Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

31.5.08

VIROSE

Por
Dalinha Catunda

Você me rendeu
Três poemas,
Uma promessa,
Uma novena
Um punhado de problemas,
Mas felizmente passou.
Me deixou:
Uma gastrite,
Uma falta de apetite,
Embora não acredite,
Meu metabolismo curou.
Achei muito interessante,
Saber ser um vírus mutante,
Do meu mal o causador.
Virose diagnosticada,
Completamente curada,
O tempo, é dos males o senhor.
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[Imagem: Wen Jiang et al.] Você já viu um vírus?
Redação do Site Inovação Tecnológica17/03/2008
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, escritora e cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio: (cantinhodadalinha.blogspot).

26.5.08

CARLITO MATOS, ENGENHEIRO, CANTOR E COMPOSITOR

Por
Jean Kleber Mattos
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Carlito é cearense de Ipueiras, cidade da região norte do Estado do Ceará, a 300 km da capital, Fortaleza. Ele é formado em Engenharia de Pesca e trabalha como analista do Ibama, em Fortaleza. Assim o apresentou, em 05/11/2005, o programa televisivo de grande penetração, Terra da Gente. E seguia-se na apresentação: é um pesquisador que se utiliza da música como ferramenta para defender a natureza.
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No programa, Carlito tocaria e cantaria a música "Piracema". A letra esclarece a importância da piracema na reprodução dos peixes e exalta a beleza desse fenômeno para o meio ambiente. Dizia o apresentador: é um autodidata, compõe desde de 1995 e já tem dois CDs gravados: o primeiro chama-se "Presença". O segundo "Alguém que Sonha e Canta". As músicas de Carlito são temas universais, refletem o amor e as diversas formas de relações com a natureza. Os ritmos mais freqüentes nas músicas do artista são o forró, xote e baladas. A música "Piracema" tem o ritmo de um baiãozinho (baiãozinho é ótimo...!).
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Lembro-me de Carlito, em 1961, ainda criança, quando observava uma das festas dançantes à janela do Paço da Prefeitura em Ipueiras. Em dado momento, comunicou-me que estava indo para casa, dormir. Hóspede de seus pais, preparei-me para acompanhá-lo. Ele recusou dizendo que andava a vontade em Ipueiras a qualquer hora do dia ou da noite. Percebi então que a vivência em Fortaleza me fizera esquecer quão segura era a velha Ipueiras.
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Em moda na TV da época, os espetáculos marciais: “Tele Catch”. À tarde, para diversão das crianças, simulávamos eu e Marconi, um primo, uma luta de boxe como na TV. Encarapitados nos berços e redes, Carlito e seus irmãos divertiam-se com o “show”. À tarde compartilhávamos em grupo o açude de Ipueiras, onde eu, nadador do Clube dos Diários, orgulhava-me de atravessá-lo.
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Reencontrei Carlito várias vezes durante a vivência em Fortaleza, quando das viagens de seu pai, o poeta Costa Matos, meu padrinho de crisma, que, antes de mudar-se em definitivo para a capital, cursara Letras no curso superior administrado à época pelos Irmãos Maristas. Mais tarde, cheguei a visitar a família na residência à avenida Bezerra de Menezes, perto da Escola de Agronomia.
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Depois de meu êxodo do Ceará, vindo a morar em Brasília, os contatos escassearam e somente em 1986 tive oportunidade de almoçar com ele na Praia do Futuro, com minha companheira Heloisa e meus pais, em encontro casual.
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Em 2005, quando eu já tinha neta em Brasília, deu-se meu reencontro com Ipueiras mediante uma reunião de Ano Novo na capital federal na casa de Silvia Mourão, onde Tereza Mourão me falou do grupo da Internet, do site e do blog. Passei então a freqüentar novamente Ipueiras e meus amigos de infância e adolescência.
