Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

30.9.07


DUAS HOMENAGENS

Por
Bérgson Frota


O VALETE DE ESPADAS
(A GERARDO MELLO MOURÃO)

Gerardo Mello Mourão consegue no livro “O Valete de Espadas” a superação literária que muitos buscam e poucos conseguem.

O romance escrito durante a década de 40 na prisão, narra histórias que levam o leitor ao questionamento da própria lucidez.

Entremeando realidade com fantasia, o protagonista conforma-se com as alterações que vão surgindo em sua vida para depois descobrir que é na incerteza que se encontra a natureza da própria vida.

A primeira edição de “O Valete de Espadas” foi lançada em 1960. Mesmo antes de ser publicado o romance foi alvo de muitas críticas, pois os manuscritos passaram pelas mãos de grandes escritores. Muitos condenaram a obra outros teceram grandes elogios.

Depois de publicado não pararam de suceder-se edições seguidas da obra que para muitos detém uma enigmática mensagem de vida do autor.

A saga de Gonçalo Falcão de Val-de-Cães é uma epopéia dos tempos modernos que o autor de forma intrigante consegue desenvolver em oito capítulos. Logo no primeiro, intitulado “O Navio”, se tem a apresentação do protagonista e sua clara desorientação da realidade que ao invés de ser por ele apreendida e compreendida é uma prisão desorientadora de sua sã consciência.

Indicado por uma universidade americana em 1979 para concorrer ao Nobel de Literatura, o romance deste cearense de Ipueiras, marca as letras brasileiras como uma forma definidora de uma nova rota de narrativa.

Franklin de Oliveira na sua apresentação do romance resumiu em uma frase o que era a obra tão criticada : “O Valete de Espadas integra a grande família centro-européia do romance expressionista criado, numa hora agônica de nossa civilização, para refletir a situação do homem contemporâneo sob o impacto do absurdo.

Gerardo Mello Mourão foi também escolhido e consagrado no ano de 1994, como o “Poeta do Século XX” pela Guilda Órfica, uma sociedade poética criada na Europa no século XVI.

Residindo no Rio há décadas, o poeta visita regularmente seu Estado bem como sua cidade natal, mostrando na sua privilegiada intelectualidade a importância das raízes na vida e criação de um artista.

Ao completar 45 anos de sua primeira publicação “O Valete de Espadas” ainda é um romance cheio de mistérios, de símbolos, de códigos que instiga ao leitor vários questionamentos, entre eles o mais importante, a natureza da existência humana como obra individual ou soma de um conjunto coletivo de fatos.
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Nota do autor : O artigo acima foi publicado no jornal O POVO em 08.01.2006, na época o grande escritor e poeta ainda vivo fez através de meu pai chegar a mim uma pequena nota de agradecimento pela lembrança. Por fidelidade ao trabalho não o alterei, fica como uma humilde homenagem a quem tanto fez por Ipueiras e pelo Brasil.
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OS SÁBADOS DE MACAMBIRA
(A ANTÔNIO FROTA NETO)

“Era quase sempre sábado em Macambira” completará em 2007, vinte anos de seu lançamento. Durante estas duas crescentes décadas, o livro foi se tornando aos poucos uma obra prima da literatura memorialista interiorana cearense.

Seu tema não são as experiências, mas a ânsia de contá-las. Narradas por um jovem que está aprendendo e ao mesmo tempo internizando a vida complexa e rica de seu torrão natal.

Frota Neto enfrenta suas próprias memórias de juventude e escreve um romance de recriação, mudando de alguns o nome, doutros a região. Até a cidade quando então Ipueiras, lê-se agora Macambira.

Não deixa de ser um livro autobiográfico lançado na maturidade. Os acontecimentos na vida do autor, ultrapassam o interesse comum e ganham o interesse geral.

É um romance de formação, informação e recordação, onde não há um só episódio narrado com particular elegância e relevância para o leitor.

Recriar e criar a Ipueiras de uma época é a preocupação do autor, e como toda recriação, renova-a com outro nome. Construindo lá o que na arte de contar histórias dá liberdade e traz riquezas à narrativa, detalhes e novos traços.

