Suaveolens

Este blog foi criado por um cearense apaixonado por plantas medicinais e por sua terra natal. O título Suaveolens é uma homenagem a Hyptis suaveolens uma planta medicinal e cheirosa chamada Bamburral no Ceará, e Hortelã do Mato em Brasília. Consultora Técnica: VANESSA DA SILVA MATTOS

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Local: Brasília, Distrito Federal, Brazil

Cearense, nascido em Fortaleza, no Ceará. Criado em Ipueiras, no mesmo estado até os oito anos. Foi universitário de agronomia em Fortaleza e em Recife. Formou-se em Pernambuco, na Universidade Rural. Obteve o título de Mestre em Microbiologia dos Solos pelo Instituto de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. Também obteve o Mestrado e o Doutorado em Fitopatologia pela Universidade de Brasília. Atualmente é pesquisador colaborador da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

16.4.07

UM BOTÃO PARA UMA ROSA.



Por

Luiz Alpiano Viana



Acompanhei seus passos suaves, majestosos e delicadamente femininos, desde sua chegada à floricultura. Ela olhava um buquê e alinhava as pétalas carinhosamente, demonstrando profundo conhecimento do assunto. As mulheres sabem, evidentemente, que as rosas foram feitas exclusivamente para elas. Rosa não tem perfume, dizem, mas sentimos vontade de cheirá-las. Eu acho que rosa e flor são a mesma cosia, sempre muito belas, perfumadas e divinas como as mulheres. Foi Deus que as fez assim, como, tudo que existe sobre a terra. Se a rosa é flor das flores, a mulher é a estrela do céu dos homens!

Não me cansava de observar que cada mulher que entrava na floricultura, dela saía com um ar de pureza, olhos brilhantes e lábios umedecidos de sensualidade. Somente elas, e mais ninguém no mundo, têm um jeito todo especial de lidar com as flores. O homem inteligente não se arrisca em contrariar uma mulher no que ela gosta de fazer. Se o fizer, certamente corre o risco de não mais ter sua amizade. Eu mesmo não quero que isso me aconteça. Não, não quero!

No teto do prédio da floricultura viam-se desenhos que não tinham nada a ver com o produto ali comercializado: como fotografias de elefante, jaguatirica, tartaruga, pato selvagem... Bem, acho que aquela sala era usada para outra finalidade, como secretaria de meio ambiente, por exemplo.

De repente nossos olhares se cruzaram! - Por que a mulher ao perceber que está sendo observanda pelo homem, dá uma "arrumadinha" no cabelo? Ela ajeitava os cabelos como se estivesse diante de um espelho. São simplesmente encantadores seus gestos. O homem não perde nenhuma oportunidade de observá-los, mesmo que esteja acompanhado da mais linda criatura do sexo feminino. Para mim tudo que elas fazem tem um pedacinho do céu. Sua feminilidade enlouquece qualquer um, principalmente os que gostam realmente de mulher.

Seu vestido de linho e suas botas de cano longo davam-lhe um toque genuinamente clássico. Eu não tinha costume de vê-la em tão apurados trajes. Minha sensibilidade estava mais para o romantismo. Colhi de um jarro um botão vermelho, e pus-me de espreita e tocaia, esperando o momento exato para lho ofertar.

Um minuto se passava como um século. Ela não sabia que alguém a esperava num canto da floricultura. Não me estava sentindo bem, dado que um só homem no meio de tantas mulheres despertava sua aguçada curiosidade. Elas são muito inteligentes e observadoras natas. Bem dito sóis vós sozinho entre as mulheres... Penso que, pelo menos uma delas no meio de tantas que por ali circulavam, fazia essa oração.

Fiquei sem graça ao perceber que me viam com uma rosa na mão. A diva encantadora por quem tanto eu esperava, rodara todo o salão, e nas mãos trazia um pequeno ornato de rosas amarelas e roxas. E a rosa que eu lhe tinha escolhido era vermelha! Que tristeza! Tentei trocá-la e não deu tempo. Quando ela se aproximou eu lha entreguei. Ela sorriu e corou! Beijou-a tão delicadamente que eu tremia como se me desintegrasse no tempo e no espaço. Senti que suas mãos eram macias e perfumadas e ao tocarem as minhas, também tremeu, mas soube se conter.

Disse-me:
- Obrigada, muito obrigada! - pediu-me licença e saiu inteligentemente.

Por que foge de mim, por que me esquiva, pensei. Elas são hábeis fugitivas do que não lhes interessa. Está provado que elas têm um senso criativo inigualável. Por isso as admiro e quero continuar por elas apaixonado. Depois desse dia com ela nunca mais me encontrei. Dela não me esqueci. Só sei que hoje é casada, mãe dedicada, e um ser humano do mais alto nível.

O amor é lindo! Amar pode ser tudo isso que sinto. Só ama quem sabe distinguir os segredos do amor. Pode-se amar tudo nesse mundo, mas para amar de verdade um coração, tem que ter coração!

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Luiz Alpiano Viana, nascido e criado em Ipueiras, morou mais tarde em Crateús. Atualmente é funcionário aposentado do Banco do Brasil e mora da cidade de Sobradinho, no Distrito Federal.

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Parabéns!!! eu conhecia seu andar, seu falar, mas desconhecia essa alma privilegiada que habita seu corpo. Devo dizer que Teresa Mourão já havia me falado, e bem, de você. Sem duvidas devemos agradecê-la por essa oportunidade de tê-lo em nosso meio. "Bedito sois"

16.4.07  
Blogger Jean Kleber disse...

Um episódio de encantamento, sem dúvida. E bem narrado. A gente passa por isso de vez em quando. Realmente é infinito enquanto dura, parafraseando o grande Vinícius...
Parabéns, Alpiano!

16.4.07  

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