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Em minha crônica “A Viagem de Nossas Vidas” de 2007, publicada nos blogs Suaveolens e Ipueiras, lá está registrado: “à noite foi o jantar no apartamento do Carlito Matos, meu primo, na companhia de Costa Matos, a esposa Alderi e mais os netos e a nora. Reviramos saudades, como diria Walmir Rosa. Vimos um “show” exclusivo e doméstico do Carlito, grande compositor e intérprete, misto de engenheiro de pesca, compositor, músico e humorista. Impagável! Bebemos à sabedoria de Costa Matos, que presenteou-me com quatro obras literárias premiadas de sua autoria: “Na Trilha dos Matuiús”, “Estações de Sonetos”, “O Rio Subterrâneo”, “O Povoamento da Solidão”, alem de seu Discurso de Posse como membro da Academia Cearense de Letras. Do Carlito ganhei CDs e DVDs contendo suas composições e reportagens. Revi a simpatia de Alderi.
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O nome é Carlos Maria Moreira da Costa Matos. Engenheiro de Pesca, sua tese, defendida em 1976 na Universidade Federal do Ceará, sob orientação do professor José William Bezerra e Silva teve o título: Principais doenças de peixes. Esteve na SUDEPE no Centro Oeste e depois no IBAMA do Ceará onde, soube eu, foi superintendente. A sua paixão contudo, é a música.
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Dele falou Paulo Eduardo Mendes, juiz de direito e comentarista, em 14/4/2007, em artigo publicado no Diário do Nordeste: "Sonorização perfeita de Carlito Matos, num CD com a participação do luminar Waldonys. Miscigenação de som na produção executiva do próprio Carlito Matos que devaneia, no bom sentido, “andando e vivendo” dentro do ritmo das coisas boas da vida". Paulo Eduardo comentava sobre o CD “Andando e Vivendo” que Carlito dividia com o músico Waldonys.
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Carlito esteve conosco na comemoração dos 95 anos de meu pai, seu padrinho de crisma, em companhia de sua filha Carla, jornalista da TV, em 2007 em Fortaleza. Uma peixada no Sirigado.
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No mesmo ano, em evento festivo no Shopping Center Um em Fortaleza, faria mais um grande lançamento. Dele recebí um e-mail dizendo: "Primo, o show foi maravilhoso. Muita gente mesmo. Waldonys dividiu o palco comigo e foi um delírio. Presenças muito ilustres do Frota Neto, Marcondes Rosa, Costa Matos, Renato Bonfim. Enfim, tô feliz como pinto na jaca. Depois te mando algumas fotos. Abraços em todos. Carlito".
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Sobre o evento, o professor universitário Marcondes Rosa escreveu, no blog Ipueiras, crônica intitulada: Inesquecíveis Momentos no Center Um, onde destaca: "Na noite de autógrafos, ali, Carlito Cartos, visivelmente grato e emocionado, autografava, em longa fila: Carlito Matos – Coletânea; Alguém que Sonha e Canta, e Andando e Vivendo".
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E mais: À nossa frente, Carlito Matos e Waldonys a nos brindarem, os dois, com a bem urdida canção “Amando e vivendo”, do Carlitos, lançado por Waldonys no show do Theatro José de Alencar, nos 20 anos de carreira do acordeonista, em mim calando, a recordar a Pe. Angelim em Ipueiras, versos como “Continuo a correr no meu cavalo-de-pau”...
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Sob o artigo, postei meu comentário: "A noite do Center Um aqui retratada por Marcondes Rosa constitui-se num momento privilegiado de nossa vida, nós, que vivemos a juventude em Ipueiras. Carlito, com seu talento, nucleou-nos para um abraço fraterno embalado por seus versos e sua música".
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Está ficando difícil acompanhar a trajetória do primo Carlito. Além da evidente exposição na mídia cearense, sempre que telefono está em viagem. Invejo-o sadiamente. Deve ser um barato experimentar a vertigem do sucesso. Continuamos à espera de mais notícias boas.
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Vida longa e próspera, primo!