O leitor vê-se ao ler esta obra, inserido dentro de um universo interiorano com seus tipos marcantes, e apesar da semelhança dos tipos físicos e urbanos, o lugar é Macambira, e lá quase sempre era sábado.

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Fotos: 1. Gerardo Mello Mourão: http://www.ipueiras.ce.gov.br/ 2. Frota Neto em maio de 2007, ao lado de Tereza Mourão e familiares de Edmundo Medeiros na biblioteca do Senado Federal do Brasil no dia da homenagem "post mortem" a Gerardo Mello Mourão, e lançamento do livro "A Saga de Gerardo: um Mello Mourão", de José Luis Araújo Lira (acervo de Tereza Mourão).
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Nota do autor : O artigo foi publicado no jornal O POVO em Fortaleza-CE, em 12.11.2006, daí no texto se ler “ ... completará em 2007”, não quis altera-lo. Quanto ao título, foi originalmente “Os Sábados de Macambira”, mas sofreu da redação a mudança para “Macambira”.

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Bérgson Frota, formado em Filosofia/Licenciatura pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e em Direito pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), é um prestigiado cronista ipueirense e pesquisador da história e da geografia do Ceará, especialmente da cidade de Ipueiras. É professor visitante da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e professor de Grego Clássico no Seminário da Prainha - Fortaleza.

29.9.07

NÃO SEREI A MESMA PARA SEMPRE

Por
Ângela Rodrigues

Desistam, não quero fórmulas infalíveis

Com receitas prontas, tiradas de manuais,

Não, não sou assim, quero muito mais,

Quero viver perseguindo meus sonhos possíveis

Seguindo meu coração, mas ouvindo a razão.

Quero fazer tudo com vontade e paixão

De forma plena, intensa e verdadeira,

Nem sei viver pela metade, voando rasteira,

Sou diferente, não gosto de hipocrisia,

Arrisco nascer todo dia e de um jeito natural,

Procuro não perder minha essência pessoal

Enfrentando a dor com coragem e alegria.

Mesmo quando sinto medo e desespero,

Não me permito ceder ao desejo de desistir,

Pois bem maior e mais forte que esse apelo

É minha vontade de enfrentar a vida e seguir

Sendo hoje e sempre eu mesma,

Mesmo sabendo que não serei a mesma pra sempre.
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Nota do blog: em consonância com os versos, Ângela Gurgel assinou-se Ângela Rodrigues.
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Figura:Espelho Digital
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Ângela M. Rodrigues de Oliveira P. Gurgel, poetisa, nasceu em Mossoró-RN, tendo vivido em outras cidades do Rio Grande do Norte (Almino Afonso, Caraúbas, Caicó e Natal) e do Pará (Tucuruí e Marabá). Atualmente mora em Mossoró-RN. Graduada em Ciências Sociais, cursa atualmente Filosofia na UERN (Universidade do Estado do RN) e Direito na UnP (Universidade Potiguar). Já exerceu o cargo de Secretária de Educação em Caráubas, onde também foi Diretora de uma escola de Ensino Médio.

25.9.07

AQUILES PERES MOTA

BIOGRAFIA DE UM GRANDE POLÍTICO

Por
Bérgson Frota

Aquiles Peres Mota, filho de Otacílio Mota e Antônia Peres Mota, nasceu em 9 de agosto de 1924 em Ipueiras.

Desde cedo a política corria de forma clara no seu sangue. Filho de um líder partidário local, Aquiles logo aprendeu as duas faces do poder, e desse aprendizado fez uso na sua vida de forma coerente, honesta e brilhante.

Em Fortaleza, a atuação política de Aquiles Peres Mota, inicia-se na década de 40. Entre os anos de 1945 e 1946 foi líder estudantil, integrando de forma atuante a direção da Casa do Estudante Secundarista (Centro Estudantil Cearense) e em 1950, como filiado da União Democrática Nacional (UDN), foi candidato a deputado estadual pela primeira vez, não sendo eleito, ficou na suplência da bancada da UDN na Assembléia.

