Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

16.7.07

É TEMPO DE FÉRIAS

Por
Bérgson Frota


As férias foram e ainda continuam a ser um tempo de alegria, diversão e descobertas para estudantes de todas as épocas e idades.

Quando criança, em Ipueiras, não era diferente.

O inverno havia deixado açudes cheios e a vegetação, mesmo já começando a tornar-se verde-cinza, dava ao ambiente uma sensação de estação atípica, como se temperada.

Tomávamos longos banhos no açude da Cadeia, o maior e mais central. Percorríamos várias trilhas pelo leito seco, arenoso e sinuante do rio Jatobá, até descer ao Lamarão, o lugarejo mais distante na época.

No caminho cacimbas e poços, de onde ainda até se podia pegar com tarrafas e landuás as famosas piabas e alguns peixes grandes que haviam ficado presos pela rápida queda que sempre se dava no nível do rio.

Do meio dia em diante estávamos na praça, brincando com o vento seco e forte que cercado pelos morros, voltava-se para a cidade, varrendo ruas, levantando ondas de poeira e desfolhando pés de castanholas, fazendo balançar a copa das ainda remanescentes carnaubeiras e no céu rodar nossos papagaios.

Nas Crôas, região fértil próxima ao leito do rio, mas já distante da ponte, havia vários pés de manga. Era o “oásis das mangueiras”, lugar que costumávamos ir e arriscarmos-nos, subindo nos mais altos e finos galhos, porém os mais carregados, para tirar os cachos de manga, em sua maior parte, ainda verdes.

Não raro caía um, dois ou três, e lá íamos nós ajudar. Alguns passavam o restante do mês a se recuperar de uma perna ou braço fraturado, mas das tais quedas, nunca houve morte a se registrar.

Quando chegava à noite, tinha o parque, sempre a ocupar terrenos baldios, mas ainda dentro da cidade.

Desfrutávamos nós, garotos, da animação. Nos acercando de vendedores de pipoca, picolés, pirulitos, estes sempre a serem levados em pranchas de madeira, algodão-doce e a famosa garapa de cana, feita na hora.

Era muito a desejar e pouco pra se gastar.

Tínhamos rodas-gigantes, balançadores, carrosséis e canoas que faziam e ainda fazem hoje a alegria da garotada.

Assim as noites de férias seguiam, com músicas, brincadeiras, risos e gargalhadas. No fundo, o contínuo e mecânico som dos aparelhos de diversão em movimento.

Restos eternos de tempos livres e despreocupados, tempos estes que nos fazem lembrar e sempre saudar como um dia antes fizemos, os tempos de férias, todos os que vivemos, e os que ainda vamos nos permitir viver.
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(Publicado no jornal O Povo, em Forteleza-CE, em 15.07.2007)
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Figura do parque:
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Bérgson Frota, formado em Filosofia/Licenciatura pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e em Direito pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), é um prestigiado cronista ipueirense e pesquisador da história e da geografia do Ceará, especialmente da cidade de Ipueiras. É professor visitante da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e professor de Grego Clássico no Seminário da Prainha - Fortaleza.

8 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Tempo bom este né, tempo que a gente levava a vida sem pensar no amanhã. Mas tudo passa e o bom é continuar vivendo com o mesmo espírito juvenil de sempre. Valeu.

16.7.07  
Blogger Jean Kleber disse...

Disse-o bem Miltone: "continuar vivendo com o mesmo espírito juvenil de sempre". É isso!A Ipueiras de nossa infância, as imagens em nós impregnadas, são fonte de força e equilíbrio. É só chamar. Parabéns pelo agradável relato, Bérgson.

16.7.07  
Anonymous Anônimo disse...

Bérgson, trabalhos de memória que tocam nossa alma pelo sentimento e a maneira bonita que narra, são suas crônicas que nos fazem viver o que viveu tão bem narrado nelas, é como se nós estivéssemos naquele tempo. Parabéns e um grande beijo.

16.7.07  
Anonymous Anônimo disse...

Lembro-me das crôas, era cheio de mangueiras, tinha muita sombra e mangas maduras no chão, também tinha uns galhos baixos que a gente se balançava. Não sei se ainda existe mas foi bom lembrar lendo neste trabalho.

16.7.07  
Anonymous Anônimo disse...

Aí Bérgson, aqui no Rio madrugando e te encontrei neste blog, cara texto legal e apesar de um pouquinho grande não cansa. Só coisa da terra né,temos mais é que valorizar, parabéns e um abraço.

PS. Estou em Ipueiras na passagem de ano.

17.7.07  
Anonymous Anônimo disse...

Este artigo é uma bela narrativa de infância, apesar de não conhecer a cidade nem o autor, estão ambos de parabéns.

19.7.07  
Anonymous Anônimo disse...

Queria dizer que este trabalho é muito bem feito e bem escrito. Ipueiras tá toda aí, a antiga. Eta saudade daqueles tempos.

21.7.07  
Anonymous Anônimo disse...

Bergson, me vi agora nessa linda narrativa, nascido e criado nesse municipio, quantas vezes fiz algumas dessas suas narrativas, parabéns são mais que verdadeiras, como fui criado naquela parte da praça da Estação, Vila Saboia e Vamos Ver, era por lá que tomavamos banho de rio, jogavamos bola e etc...

24.8.08  

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