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Foto 1- Carlito e sua mãe, D. Alderi, do album do homenageado.
Foto 2- Dr. Spock, de "Jornada nas Estrêlas" no ato da saudação: "Vida longa e próspera!", do site: fanboy.com
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Jean Kleber de Abreu Mattos, cearense, nascido em Fortaleza, viveu em Ipueiras dos dois aos oito anos de idade. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco. Atualmente doutor em fitopatologia, é professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

22.5.08

A INAUGURAÇÃO DO ARCO

Por
Bérgson Frota
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No ano de 1953 nossa cidade (Ipueiras) recebeu a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Em decorrência dos milagres que ocorreram, foi permitida uma permanência maior da imagem na cidade, fato que levou a permissão da construção do arco um ano depois.
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Somente cidades que tiveram na época o privilégio de uma maior duração da visita construíram arcos. O primeiro arco foi de madeira e menor que o atual, caiu numa tempestade. Chamaram então o mesmo arquiteto que fez o Cristo de Ipueiras, Pedro Frutuoso, e este terminou sua obra em 1954.
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Na inauguração, elegeram a rainha do arco, duas princesas e seis damas, a foto é portanto deste evento. Nos meus arquivos, possuo esta foto, só que sem defeito e o nome das participantes.
Na perspectiva de quem vê a foto eis os nomes :
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No centro: Eliza Maria Mello Mourão (rainha)
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Na direita: Miraugusta Campos Farias (princesa), Maria Aglaê Bonfim Medeiros (dama), Cristina Alves de Souza (dama) Ruth Moreira Frota (dama)
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Na esquerda: Solange Rosa de Sousa (princesa), Adelaide Marques Cavalcante (dama), Ivone Holanda (dama), Nazaré Belém Lima (dama).
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Obs : A foto que segue pertence ao autor do artigo. Foi uma foto restaurada por um processo digital.
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NOTA DO BLOG:
1- As jovens rainhas, princesas e damas citadas na legenda desta foto histórica, são hoje respeitadas avós. Sem dúvida contam estas ricas estórias aos atentos netos. Nossa homenagem e nossa saudade desses tempos tão belos. Para ver com mais detalhes, clique na foto.
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Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzido artigos de relevância atual.

17.5.08

O ARCO DE FÁTIMA

Por
Bérgson Frota
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O ano de 1953 foi festivo para o município de Ipueiras, a cidade completava setenta anos de municipalidade e coincidiu com o ano da peregrinação da imagem de Nossa Senhora de Fátima por todo o Brasil, com alegria os ipueirenses receberam a notícia de que a imagem milagrosa visitaria a cidade.
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Às 5 horas da tarde do dia oito de novembro de 1953 a população festivamente recebia o santo ícone, fato inusitado aconteceu neste curto período, um padeiro de nome Vicente, mudo há treze anos, começou a berrar quando a estátua entrava na cidade em procissão dirigindo-se à igreja.
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À medida que avançava o cortejo, tentava o pobre homem receber da Virgem a graça de falar, a multidão gritava - "Viva Nossa Senhora de Fátima!" - e Vicente fazia grunhidos ininteligíveis. De repente como ato de fé legítima o mudo falou e entre lágrimas passou a gritar com os outros a saudação de louvor, tal fato assombrou e maravilhou os presentes.
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Treze horas permaneceu na cidade a imagem mariana, mas o milagre marcou tão profundamente o povo que no mesmo ano construiu-se um arco de madeira para homenagear a Santa.
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Ao arco iam orar católicos da sede do município e dos distritos, mas não tardou e uma tempestade violenta acabou por derrubar este primeiro "altar", o povo reuniu-se e decidiu por construir um arco de alvenaria (foto logo acima), chamando para esta obra o engenheiro-prático Pedro Frutuoso, mestre que dez anos antes havia construído em um morro da cidade a estátua do Cristo Redentor (leia também O Cristo de Ipueiras).
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A obra iniciada em 1953 foi inaugurada com grandes festividades em 1954. No alto ao centro do arco a estátua da Santa com uma coroa iluminada foi posta.
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No ano de 2004 o Arco de Fátima de Ipueiras completou cinqüenta anos, em todo este período sempre no mês de maio precisamente até o dia treze faz-se romarias e orações em louvor à Santa, mesmo tendo como padroeira Nossa Senhora da Conceição, o povo ipueirense ainda hoje presta uma grande devoção à Virgem da Iria.
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(Artigo publicado no jornal O Povo, de Forteleza-Ce, em 22.05.2005)
Foto pertencente ao acervo do grande amigo Carlos Moreira
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NOTA DO BLOG: ainda estamos no mês de maio, mês das mães e mês de Maria. Entre as matérias alusivas, esta de Bérgson Frota, remonta importantes fatos históricos da cidade de Ipueiras.
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Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzido artigos de relevância atual.

15.5.08

NAS ASAS DA LIBERDADE

Por
Dalinha Catunda
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Se muitos Trilham apenas
Os passos da realidade
Eu crio asas e vôo
Atrás da felicidade.
Usufruindo o bom tempo,
Encarando as tempestades.
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Se “navegar é preciso”
Voar então, nem se fala.
Os sonhos trazem magia,
Que contaminam a alma,
O corpo todo se anima
E o bom senso se cala.
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Algemas, peias e antolhos,
Não prendem pensamentos.
Sem âmago aprisionado,
Sou viajante do tempo.
Antolhos eu os retiro,
Algemas eu arrebento.
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Sou passarinho que voa
Sem medo de baladeira.
Mesmo sabendo ser mira
Das velhas atiradeiras
A vida é breve, é fugaz,
Não correr risco é besteira.
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Dou linha a minha pipa,
Que se dane o carretel,
Ele que se arraste pelo chão
Enquanto desfruto do céu.
No grande teatro da vida
Sou dona do meu papel.
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Foto: Betinho voando : inema.com.br
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio (cantinhodadalinha.blogspot). É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