Casou-se com Lia Sabóia Peres Mota que lhe deu duas filhas, Zuíla Sabóia Peres Mota e Liliane Sabóia Peres Mota.

Formou-se em advocacia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), em 1952. Foi Promotor Público em Guaraciaba do Norte, São Benedito e Ipueiras. Deputado Estadual com oito mandatos consecutivos, passando pela UDN e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), com o fim do bipartidarismo, filiou-se ao Partido Progressista Brasileiro (PPB). Foi Primeiro Secretário da Assembléia Legislativa do Estado do Ceará e seu presidente nos biênios 1983-1984 e em 1986-1987.

Enfrentou uma única vez uma disputa majoritária, sendo candidato a vice-governador na chapa encabeçada pelo então vice-governador Adauto Bezerra (PFL). Adauto foi derrotado pelo empresário Tasso Jereissati (PMDB).

Em 1990, Aquiles Peres Mota enfrentou sua última disputa política ao se candidatar como Deputado Estadual, obtendo 12.045 votos, ficando na suplência do PDS na Assembléia. Sua história como político aqui se encerra, vale lembrar, porém, a importância política que teve como influente moderador e articulador nos antigos governos de Virgílio Távora, Adauto Bezerra e César Carls, durante e depois do período revolucionário de 1964.

Como expressão de seu grande caráter e respeito pela política e aos que a ela se dedicam, narro o seguinte fato : “Foi o último orador a ocupar a tribuna do Paço Senador Alencar, na antiga sede do poder legislativo estadual. Num gesto de amor e respeito, e de forma simbólica, representando todos os que tiveram passagem pelo centenário prédio instalado em 1871, comovidamente na despedida beijou a Tribuna, deixando transparecer a emoção em lágrimas.”

Aquiles Peres Mota faleceu em 19 de março de 2000.
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Nota do autor : Artigo publicado em 16.09.2007 no O POVO, lido na noite do dia 17 na amplificadora Vale do Jatobá em Ipueiras. Hesitei em enviar este trabalho, mas como a figura pode ser apontada como a mais influente da política estadual do Ceará que surgiu em Ipueiras no século passado, achei que seria um erro omitir sua biografia.
(Foto de Aquiles Peres Mota - cortesia do amigo Carlos Moreira – gestor do Blog Primeira Coluna
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Bérgson Frota, formado em Filosofia/Licenciatura pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e em Direito pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), é um prestigiado cronista ipueirense e pesquisador da história e da geografia do Ceará, especialmente da cidade de Ipueiras. É professor visitante da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e professor de Grego Clássico no Seminário da Prainha - Fortaleza.

22.9.07

MAIS DO EFEITO ESTUFA

Por
Lin Chau Ming

Acabei de assistir ao filme An inconvenient thuth, de Al Gore. Ganhou o Oscar deste ano, como melhor documentário. Não gostei do estilo do filme, me pareceu muito a uma peça publicitária do ex-vice presidente dos EUA e candidato derrotado na primeira eleição do atual presidente, apesar dos problemas havido das urnas e da contagem dos votos na Flórida, lembram-se disso?
Li uma reportagem com ele e quando perguntado se seria candidato novamente, depois do prêmio, disse que o que o preocupava agora era poder levar sua mensagem a todos os cantos do mundo. Ver para crer.

Apesar de não ter gostado do filme, fiquei impressionado com algumas informações apresentadas e também de suas imagens. Nunca havia visto imagens de tantas partes do mundo que estão correndo sérias ameaças. Imagens que não mascaram a realidade, que mostram que se não fizermos nada, em poucos anos, estaremos em um planeta extremamente alterado, para pior, corroborados por dados científicos, que mostram uma tendência do aquecimento global, em especial, dos anos recentes.

Os Estados Unidos são responsáveis por cerca de 30% da emissão do gás carbônico em nível mundial. A América do Sul por cerca de 3,8%, segundo informações do filme. Ao contrário do Brasil, cuja maior porcentagem se refere a processos associados a atividades agrícolas, nos Estados Unidos e nos países desenvolvidos, se referem a atividades industriais. A China avança a passos largos, como todos sabemos, contribuindo para o aumento do efeito estufa, com a construção de praticamente uma fábrica que usa combustíveis fósseis por dia.

