Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

11.2.08

DE COMO TENTAR EVITAR O FAST FOOD

Por
Lin Chau Ming
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Tenho uma cunhada que trabalha como caixa em um banco no Paraná e ela tem 15 minutos para almoçar. Isso mesmo, 15 longos minutos... Por morar em uma cidade pequena e a agência bancária ficar a poucos quarteirões da casa, consegue voltar e almoçar com a filha e o meu cunhado.
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Isso é uma exceção (o fato de poder almoçar com a família) para os bancários. Não sei direito como funciona o horário para os funcionários de bancos, mas, penso que é um tempo extremamente curto, não sei se é assim em todos os bancos. Mas é uma demonstração de que estamos nos aproximando do sistema americano de horário de trabalho. Aliás, como também não sei como funciona esse sistema por aqui, se é que existe algum sistema, minhas considerações se referem ao que eu pude observar.
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Na Columbia University, existe um número grande de restaurantes e lanchonetes nas avenidas e ruas ao seu entorno. É possível observar suas mesas e bancos lotados, num horário que varia das 10:00h (para o brunch, que vem a ser um misto entre breakfast e lunch) até às 16:00h. Sim, tem gente que almoça nesse horário, aliás, muita gente. Ou seja, não existe horário fixo de almoço. E logo retornam à universidade.
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Meu orientador não tem horário de chegar e nem de sair, e consequentemente, nem de almoçar. Em geral, almoça perto das 13:30-14:00h, quando não aparece nenhum orientado para conversar, então ele tem que adiar seu horário um pouco mais. E como os outros, assim que termina de almoçar, volta imediatamente ao trabalho.
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Numa foto de meia página em um jornal diário daqui era mostrado um grupo de jovens executivos de uma das grandes corporações financeiras de Wall Street, em seu horário de almoço. Sabe onde eles estavam almoçando, aproveitando um pouco do sol que havia naquele dia? Numa praça perto da bolsa de valores de Nova York, mal acomodados em um banco, comendo fatias de pizza com refrigerante...
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Isso sim, é vida, pobres coitados. Mas eles não têm culpa, foram levados a fazer isso pela necessidade imposta pelo trabalho, assim como a grande maioria dos trabalhadores daqui.
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Conversei com funcionários da Columbia e eles têm uma hora de almoço. Empregados da construção civil também. Professores do ensino secundário apenas 45 minutos.
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Em Botucatu, se quisesse, eu poderia ter duas horas de almoço. Geralmente uso cerca de uma hora e meia, mas consigo ir para casa, almoçar com a família, tirar uma soneca e então, voltar restabelecido para a faculdade. Acostumei a tirar a soneca, mesmo que seja por uns dez minutos apenas. Outra diferença, não como em fast-food, mas sim, uma comida bem caseira, com todos os ingredientes nutricionais necessários. Como bom oriental, não prescindo de umas boas porções de hortaliças em todas as refeições.
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Aqui, as alternativas não são tão saudáveis assim, há sempre uma carinha do senhor da KFC a nos olhar, um sinal do McDonald’s a tentar nos indicar o local, o sanduíche estilizado do Burger King, ou mesmo a casinha da Pizza Hut, além de tantas outras lanchonetes menos conhecidas, distribuídas por toda a cidade. Para os menos endinheirados, encontrar algum restaurante chinês é sempre interessante, pelos baixos preços.
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Estatísticas atuais mostram que cerca de 75% da população americana tem sobrepeso. É muito comum ver pelas ruas daqui pessoas obesas, mas perguntei sobre a estatística e me disseram que a cidade não está dentro desse índice, que isso é mais visível na região central americana. Parece ser verdade, se for fazer a comparação visual das pessoas obesas mostradas nos noticiários de televisão, a maioria delas branca, com as desta cidade. Esses índices mostram que o país campeão é uma ilha da Polinésia, onde mais de 90% da população é obesa. Os nossos vizinhos argentinos são os campeões da América do Sul, ganham facilmente de nós, ainda bem, é um título que não queremos.
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A obesidade tem a ver com o fator hereditário, mas principalmente, pelo hábito de vida. Alguns povos são obesos por fatores genéticos, outros para mostrar status (riqueza ou nobreza era demonstrada pela barriga avantajada), mas todo o restante, se deve ao hábito de comer inadequada ou demasiadamente.
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Nestes fast-foods se come muito carboidrato e muita fritura. Preocupados com isso (lembrem-se do processo movido contra o McDonald’s, por um homem que ficou comendo hamburgeres dessa empresa não sei por quanto tempo e ficou obeso), os americanos estão repensando algumas coisas. E já tomaram a decisão, acertada por sinal, de proibir o uso de gordura vegetal hidrogenada, um dos principais aliados da obesidade e do infarto do miocárdio, nos alimentos servidos nos restaurantes e lanchonetes da cidade de Nova York.
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Não costumo comer sanduíches e por aqui não tenho ido a lanchonetes. Também não tenho horário fixo para almoçar, pois ficar trabalhando muito concentrado faz a gente esquecer da fome. Isso me preocupa, pois posso acabar ficando igual aos americanos no tocante ao horário e tempo de almoço.
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Quando estou na Columbia, almoço em algum restaurante chinês (por necessidade financeira e também pelo hábito nativo) ou cozinho em casa e levo uma pequena marmita para a universidade, equilibrada nutricionalmente (penso eu), e me concedo uma hora para o almoço, afinal, também tenho que voltar a trabalhar. Mas, ficar comendo nesses fast-foods, podem ter certeza, não ficarei.
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Não tenho estômago para isso.
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Foto do sanduiche : sistema de divulgação da empresa Mc Donalds.
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Lin Chau Ming é engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Ensino "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (1981), doutor em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996) e doutor em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995). Atualmente é professor adjunto da UNESP em Botucatú-São Paulo. É editor chefe da Revista Brasileira de Plantas medicinais. Este ano (2007), está em Nova York, na Columbia University, fazendo pós-doutorado na área de Etnobotânica.

1 Comentários:

Blogger Jean Kleber disse...

Quem não já comeu fast food? Para mim o fast food é uma variação de fim-de-semana. O artigo do prof. Lin coloca a questão de maneira bastante vivencial. Curtam.

11.2.08  

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