12.5.08

JANELA DE ESPERANÇA

Por
Marcondes Rosa de Sousa

Cena histórica! O POVO e a Assembléia Legislativa lançam, no Plenário 13 de Maio, o livro "A construção do Ceará - Temas de história econômica", de Cláudio Ferreira Lima. Demócrito Dummar a meu lado, coube-me dela extrair as visões em abraço entre o logos (história real) e o mythos (história imaginada). Ensaio-e-erro a buscar um "sentido": o quebrar a flecha da paz, entre o guerreiro branco e Iracema. Moacir, o cearense filho da dor, a construir futuros por terras estranhas. Aqui, rios a oscilar entre a solidária grandiloqüência das cheias e o solitário das secas. Anos 60, VT e a União pelo Ceará; anos 80, o Pró-Mudanças, Celso Furtado, feito guru, o crescimento a metamorfosear-se em desenvolvimento.
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Litoral e sertão, em luta histórica. A irmaná-los, a profecia do Conselheiro: "o sertão a virar mar, o mar a virar sertão". O caminho das águas, a bandeira branca. Agora, hegemonias em cacos, mas "caos produtivo". Nossa educação (indústria científico-cultural), entre as piores do mundo.Agricultura, nem mesmo a familiar. Indústria, o curto fôlego, só a da construção civil. Febre, a efêmera das bolsas (mercado e família). Inteligências múltiplas e verbo, em babel, na construção de ansiado amanhã.
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"Janela de esperança" abre-nos a obra. Recobra-nos as cheias. Sepulta-nos solidões e arranhões. Reacende-nos a luminosidade do inacabado filme de Orson Welles e o "aqui tudo se mexe" dos cineastas nos festivais nacionais e internacionais que aqui realizamos.
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No Museu Histórico e Antropológico, observa-nos, inquieto, o Bode Ioiô, ícone dos laços entre arte, política e boemia, a nos relembrar que, desde o 13 de Maio, o Ceará Moleque proclama que aqui o sol nasce mais cedo. E se não, repete-se a cena de, sonolento, ser vaiado, em plena Praça do Ferreira!
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Publicado originalmente no jornal O Povo - em Fortaleza, a 12/05/2008
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Foto 1: Praça Portugal em Fortaleza-Ceará (site skyscrapercity)
Foto 2: Bode Ioiô; documentário do Museu Histórico e Antropológico do Ceará.
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NOTA DO BLOG: para ler a história do Bode Ioiô, coloque no campo PESQUISAR BLOG, a palavra IOIÔ e clique sobre as palavras PESQUISAR BLOG. Aí, você poderá ler a crônica de Bérgson Frota alusiva ao fato histórico. Também sobre a Vaia ao Sol, recupere a crônica de Marcondes Rosa de Sousa "O povo a vaiar o sol". Basta por a palavra vaiar. A crônica buscada surgirá logo abaixo da crônica do dia. Experimente.
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Marcondes Rosa de Sousa, advogado, é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (UECe). É uma das maiores autoridades em educação do Brasil. Ex-presidente do Conselho de Educação do Ceará e do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, é Colunista do jornal " O Povo ", onde mantém seus artigos quinzenais.