Li num jornal aqui, que a cidade de Nova York é responsável por 1% do total americano, semelhante ao índice da Irlanda ou Portugal.. Fazendo as contas por número de habitantes, não é a pior média. Porém, cerca de 79% do total novaryorkino sai dos prédios da cidade. Sim, por incrível que pareça, a contribuição dessa cidade se refere a atividade existentes nos edifícios e arranhas-céus, que aumentou 8,5% na última década e se espera um aumento de 25% até 2030..
O principal vilão dessa história são os sistemas de aquecimento dos prédios. Como aquele que pude conhecer e relatar um pouco. Não tinha me apercebido disso, mas refletindo melhor, o consumo de combustível fóssil per capita nos prédios é muito grande.

Mesmo que não queira, todo morador daqui contribui para o aquecimento global. Todo prédio é obrigado por lei a manter tal sistema de aquecimento central. As despesas de consumo de energia elétrica e de gás do fogão são pagas pelo inquilino, todo mês recebo a conta desses dois serviços, que são feitos por uma mesma empresa, a conEdison, que leva esse nome em função do nome de seu fundador, Thomas Alva Edison, sim, aquele que inventou lâmpada elétrica, além do fonógrafo, da máquina de filmar, as pilhas elétricas e que teve outras milhares de patentes registradas em seu nome.

A energia elétrica é produzida por diversas formas, mas há ainda termo-elétricas, que usam carvão mineral, a um consumo de cerca de 50 kg por habitante/ano na cidade de Nova York, segundo estatísticas de um grupo ambientalista da Columbia (Go Green Columbia). Fazendo as contas pelo número de habitantes, é possível imaginar a quantidade gasta desse minério.

As despesas de combustível para a caldeira que aquece a água e os sistemas de aquecimento são por conta, na maioria dos casos, dos landlords, ou seja, são os proprietários dos imóveis que arcam com isso, apesar de eu achar que essa despesa já está embutida no valor do aluguel, que está pela hora da morte nessa cidade.

Então, os rolos de fumaça escura (às vezes branca) que saem de todos os prédios daqui indicam que o problema não está resolvido ainda. Algumas alternativas são possíveis para diminuir essa emissão de gases e a cidade já está tomando algumas providências, como por exemplo, usando veículos com combustível alternativo (os ônibus são um híbrido de sistema elétrico e diesel), utilização de metano produzido nos aterros sanitários, lâmpadas mais eficientes, substituição de veículos mais poluentes e plantio de mais árvores em toda a cidade.

E todos podemos fazer um pouco. Eu contribuo aqui no apartamento onde moro reciclando os materiais, guardando os sacos plásticos, apagando as luzes em cômodos não utilizados, abrindo as cortinas para aproveitar a luz natural e tomando meu banho bem rápido, resultado da experiência com o apagão no Brasil, anos atrás, mas também pela situação mundial, juntando necessidade de diminuir a emissão dos gases com a necessidade de se economizar água.

É uma ação pequena, individual, mas é um começo. Cada um deve contribuir, mesmo que seja em iniciativa inusitada, como a de um político na Inglaterra que afirmou não dar descarga toda vez que ia ao banheiro urinar, por economia de água, para ojeriza da rainha.
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Foto Por-do-Sol: Microsoft
Foto Lin Chau Ming: http://www.editorasaraiva.com.br/eddid/ciencias/
biblioteca/artigos/selva.html
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Lin Chau Ming é engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Ensino "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (1981), doutor em Agronomia (Produção Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1996) e doutor em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995). Atualmente é professor adjunto da UNESP em Botucatú-São Paulo. É editor chefe da Revista Brasileira de Plantas Medicinais. Neste ano (2007), está em Nova York, na Columbia University, fazendo pós-doutorado na área de Etnobotânica.

