembro. Valeu.
Grande abraço.

3.5.08  
Blogger Dalinha Catunda disse...

Lin Chau Ming sempre nos trás temas interessantes. E desta vez saboroso. Lendo este relato lembrei-me dos meus tempos de menina e quintais. Sempre saboreei fruta no pé. Não havia árvore alta para mim.Fugia do colégio para subir num pé de tamarindo para alegria dos meninos que ficavam a espiar. Falando em goiaba branca, temos um sitio aqui no interior do Rio de Janeiro onde a Goiaba branca tem com fartura.
Um abraço,
Dalinha

5.5.08  
Blogger Unknown disse...

Olá:
Estou indo para NY e tenho um problema intestinal sério,necessitando de frutas laxantes, e aqui no Brasil faço uso de mamão.Por favor ao ler seu blog percebi que vc sabe onde encontrar.Vc poderia me passar o endereço de alguns super mercados que eu possa comprar mamão?
Um Abraço
Nelly

18.1.09  

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