10.5.08

MÃE E MESTRA

Por
Bérgson Frota
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Diz uma antiga lenda que Deus, depois de criar a humanidade, preocupou-se em demasia com sua criação, e que não vendo outra saída, concedeu à mulher um pouco da fagulha de seu amor divino.
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Esta dádiva faz com que a figura da Mãe encarne na Terra a mais perfeita e mais próxima forma de amor que Deus devotou e sempre devota aos homens.
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Todas as Mães são portadoras de luz, diz-se até que ao levar no ventre o filho, em torno de sua cabeça para muitos, cuja sensibilidade é maior, vê-se um halo de flores, como se a saudar a nova vida em gestação.
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Nos olhos daquela que espera, encontra-se uma luz, e muitos hão de dizer : é o pequeno ou a pequena que dentro dela cresce, e já deseja ver pelas pupilas da Mãe, o mundo que lhe espera.
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Saúdo neste trabalho a todas as Mães, as pobres que com sacrifício lutam pela subsistência dos seus filhos, pelas Mães que com alegria encantam o rosto do filho preso ao leito, pelas Mães que já se foram embora nunca esquecidas, e finalmente pelas Mães que, com olhos enternecidos fitam o filho a mamar, envolvidas num êxtase de quase santidade
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Mãe, três letras apenas. Como pode um texto em tão poucas linhas conter o sentimento de amor de um filho ? Como palavras, tão pobres e eternas traiçoeiras das intenções reais dos homens, podem exprimir a real candura dos teus beijos, o afeto dos teus olhos, o cuidado que tuas ações na incondicional e irrestrita doação de amor que gera ?
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Na data em que se comemora o dia das Mães, quero desejar também à minha Mãe, de coração, com gratidão e amor, mesmo um quinto do que de suas mãos recebi, a boa direção, o afeto, e acima de tudo o amor incondicional que me deu, com isto me fazendo crer de forma mais segura e feliz nos meus semelhantes.
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À Ruth Frota Catunda.
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Mestra na profissão, pois era professora, hoje aposentada. Foi mestra também em casa junto aos filhos, meus irmãos com quem soube tratar assim também como a mim , incutindo em nós valores imutáveis de honra, lealdade e amor.
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Fostes minha Mãe boa filha.
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Sim, fostes aquela que esteve junto aos pais e por último os deixou. Fostes aquela que herdou o meio de vida de teu pai, conciliando de forma magistral a arte da farmácia com a da magistratura.
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O que dizer em relação a meu Pai, a quem sempre tratastes com respeito, amor e sacrifício.
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Teu exemplo para mim e meus irmãos é sagrado.
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Teu abnegado sacrifício sempre para nos proporcionar o melhor, o mais aceitável e o justo.
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Fonte eterna de puro amor, Mãe tu és o maior exemplo na terra que o Criador, na sua grande benevolência nos permitiu gozar.
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Feliz dia das Mães minha Mãe, feliz dia das Mães a todas as Mães que com amor, dedicação e afeto, exercem com lucidez e coragem a sempre e insuperável virtude da maternidade.
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Foto da homenageada: álbum de família da Srª. Ruth Frota Catunda
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Publicado no jornal O Povo de Fortaleza-Ce, em 10.05.2008
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Nota do blog: da mesma forma, o blog Suaveolens festeja o dia das mães com a crônica de Bérgson Frota em homenagem à sua mãe Ruth Frota Catunda.
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Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzido artigos de relevância atual.

9.5.08

MÃE SOLTEIRA

Por
Dalinha Catunda

Não foi descaramento,
Nela não havia maldade.
Apenas impulsos, arroubos,
Sintomas da pouca idade.
Ovelha negra era agora
Na boca da sociedade

Sua barriga crescia,
Seu vestido encurtava,
Sua cintura antes fina,
Dia a dia engrossava,
E o filho feito a dois
Sozinha ela carregava.

Seguiu firme sua sina
Carregando barriga e dor.
Lembrava da mãe de cristo
Que pelo seu filho lutou.
E entregava seu destino
Nas mãos do redentor.

Em nenhum momento,
Seu ato a envergonhou.
Com o nariz empinado,
A caminhada continuou.
Segurou firme nos braços,
O que o ventre lhe ofertou.

Boa mãe é com certeza,
E outro filho deu a luz.
Continua mãe solteira,
Sem achar que uma cruz.
Sem dizer amém as regras
Que a sociedade produz.

Apontada como exemplo,
De mãe bem sucedida,
Pelos que antigamente
A chamavam de perdida.
Ela sorri ironicamente
Das voltas que dá a vida.

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Foto: site arara.fr/Retirantes1
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Nota do blog: o blog Suaveolens, ao publicar os presentes versos de Dalinha Catunda, homenageia as mães em seu dia festivo!
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, Escritora e Cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio (cantinhodadalinha.blogspot). É membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

6.5.08

VERSOS TORTOS

Por
Ângela R. Gurgel
(Inspirado em Poema de Linha Reta de F. Pessoa)

Estou cansada de heroínas,
Mulheres que sabem e podem tudo.

Logo eu, tão cheia de defeitos,
Construída de pedaços desfeitos.
Tantas vezes sem respostas,
Perdida entre escolhas e apostas.

Todas as mulheres que conheço são auto-suficientes
Atletas, politicamente corretas, inteligentes.
Nenhuma admite gostar de bobagens,
Ficar horas sem fazer nada, pura inutilidade,
Todas são bem educadas e não falam de sacanagem.
Onde fico, se tem dias que só quero falar de futilidades,
Não estou nem ai para política, ciência, filosofia?
Quero é olhar a lua, namorar e rir um pouco da hipocrisia.