20.9.07

A VOZ DE IPUEIRAS

COMEMORANDO O DIA DO RÁDIO
Por
Dalinha Aragão
(A José Arimatéia Catunda)
As desventuras da vida
Não arrancaram o sorriso
Que ilumina seu rosto.
Continua seu ofício.
P'ra ele não é sacrifício
Permanecer em seu posto

Sei que, em sua humildade,
Até hoje ainda não sabe
Seu verdadeiro valor.
Foi tal ser iluminado
Que embalou, no passado,
Os nossos sonhos de amor.

Foi ele a trilha sonora
Das tristes e alegres histórias
Que nossa gente viveu.
Foi ele a alma da praça,
Que se enchia de graça
A cada anoitecer.

Foi ele o som de Ipueiras
Naqueles anos dourados.
Ouvíamos recentes sucessos
Por ele selecionados.
Era Ipueiras cantando
Como se um mundo encantado.

É ele o valente guerreiro,
Que animou sem parar,
Mantendo, com alegria,
A Vale do Jatobá,
Rádio que deu vida e voz
Ao nosso pequeno lugar.

É ele uma andorinha,
”Sozinha fazendo verão”,
Espalhando suas músicas
Como nos tempos de então,
Arrancando doces suspiros
De quem viveu de emoção.

É ele a saudade constante
Dos incorrigíveis amantes,
Que sonham com antigos amores.
É ele o bolero tocado,
Tocando-nos o fundo da alma,
Na busca dos velhos sabores.

Orquídeas, rosas, violetas
Certamente não foram em vão.
Formam um buquê de saudades
Que trago em meu coração.
Regadas com todo o carinho,
Por certo não murcharão.

Às vezes, me pego cantanto,
Em meu jeito de cantar...
"Por que não paras relógio?
"Não cessa o teu badalar!"
Quero passear na avenida,
Ouvindo a rádio tocar.

Mas a avenida está distante
E até de nome mudou.
Do testamento de Judas,
Só a saudade ficou.
"E agora José?"
Será que o sonho acabou?
A Arimatéia Catunda,
Minha eterna gratidão.
Pelo som de suas músicas
Gerando amor e paixão.
Como eu, muitos amigos
Viveram a mesma emoção.
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Foto de Arimatéia: acervo de Bérgson Frota
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – POETISA, ESCRITORA E CORDELISTA. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio:
http://www.cantinhodadalinha.blogspot.com/

17.9.07

VAVÁ E LOURDITE EM BRASÍLIA

Por
Tereza Melo Mourão
Co-gestora do Blog

Em 9 de setembro de 2007, Antonio Wagner Melo Mourão (Vává) e a esposa Maria de Lourdes Mourão Catunda (Lourdite) em visita à Brasília, encontraram-se com parentes e amigos contemporâneos de Ipueiras dos anos 50.

O evento se deu no Parque da Cidade, na Festa dos Estados, seguido do almoço no restaurante Alpinus. Juntos, o filho do casal Antonio Wagner Melo Mourão Junior e sua noiva Alessandra.

Os demais membros da família foram Carmen Melo Mourão, Tereza Melo Mourão e o filho Inácio Emiliano Melo Mourão Pinto.
Vavá, Carmen e Tereza, são filhos do histórico prefeito Tim Mourão, que governou Ipueiras nos anos 50.

Compareceram ao encontro Jean Kleber Mattos, a esposa Heloisa Helena e os filhos Ivan e Vanessa, esta com o namorado Marcelo.

Em pauta, as histórias da cidade e a festa de despedida de Lourdite (filha do histórico tabelião Zeca Bento), que, ao aposentar-se, deixou a direção da Escola de Ensino Fundamental Cleusa Melo, que funciona hoje no mesmo terreno onde outrora, anos 40 e 50, funcionou o Educandário N.S. da Conceição, sob a direção de Sebastião Mattos Sobrinho, pai de Jean Kleber. Vidas entrelaçadas, Carmen Melo Mourão foi aluna do antigo Educandário.

Na mesma semana Vavá e familiares foram recebidos por Frota Neto em sua residência. Lourdite pertence à diretoria do Instituto Frota Neto, entidade cultural criada por Frota para apoio aos estudantes de Ipueiras.





11.9.07

A MORTE DA INGAZEIRA

Por
Dalinha Catunda
(Comemorando o Dia da Árvore)

Às margens do rio Pai Mané
Soberana e altaneira,
Em meio a tantas árvores
Destacava-se uma ingazeira.

Sua beleza era tanta
Que roubava a atenção
Daqueles que passavam
Por aquela região.

O meu olhar encantado,
Admirava sem cansar
A obra da natureza
Ornamentando o lugar

Passei algum tempo fora
Mas dela nunca esqueci
Quando voltei à cidade,
P'ra revê-la então corri

Qual não foi minha tristeza,
Qual não foi minha agonia,
Em vez da árvore frondosa,
apenas um esqueleto havia

Aquele esqueleto é o símbolo,
Da farta destruição,
Motivada pelas queimadas,
Prática em nosso sertão.
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Foto de Ingazeira:
http://www.bibvirt.futuro.usp.br/index.php/imagens/
enciclopedia_de_plantas_flores/anga
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Maria de Lourdes Aragão Catunda – Poetisa, escritora e cordelista. Nascida e criada em Ipueiras-CE, conhecida popularmente como Dalinha Catunda, vive atualmente no Rio de Janeiro. Publica nos jornais "Diário do Nordeste" e "O Povo", nas revistas "Cidade Universidade" e "Municípios" e nos blogs: Primeira Coluna, Ipueiras e Ethos-Paidéia. É co-gestora convidada do blog Suaveolens, além de ter blog próprio:
http://www.cantinhodadalinha.blogspot.com/

7.9.07

MÚSICA E POESIA

PRESENÇAS

Por Carlito Matos

Eu quero ver um pôr-do-sol diferente.
Daqueles que acalmam a alma e acendem a mente.
Daqueles que deixam no céu desafio pra lua:
que venha com suas estrelas encantar a rua!

Meus olhos navegam, serenos. Gaivota me leva
em asas que medem a vontade que o sonho conserva.

Suspiro profundo.
Ai, meu Deus! Mas que coisa bonita!
O doce das vozes que traz esta paz infinita.

Você bem que podia parar pra sentir mais de perto
pequenas presenças que brilham ao olho desperto.
Atalhos que levam ligeiro a qualquer lugar
atrasam as respostas que nascem do bem-demorar.

Suspiro profundo.
Ai, meu Deus! Alguém vai me entender?
Os segredos da vida descobre aquele que vê.

ANDANDO E VIVENDO

Por Carlito Matos

O menino que cresceu e eu nem percebi
no espelho, estampado, como envelheci.
Mas, o coração é leve, é pluma no ar
enfrentando os perigos desse verbo AMAR.

Continuo a correr no meu cavalo-de-pau.
Ora salvando a mocinha, ora perdendo pro mal.
Me enganando com o instante de rasgar meu manto,
pois não há momento certo para quem caminha tanto.

A outra face ao tapa. Sai ali e escapa da mesmice do sempre.

Minha vontade é tão viva, me leva e me traz.
Me acena vôo mais longe.
Me dá um tempo a mais
para não aceitar a vida do jeito que fulano diz.

Olha, pelas minhas contas, ainda nem fui feliz.
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Foto de fada: www.ceticismoaberto.com/referencias/fadas.htm
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Nota do blog: estamos preparando matéria sobre Carlito Matos. Por enquanto vai este aperitivo para o leitor sentir a força do poeta. São duas letras de músicas de Carlito, de maior sucesso em Fortaleza e também no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Aguardem portanto uma biografia informal para as próximas postagens.
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Carlos Maria Moreira da Costa Matos, ipueirense, filho do poeta ipueirense José Costa Matos e da ipueirense Alderi Moreira. Formou-se Engenheiro de Pesca no primeiro semestre de 1976, na Universidade Federal do Ceará, foi pesquisador da SUDEPE em Brasília e superintendente do IBAMA no Ceará na virada do milênio. Dedica-se hoje também à música e à poesia. Para o crítico Paulo Eduardo Mendes, Juiz de Direito e jornalista, “Carlito Matos é um vitorioso no campo das escalas musicais. Músico de escol patrulhando temas de vocalização capaz de honrar sua gleba.”