Todas as mulheres do século vinte e um
Detestam a Amélia, falam mal de suas escolhas.
Não conheço nenhuma que confesse gostar de cozinhar
E se confessar é apenas por hobbie, para “desestressar”.

Ah como eu queria encontrar uma, uma mulher que fosse,
Que confessasse que gosta de fazer tarefas domésticas,
Mesmo sendo livre e emancipada,
Que dissesse sem medo ou vergonha,
Que adora ficar em casa sem fazer nada,
Que sai na rua sem maquiagem,
Que já teve medo e sofreu por amor...

Estou cansada dessa geração saúde...
Quero poder viver sem medo de morrer
E ser tudo ou nada, mas ser autenticamente feliz
Mesmo que isso signifique fazer o que nunca fiz!
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Foto: lavando roupa site f64.com.br
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Ângela M. Rodrigues de Oliveira P. Gurgel, poetisa, nasceu em Mossoró-RN, tendo vivido em outras cidades do Rio Grande do Norte (Almino Afonso, Caraúbas, Caicó e Natal) e do Pará (Tucuruí e Marabá). Atualmente mora em Mossoró-RN. Graduada em Ciências Sociais, cursa atualmente Filosofia na UERN (Universidade do Estado do RN) e Direito na UnP (Universidade Potiguar). Já exerceu o cargo de Secretária de Educação em Caráubas, onde também foi Diretora de uma escola de Ensino Médio.

5.5.08

LEMBRANDO DEMÓCRITO DUMMAR

Por
Bérgson Frota
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O falar sobre alguém pressupõe antes de tudo o lembrar, o conhecer, o estudar sobre este, e tal estudo depois de formado traça cirandas e quadros. O personagem então lentamente e aos poucos vai criando forma, e falar de Demócrito Dummar é lembrar. Lembrar a figura e o grande ser humano que foi.
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Mas quem foi Demócrito Dummar ?
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Demócrito Dummar foi antes de tudo um sonhador, um grande visionário, alguém que diferentemente de outros, soube com persistência, humildade e força, concretizar seus sonhos e neste ato inspirar gerações de cearenses com seu exemplo.
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Aos 17 anos entrou no O POVO, como disse uma vez, sua alma, seu coração, e por que não dizer todo o seu ser já estava entranhado nas máquinas e redação deste jornal tão familiar. Havia neste grande homem um misto de jornalista, idealista e concretizador.
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Nunca a quietude se sobrepôs à inquietude de sua alma. Era um jovem que procurava melhorar-se como ser humano no convívio daqueles que como ele laboravam na grande família jornalística em que nasceu e cresceu.
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Sobre o seu caráter o que dizer? Era um homem sóbrio, prático e amigo. Vindo pois de uma família tradicionalmente ligada ao jornalismo era como se percebesse que sobre si pairava uma grande responsabilidade no porvir, e esta não tardou a chegar, quando em maio de 1985 assumiu o cargo de Diretor-Presidente do Grupo de Comunicação O POVO, neto pois do seu fundador, o inesquecível Demócrito Rocha, dava então continuidade familiar a obra do avô.
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Durante todo o período em que permaneceu a frente do jornal a empresa jornalística O POVO cresceu, e neste crescimento estava à frente sua impoluta e corajosa figura. Rádios Am, três Fms, uma editora e finalmente em 2007, uma televisão com fins educativos.
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Quis o destino que ao completar 80 anos, O POVO estivesse sob sua presidência, e que qualificada presidência. Soube traçar metas já no passado quando assumiu o tão alto cargo, e colhia os frutos deste empenho. O jornal como poucos no Brasil, tornou-se inovador, apesar da idade, renovava-se se não dizer por décadas, não seria faltar com a verdade apontar anos, e poucos de diferença um para o outro.
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Era como se a própria vida de Demócrito estivesse espelhada e intrinsecamente ligada ao jornal. E para não faltar, não esquecer de citar a Fundação Demócrito Rocha, que trabalha na área de educação e cultura, proporcionando benefícios cada vez maiores a estudantes, vencendo com seus cursos as barreiras do Estado, fazendo nome ainda mais distante.
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Diz-se que uma grande árvore é melhor medida quando cai, mas este ditado é incorreto, a medida se faz em vida, pela a altura que cresce e pela amplitude de suas copas. Assim não é na morte que vemos o valor do homem, mas na vida, em tudo que fez de positivo e progressista para os seus e a sociedade em geral.
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Tais fatos não se podem negar, pois como ironia, o próprio jornal, a imprensa em si que ele tanto amava e que dedicou quase 45 anos de sua breve vida, são provas de seus atos.
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A sexta-feira, 25 de abril de 2008, sempre trará para todos aqueles que o conheceram, o admiravam e que através de suas inovações seja direta ou indiretamente foram beneficiados, um grande vazio. Faltou algo, àquela tarde calou-se como se o dia não quisesse findar-se, a sociedade quedou-se sentida, pois tal passamento não deixou frio nem o mais impedenirdo cearense.
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Dr. Demócrito Dummar, este trabalho encerra uma homenagem, que se somam a outras muitas, pois sua grande figura é histórica, no entanto, o mais importante serão os frutos de suas inúmeras obras. Elas vicejarão, darão frutos e continuarão a beneficiar os milhares de leitores deste grande e histórico jornal
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Ao grande e notável ser humano Demócrito Dummar as homenagens devidas. O Ceará ficou mais pobre.
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(Publicado no O Povo em 03.05.2008)
Crédito da foto do jornal: sndlatina.blogspot
Crédito da foto de Dr. Dummar: (http://www.cro-ce.org.br/)
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Bérgson Frota, escritor, contista e cronista, é formado em Direito (UNIFOR), Filosofia-Licenciatura (UECE) e Especialista em Metodologia do Ensino Médio e Fundamental (UVA), tem colaborado com os jornais O Povo e Diário do Nordeste, desenvolvendo um trabalho por ele descrito de resgate da memória cultural e produzido artigos de relevância atual.

3.5.08

COMENDO FRUTAS NA GRANDE MAÇÃ

Por
Lin Chau Ming
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Adolescente ainda, ia à casa de uma tia na cidade de São Paulo, no bairro da Liberdade. Rica, morava em uma casa grande para meus padrões. Mas o que me chamava atenção não era o tamanho da casa, mas o do quintal, que era espaçoso e que mantinha um pequeno pomar, contendo, entre outras espécies frutíferas, quatro pés de jabuticaba, da variedade Sabará, de frutos pequenos, casa lisa e bem doce.
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Após correria com meus primos, o grande prazer era ir até àqueles pés de frutíferas e nos deliciarmos com essa fantástica fruta, subindo em seus troncos e pegarmos as bolinhas pretas diretamente da árvore.
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Aqui em Nova York, quase não tem quintal, a maioria das moradias é constituída por apartamentos, onde é difícil o cultivo de alguma planta e, principalmente, haver alguma espécie arbórea. Casas térreas ou sobrados são encontradas nos bairros periféricos da cidade.
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Sendo um país de clima temperado em sua grande proporção territorial, aqui as frutas encontradas nos supermercados são as deste tipo de clima. Encontramos diversas variedades de maçãs, peras, uvas, morangos, ameixas, nectarinas, kiwi, pessegos e caqui, dentre as espécies conhecidas pelos brasileiros. Há outras espécies, não usuais ao padrão brasileiro, como as rapesberry, blueberry, cranberry, blackberry e outras “berry”que é uma designação geral para frutos bacáceos. São pequena frutas, saborosas, vendidas em pequenas caixas de plástico transparente, e não são tão baratas por aqui.
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A cidade de Nova York recebeu o seu famoso apelido provavelmente porque o estado de Nova York é um grande produtor de maçãs. Há muitas variedades desta fruta por aqui. Uma bastante consumida, mas que eu não gostei muito, é a McIntosh, outra, também não tão agradável para o meu paladar, é a Golden Delicious, que é bem grande, com casca verde-dourada. Estou acostumado a comer as variedades que são vendidas no Brasil, Gala e Fuji, de sabor ligeiramente ácido e crocrante, também existentes aqui. Também é possível comer as maçãs argentinas, nossos hermanos conseguem ocupar seu espaço no mercado consumidor americano.
Há diversos sítios ao norte do estado, que cultivam a maçã e cujo principal atrativo é permitir que os visitantes possam colher e comer as frutas diretamente dos pés das plantas. Paga-se pelas frutas colocadas no cesto, as que são consumidas no local são por conta da casa.
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Por falar em preços, a banana aqui não tem, como teve no Brasil, “preço de banana”. Importada da América Central principalmente, é vendida por cerca de 50 centavos a libra (453,6 g), ou seja, mais de um dólar por kilo. Geralmente são bananas grandes, vendidas em pacotes com penca cortada contendo cerca de cinco ou seis frutas. A maioria das frutas temperadas mais comuns tem preços similares, variando de 1 a 2 dólares a libra. Como em qualquer lugar do mundo, se a fruta não é vendida dentro de um período determinado de tempo, o preço cai pela metade, ficam em oferta. Para minha alegria, pois acabo tendo a chance de comprar diferentes tipos de uva, produzidas por aqui mesmo ou importadas do Chile.
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Frutas de clima subtropical ou tropical são relativamente caros também. Laranjas e tangerinas são vendidas por unidade, cerca de 50 cents cada. Acostumado a chupar muita laranja e mixiricas no Brasil, contive essa gula, por causa do preço. Além disso, os cítricos aqui não são tão saborosos quanto os daí. São mais “chochos” e mais adocicados, são de variedades diferentes, mais adequados aos padrões dos paladares americanos. É muito consumida por aqui uma variedade de grapefruit, grande, com polpa cor de vinho, semelhante à nossa laranja sanguínea, porém com aquele característico amargor, agradável para muitos.
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Mangas e abacates são bem diferentes também, menores. Os abacates, vindo do México, são pequenos, de casca escura e cheia de verrugas, Há uma variedade de casca preta. As mangas, não soube sua procedência, mas são parecidas com uma variedade antiga brasileira, a espada, mas com a polpa mais clara.
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Melão e mamão também são frutas facilmente encontradas por aqui. O primeiro, vindo da Guatemala ou da Costa Rica e a outra, do México. São todas frutas vistosas, mas, colhidas precocemente, “fora do ponto” para os meus padrões de paladar, não são tão doces assim.
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Todas essas frutas que citei são encontradas em qualquer supermercado da cidade. Há outras espécies encontradas apenas em determinados mercados locais, característicos de algumas regiões do planeta. Ou seja, se quiser comprar determinadas frutas tropicais, terá que ir, por exemplo, aos mercados da “Chinatown”. Lá podem ser encontradas frutas como lichia, olho de dragão, mangustão, jaca e uma que eu esqueci o nome, uma fruta grande, tamanho de uma bola de futsal, com grandes protuberâncias agudas e que o pessoal fala que tem “o cheiro do inferno e o sabor do céu”, devido ao seu forte odor, mas de sabor incomparável. Não comprei, por ter achado caro, mas vou economizar um dinheiro para experimentá-lo.
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Nos mercados mexicanos e latino encontra-se goiaba, sim, a nossa goiaba, que se espalhou pelo mundo tropical afora. Minha mãe me dizia, ainda criança, que considerava a goiaba que ela comia na China bem mais saborosa que a goiaba brasileira. Naquela época, eu nem imaginava estudar os centro de origens das plantas cultivadas, sabia que tinha goiaba nos quintais de algumas casas perto de onde morava (na minha também tinha um pé) e acreditava na minha mãe. A goiaba, então deveria ser de ocorrência mais ampla. Hoje sei que a fruta foi levada para outras partes do mundo, a partir do Brasil e que os outros países desenvolveram diferentes variedades, seja na cor, no tamanho, no sabor, no cheiro, na resistência a alguma praga ou doença. Alguns anos atrás, quando estive na Tailândia, pude experimentar uma goiaba de lá, grande, de formato bem arredondado, de polpa branca, doce , sem o bicho da goiaba dentro. Apreciei a variedade, que deve ter sido desenvolvida por lá.
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Foi na Tailândia também que “descobri” que há outras espécies de manga. Acostumado a ter na cabeça o nome científico dela, Mangifera indica, não me ocorria, por ignorância, poder haver outras espécies daquele gênero. Mas há, sim, algumas outras espécies deste gênero.
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Apesar de gostar muito de frutas, tenho que ser comedido, por ser diabético. Há algumas contas a serem feitas, pelos diabéticos, para se calcular o máximo de frutas que se pode comer por dia. Essa conta é meio desgraçada para quem gosta, como eu, de comer muita fruta e estar acostumado a isso. Posso comer apenas, por exemplo, por refeição, uma das seguintes alternativas: meia maçã, meia banana, uma laranja ou uma dezena de bagos de uva. Tenho dificuldade de respeitar esses limites, mas tenho que tentar. É uma nova situação, à qual eu devo me acomodar, se quiser garantir uma vida mais longa e saudável, qualquer que seja o país onde eu estiver morando.
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Que saudade de poder chupar umas jaboticabas no pé ...
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Foto: frutas. Blog do CNPAT- Embrapa.
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Lin Chau Ming é engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Ensino "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (1981), doutor em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996) e doutor em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995). Atualmente é professor titular da UNESP em Botucatú-São Paulo. É editor chefe da Revista Brasileira de Plantas Medicinais. Cursa atualmente o pós-doutorado na área de Etnobotânica na Columbia University, em Nova York.